Há uma nova ferramenta para combater a violência e o assédio nas empresas
O Previo foi desenvolvido ao longo de mais de dois anos pela consultora espanhola ASECORP, em colaboração com a Faculdade de Psicologia e o IDLab da Universidade de Barcelona. Este sistema de diagnóstico reforça a prevenção de cinco tipos de violência no trabalho e melhora o bem-estar, a produtividade e a reputação organizacional.
A ASECORP, empresa espanhola especialista no cumprimento da regulamentação HSE (Health, Safety, Environment) e na gestão estratégica do fator humano, lançou o Previo, um novo serviço de diagnóstico e prevenção da violência laboral interna. Este projeto, desenvolvido em colaboração com a Faculdade de Psicologia e o IDLab da Universidade de Barcelona (UB), pretende oferecer às empresas e organizações uma ferramenta eficaz para identificar, avaliar e mitigar riscos de incidentes violentos no ambiente de trabalho.
De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), apenas 3 em cada 10 pessoas que sofrem violência laboral apresentam queixa. Segundo estudos recentes de organizações internacionais, académicas e sindicais, existe uma elevada “percentagem oculta” de violência no trabalho, que poderá situar-se entre os 60% e os 90%, com consequências devastadoras para a saúde das vítimas e para a reputação das empresas que não atuam.
“A prevenção é a ferramenta mais poderosa”, afirma Albert Rimbau, consultor da ASECORP CMD e responsável pelo projeto. “Atuar apenas quando o problema já é irreversível tem um custo humano e económico imenso. O nosso sistema permite às empresas identificar riscos de incidentes violentos a curto ou médio prazo, agir de forma antecipada e demonstrar o seu compromisso com um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos”, explica.
Na Europa, 36,9% dos trabalhadores afirmam ter sido alvo de insultos, ameaças ou assédio psicológico, e, a nível mundial, 23% dos colaboradores referem ter sofrido algum tipo de violência no trabalho, segundo um inquérito da OIT e da consultora Gallup. Em Espanha, a percentagem é de 15%, de acordo com dados da CCOO, embora exista uma elevada subnotificação. O medo de represálias ou de danos reputacionais (45%) e a falta de protocolos claros (43%) são as principais razões para não denunciar.
As vítimas podem desenvolver depressão, stress laboral crónico e dores músculo-esqueléticas, o que representa perdas significativas em baixas médicas, rotatividade de pessoal e processos judiciais, sem contar o dano incalculável à reputação e ao clima organizacional.
“Estes números justificam a criação de uma ferramenta como o Previo, que, apoiada num vasto estudo científico e na experiência da ASECORP em diversos contextos organizacionais, vai além dos métodos tradicionais”, afirma a ASECORP.
O projeto, que contou com a coordenação do professor catedrático de Psicologia da Universidade de Barcelona, Antonio Andrés Pueyo, envolvido em iniciativas de prevenção da violência como o SARA (instrumento de avaliação do risco de violência de género) e o VioGén (sistema de monitorização de casos de violência de género do Ministério do Interior espanhol), baseou-se numa revisão da literatura científica internacional, tendo analisado 482 estudos publicados nos últimos onze anos, para identificar os fatores preditivos mais relevantes da violência laboral.
A partir dessa base, realizou-se um inquérito a 220 profissionais das áreas empresarial e académica, que ajudaram a definir os 16 fatores de risco utilizados para estimar a probabilidade de incidentes violentos. Posteriormente, 70 especialistas em psicologia organizacional e psicometria contribuíram para a definição dos 8 domínios de análise e dos 49 a 56 indicadores que compõem a checklist de diagnóstico.
Com base na análise destes fatores e indicadores, a ferramenta oferece um diagnóstico detalhado da violência laboral interna em empresas de qualquer setor. A avaliação é realizada através da recolha de evidências documentais, observação direta e inquéritos aleatórios e anónimos, garantindo um processo discreto e não intrusivo.
O método abrange cinco tipos de violência laboral interna: Interpessoal, que inclui agressões físicas ou verbais entre indivíduos; Psicológica, expressa em ações repetidas e persistentes que visam marginalizar, humilhar ou desestabilizar; Sexual, referente a condutas de natureza sexual ou baseadas no sexo; Discriminatória, que engloba agressões ou danos baseados em raça, género, idade, capacidades ou religião; (Quase) letal – ameaças, envolvendo risco de morte ou de danos graves.








