E se transformássemos pedra em papel para diminuir a desflorestação?

A Limex, uma start-up japonesa, quer solucionar três problemas: a desflorestação e o consumo excessivo de água e de petróleo. Como? Através da transformação de pedra em papel e plástico.

A ideia começou quando Nobuyoshi Yamasaki, o presidente da Limex, viajou pela Europa e viu os edifícios centenários construídos de pedra. A duração de tais edifícios foi ao encontro dos objetivos de vida do presidente da start-up. “Quero acabar a minha vida como empreendedor ao criar uma empresa que dure centenas de anos”, referiu Yamasaki à Bloomberg.

Mas vamos a números: por cada quilo de papel que é produzido são gastos cerca de 100 litros de água e 20 quilos de árvores são abatidas. Se substituir 100 cartões de visita feitos de papel pelos cartões da Limex,está a poupar cerca de dez litros de água.

Para além de usar um recurso que há com bastante abundância, o papel feito de calcário é 33 vezes mais durável e 19 vezes mais resistência à água do que o papel tradicional. Este tipo de papel é tão durável que é possível utilizá-lo para escrever debaixo de água.

Esta solução aparece numa altura em que as Nações Unidas preveem que em 2050 40% da população mundial vai sofrer por falta de acesso a água potável. Para além disto, estima-se que até 2030 a procura por papel duplique.

A start-up japonesa recebeu recentemente um investimento no valor de 8,2 milhões de euros e pretende estar no mercado de ações até 2020.

A maioria da faturação da empresa vem do fabrico de cartões de visita. Uma das maiores cadeias de restaurantes japoneses de sushi fechou recentemente um negócio com a start-up, no sentido de serem criadas ementas para mais de 400 restaurantes da Sushiro Global Holdings Ltd.

A produção está a ser feita em Miyagi, uma das regiões que foi devastada pelo terramoto de 2011. “A fábrica abriu em fevereiro de 2015, mas não tivemos cartões de visita para vender até junho do ano passado. Durante esse período estivemos a pagar por materiais, eletricidade e salários. Mas quando fizemos pela primeira vez um cartão de visita onde a tinta não desaparecia quando tocávamos, ficámos todos espantados”, disse Yamasaki.

Os objetivos da empresa passam por transformar a atual start-up numa grande empresa e gerar mais de 8 mil milhões de euros por volta de 2030. Outro dos planos passa por construir e vender mais fábricas por todas as partes do globo e, especialmente, em regiões que tenham pouco acesso a água como a Califórnia ou Marrocos.

O plástico é outro dos focos da empresa que atualmente emprega 80 pessoas. Com a produção de plástico a partir de calcário a utilização de petróleo cai 70%. Este é outros dos mercados que a japonesa Limex quer conquistar num futuro a longo prazo. Este ano, estão previstos perto de 65 milhões de euros em faturação.

Quem sabe se Portugal não poderá ser um dos países em que a empresa japonesa poderá vir a apostar, visto que em território nacional existem cinco grandes reservas deste material.

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