Como ganhar confiança dos colaboradores? Com humor positivo, diz estudo.
O humor de um líder positivo ajuda a manter os relacionamentos no local de trabalho e melhora o comportamento dos funcionários, conclui estudo da Nova SBE, que procurou analisar como os estilos de humor dos líderes impactam o ambiente corporativo em Portugal.
Líderes com um estilo positivo potenciam a confiança dos colaboradores, mantêm melhores relacionamentos e reduzem os comportamentos desviantes, ao passo que líderes com um humor negativo destroem a confiança dos colaboradores e prejdicam o desempenho das equipas. Estas são as conclusões do estudo “Humor na Liderança” – Haverá espaço para o humor nas organizações?, realizado pelo professor e investigador da Nova SBE (Nova School of Business & Economics), Pedro Neves.
Como ponto de partida para o estudo, o investigador da Nova SBE procurou analisar se os estilos de humor do líder positivo (afiliativo e que brinca consigo próprio) ajudam a criar confiança no supervisor, com consequências para o desempenho e comportamentos desviantes, enquanto previa o efeito oposto para os estilos de humor negativo (agressivo e auto-destruidor).
De acordo com o professor, o raciocínio subjacente é que o humor positivo sinaliza confiabilidade e desperta o desejo de retribuir o tratamento positivo na mesma moeda, seja melhorando o trabalho ou evitando envolver-se em comportamentos destrutivos dirigidos à organização.
Por outro lado, o humor negativo sinaliza que o líder carece de autoconfiança e não se preocupa com o bem-estar dos outros e desencadeia comportamentos desviantes, bem como desempenho inferior como resposta. Outra suposição que a equipa de investigação testou foi a ideia de que o humor pode ser mais importante – seja positiva ou negativamente – para algumas pessoas do que para outras.
“Previmos que a autoimagem dos subordinados desempenharia um papel importante nesta equação, pois tornaria alguns indivíduos mais abertos aos benefícios do humor e outros mais vulneráveis às consequências prejudiciais de um mau uso do humor. Examinámos por isso as autoavaliações centrais, isto é, se os indivíduos têm níveis mais elevados de autoestima e autoeficácia, níveis mais baixos de neuroticismo e um locus interno de controlo, como um reflexo dessa auto-imagem positiva”, explica Pedro Neves.
“Os resultados da investigação apoiaram amplamente as hipóteses iniciais, demonstrando que o humor positivo está positivamente relacionado com a confiança no supervisor, sendo esses efeitos mais fortes para subordinados com uma visão negativa de si mesmos, com consequências positivas para o desempenho individual e para a redução de comportamentos desviantes. Já o humor negativo reduz a confiança no supervisor, independentemente da opinião do subordinado, diminuindo assim o desempenho individual e estando associado a mais comportamentos desviantes”, frisa a Nova SBE em comunicado.
Pedro Neves reitera que “o humor do líder positivo ajudará a manter os relacionamentos no local de trabalho e melhora o comportamento dos funcionários, especialmente para indivíduos vulneráveis. Por outro lado é notório que o humor do líder pode ‘sair pela culatra’ se for mal usado. Os estilos de humor do líder negativo são prejudiciais, por isso não se trata de ‘usar o humor a todo custo’, mas sim de usá-lo de maneira adequada e ajustada ao contexto”.
Isso significa que as organizações não devem apenas tolerar o humor, mas treinar efetivamente seus membros – especialmente líderes (em potencial) – para compreender as diferenças entre os estilos de humor e aproveitar os benefícios do humor positivo. É claro que esse treino só funciona se a cultura da organização também sinalizar que há lugar para o humor, conclui o investigador.
Para a condução do estudo, foi utilizada uma amostra de 514 indivíduos empregados e respetivos supervisores de 19 organizações que operam em diversos setores em Portugal.








