Opinião

Empresas da região Centro contribuíram para um volume de negócios de 42 M€

José Matos Rodrigues, diretor Geral do CEC/CCIC

Na RIERC estão incubadas cerca de 200 empresas, que abrangem áreas como as tecnologias de informação, turismo, agricultura, retalho, cultura, criatividade, entre outras, avançou José Matos Rodrigues, diretor geral da associação que lidera a rede de incubadoras de empresas da região Centro.

As 16 incubadoras da região Centro que formam a RIERC – Rede de Incubadoras de Empresas da Região Centro querem ajudar os empreendedores a desenvolverem os seus projetos, desde a valorização da ideia até à concretização de negócios, através do SPIN+.

O SPIN+, cofinanciado pelo Programa Operacional da Região Centro (CENTRO 2020) e que tem a IPN-incubadora como copromotora, teve início no passado dia 10 de março e terá a duração de seis meses, 14 sessões de trabalho de sete horas cada, que irão incluir temas e atividades distintas, com vista a ajudar as equipas a desenvolverem a sua ideia de negócio.

O Link To Leaders falou com José Matos Rodrigues, diretor geral do CEC – Conselho Empresarial do Centro/CCIC – Câmara de Comércio e Indústria do Centro que lidera a RIERC, para saber mais sobre este programa de aceleração e sobre a estratégia para contribuir para a afirmação da região Centro como um polo de incubação no país.

Quantas start-ups estão a ser incubadas na região centro e quais as áreas dominantes?
Enquanto Rede de Incubadoras de Empresas, o principal objetivo estratégico da RIERC passa por acelerar dinâmicas de inovação, criação de empresas e geração de emprego, numa lógica de dinamização de espaços qualificados de promoção do empreendedorismo e acolhimento empresarial, como ferramentas importantes para o desenvolvimento e reforço da economia da Região Centro. Atualmente a rede é constituída por 16 incubadoras, encontrando-se em fase de validação a adesão de duas novas incubadoras. Os últimos dados recolhidos indicam que estão incubadas cerca de 200 empresas na RIERC, que abrangem as diversas áreas, desde as tecnologias de informação, turismo, agricultura, retalho, cultura, criatividade, entre outras.

Apenas nacionais ou também estrangeiras?
Atualmente a RIERC tem apenas incubadas nacionais.

Qual a modalidade de incubação mais procurada e em que fase de aceleração estão estas empresas?
Os últimos dados recolhidos indicam que, no ecossistema RIERC, a incubação física é a modalidade mais procurada pelos empreendedores, correspondendo a cerca de 94% das empresas incubadas na rede.

Qual o montante angariado pelas start-ups incubadas?
Aquando da constituição da Rede de Incubadoras de Empresas da Região Centro-RIERC, em 2007, faziam parte integrante 11 incubadoras. Atualmente contamos com 16, um número que está em constante evolução. Os dados mais recentes que dispomos são referentes ao final de 2012 e dizem respeito às 11 incubadoras que, à data, faziam parte da RIERC e das quais as 140 empresas contribuíram para um volume de negócios de 42 milhões de euros – 16% foi destinado ao mercado externo.

Em termos de emprego gerado e de ciclo de vida das start-ups, qual o impacto efetivo na região?
Tem-se dado cada vez mais atenção ao papel que o empreendedorismo desempenha no crescimento económico do país, e nós entendemos que a primeira contribuição da formação de start-ups é, naturalmente, o número de empregos diretamente criados pelas novas empresas que entram no mercado, crescem e com isto geram melhorias significativas na competitividade do país e da região, contribuindo para esse crescimento económico. Segundo dados referentes a 2012, face ao universo que constituía a RIERC na altura, as 140 empresas incubadas criaram 986 postos de trabalho diretos e 64 indiretos, o que se traduz num resultado muito positivo para a região.

Lançaram o programa SPIN+. Qual o foco de atuação e a quem se destina?
O SPIN+ é um programa de aceleração focado no desenho e validação de modelos de negócio que valorizem o conhecimento de base tecnológico e a sua orientação para o mercado, estimula a criatividade, minimiza o risco de apostas em projetos não sustentáveis, levando os empreendedores a testarem os seus produtos / serviços junto de potenciais clientes, obtendo o feedback necessário para melhorarem a sua proposta de valor e a aplicarem abordagens lean na criação das suas empresas. O SPIN+ destina-se a empresas incubadas que queiram lançar uma nova unidade de negócio, novos empreendedores que queiram fazer chegar ao mercado a sua ideia e empreendedores integrados nas estruturas de empresas já existentes, com vista à criação de spin-offs.

Como funciona o SPIN+?
O SPIN+ apresenta uma combinação inovadora de metodologias com provas dadas em programas de empreendedorismo, com metodologias de estímulo à criatividade focados na partilha de conhecimento de forma estruturada, que levam os empreendedores a desenvolver as suas competências pessoais em ambiente empresarial e a explorar ideias e novos modelos de negócios, validando a viabilidade dos mesmos. O programa terá a duração de seis meses e encontra-se estruturado em 14 sessões de trabalho, de 7 horas cada, que irão abranger temas e atividades distintos, ajudando as equipas a desenvolver a sua ideia de negócios, desde a valorização da ideia até à primeira venda.

Que áreas de negócio pretendem captar?
Com o SPIN+ procuramos, fundamentalmente, apoiar empreendedores e projetos com elevado potencial e com grande capacidade de crescimento, apostando-se por isso em produtos e serviços inovadores, de preferência de base tecnológica, de forte intensidade em conhecimento, ou em projetos das áreas culturais e criativas.

