Fleximedical, a start-up brasileira que transforma camiões em hospitais sobre rodas
Criada em 2005 por Iseli Reis, a Fleximedical oferece soluções hospitalares em camiões, autocarros e contentores, nomeadamente aos habitantes das regiões brasileiras com falta de infraestruturas de saúde. Depois da pandemia viu o seu negócio crescer em 130%.
A Fleximedical é uma empresa brasileira que transforma camiões, autocarros e contentores em hospitais ambulantes com centro de diagnóstico, de forma a levar o atendimento médico a regiões com falta de infraestruturas de saúde. Em 2021 faturou 10 milhões de reais (cerca de 1,9 milhões de euros), mas este ano a previsão é a de chegar aos 13 milhões (aproximadamente 12 milhões de euros).
Os seus serviços são contratados principalmente pelos órgãos do governo brasileiro e empresas que prestam serviço para o SUS (Sistema Único de Saúde) do Brasil. “O Brasil tem dimensões continentais e mais de 40% da estrutura de saúde do país está no sudeste. Nas outras regiões, há uma falta de acesso gigantesca”, explica Iseli Reis, fundadora e CEO da Fleximedical, à Exame Brasil.
O negócio foi criado em 2005. Reis esteve muitos anos ligada à gestão hospitalar, até que o seu primo Roberto Kikawa – médico e criador das Carretas da Saúde – a desafiou para lançar a Fleximedical. Reis ficou responsável por coordenar a adaptação dos veículos, enquanto Kikawa geria a parte estratégica do negócio.
A Fleximedical já tinha atendido 2 milhões de pessoas quando Kikawa morreu num assalto em 2018. “[Na altura] Eu era gestora operacional e deparei-me com esta situação. Ouvi muitas pessoas a dizer que eu não conseguiria manter o negócio, mas pensei: ‘não posso parar’”, conta a arquiteta de formação.
Reis acabou por assumir a gestão da empresa. Em 2018 a Fleximedical apresenta-se ao mercado como uma healthtech, reunindo toda a experiência que adquiriu no desenvolvimento de unidades móveis e reforçando a sua área de atuação para continuar a democratizar o acesso à saúde.
No ano de 2020 foi selecionada para o principal evento tecnológico das Américas que serve de catalisador para investimentos, o eMerge Américas, e venceu o Prémio Empreendedor Social do Ano contra a Covid-19. Hoje conta com 70 veículos adaptados e já atendeu mais de 3 milhões de pessoas.
Negócio cresce à boleia da Covid-19
O aumento da procura pelos serviços da Fleximedical ocorreu com o surgimento da pandemia – entre 2019 e 2020 a empresa cresceu 130%. “Foi o grande momento de cumprirmos o nosso propósito. Faltava UTI [Unidades de Cuidados Intensivos], faltavam infraestruturas de saúde e comprometemo-nos a chegar no maior número de pessoas possível. As estruturas da Fleximedical atenderam quase 100 mil pessoas no contexto da pandemia”, conta Reis.
Para este ano, uma das principais apostas são as cabines que permitem o atendimento dos cidadãos via telemedicina. A empresa prende ampliar as possibilidades da telemedicina, com cabines equipadas para medir a pressão arterial, temperatura, gordura corporal e até fazer eletrocardiogramas aos pacientes.
“Com estas cabines, podemos levar médicos do sudeste para regiões sem acesso à saúde, usando a tecnologia”, revela a empreendedora.
Outro dos objetivos da Fleximedical é chegar às regiões brasileiras onde ainda não está presente, como Roraima, Rondônia, Acre, Piauí e Maranhão, e expandir-se para para outros países.