Qual o apoio que este programa faculta aos empreendedores?
Os empreendedores selecionados para o SPIN+, além de terem a oportunidade de participar ao longo de seis meses em sessões de trabalho que irão abranger temas e atividades distintos que irão ajudar a desenvolver a sua ideia de negócio, serão ainda, de forma a potenciar o progresso do projeto e a sua aceleração para o mercado, acompanhados não só pelos técnicos das incubadoras da rede, mas também por empresários de referência do mercado, que assumirão o papel de mentores. Além das vertentes de capacitação e de mentoring, o SPIN+ possibilita a todos os projetos acelerados o financiamento total ou parcial dos seus protótipos e estudos de mercado. Aos 10 melhores projetos será ainda atribuído um prémio no valor de 5 mil euros.

Porque deve uma start-up escolher a região centro para incubar a sua ideia?
Os empreendedores têm normalmente poucos recursos e um tempo muito limitado. Precisam de se focar no core do seu negócio e estarem integrados num ambiente propício ao crescimento da sua start-up. É nesta fase que RIERC assume um importante papel. A RIERC acompanha o desenvolvimento dos negócios no período em que estes estão em desenvolvimento e ajudam a crescer, prestando serviços de aconselhamento e mentoring, um espaço físico onde podem desenvolver-se, uma rede de contactos e um ecossistema empreendedor decisivo na concretização da ideia de negócio.  Além disso, providencia o acesso a uma rede de mentores, organiza eventos de networking e aprendizagem entre investidores e empreendedores, promove o contacto regular das empresas incubadas com parceiros e potenciais clientes, em eventos constantes em que todas as start-ups participam, de forma a desenvolverem a sua própria rede. Acolhe empresas em várias fases de desenvolvimento e a partilha que resulta desta convivência é o elemento diferenciador. Para além da importância da RIERC, como rede de Incubadoras, existem um conjunto de fatores competitivos no apoio ao Investimento Empresarial, focado nas regiões de baixa densidade que majora apoios/subsídios ao Investimento, através do Portugal 2020 e Centro 2020.

Por onde tem de passar o futuro de Portugal para se afirmar internacionalmente como um pólo de incubação de start-ups?
Portugal tem um grande valor que já é internacionalmente reconhecido. A estratégia seguida na captação de eventos como o Web Summit é um fator potenciador de captação de novas start-ups no médio e longo prazo e na fixação de empresas nas áreas tecnológicas, para as quais a Região Centro é diferenciadora.  Sobre esta temática, a RIERC tem uma estratégia definida para contribuir para esta afirmação e que contempla várias ideias como, por exemplo, a criação de um modelo de cooperação real entre as incubadoras da RIERC; centrar o objetivo da rede de incubadoras na criação de condições ótimas para o empreendedor; criar soluções que possam permitir a alavancagem inicial dos projetos; desenvolver e disseminar metodologias inovadoras e facilitadoras de uma cultura favorável ao empreendedorismo; facilitar e promover a cooperação nacional e internacional entre incubadoras, instituições de inovação, centros de saber e outras redes de incubação e empreendedorismo, alavancando a sua projeção e capacidade de atração de pessoas e investimento, e identificar pontos de convergência e estimular a cooperação entre as empresas incubadas. Esta é a nossa estratégia para contribuir para afirmar a região centro como um polo de incubação no país, adaptada a uma realidade mais ampla e de contexto nacional, pois acreditamos que tem de passar também por aqui a estratégia do país.

Que dicas partilha com as start-ups que estão hoje nos seus primeiros dias de vida?
Primeiro que tudo, observar a realidade à volta. Os produtos ou serviços oferecidos pela start-ups precisam de estar em consonância com a realidade dos consumidores ou empresas. Estar sempre atento ao que estes precisam, quais são os problemas que estão a enfrentar e como a sua ideia de negócio poderá suprir as suas necessidades. Se necessário, alterar ou ajustar a ideia original e oferecer algo adequado à realidade. Outra questão importante é manter o foco na captação de clientes. Muitos empreendedores focam-se apenas em encontrar investidores, mas, mais importante do que isso, é captar clientes que comprem o produto ou serviço oferecido. Ao conquistar clientes, a start-up acaba demonstrando que seu modelo de negócio é bastante promissor, e isto vai despertar, certamente, a atenção dos investidores.

Aceitar as mudanças é outro dos aspetos a ter em conta. Qualquer empresa está sujeita a mudanças, sejam elas boas ou não, por isso, é importante que o empreendedor seja resiliente e saiba aceitar novas situações. Principalmente no início da jornada, é importante saber aceitar e adaptar-se às mudanças, e isto é fundamental para a start-up continuar a atuar no mercado. Por fim, mas não menos importante, capacitarem-se, como forma de evitar a mortalidade precoce, e estarem preparados para resistir a uma concorrência que é cada vez mais global.

Respostas rápidas:
O maior risco: Resistência à Mudança!
O maior erro: Tentarmos transformar um empreendedor num gestor! Perdemos o primeiro e não conseguimos construir o segundo.
A melhor ideia: A que nasce de uma equipa coesa, multidisciplinar, competente e criativa capaz de ter uma proposta de valor bem definida, que conquiste o mercado.
A maior lição: Harmonizar o Racional com o emocional.
A maior conquista: Criar Valor!

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