Quatro áreas a investir para uma economia mais verde

Consolidar contratos com fornecedores, rever a pegada digital e adotar tecnologias mais limpas são algumas das estratégias partilhadas pela consultora ERA Group para uma economia mais resiliente e sustentável.

Num contexto em que a sustentabilidade assume um peso cada vez mais determinante nas decisões estratégicas a nível europeu, apenas 58% das empresas portuguesas dispõem de uma estratégia ESG formal, segundo o Barómetro Internacional ESG 2025 da consultora Ayming. Este dado revela uma lacuna preocupante: muitas organizações nacionais arriscam perder competitividade num mercado global onde investidores, reguladores e consumidores valorizam cada vez mais práticas responsáveis, transparentes e sustentáveis.

À medida que a economia enfrenta os impactos combinados da instabilidade geopolítica, da pressão regulatória e da aceleração digital, o investimento em soluções sustentáveis torna-se crucial para um país mais resiliente, autónomo e preparado para o futuro.

“A sustentabilidade deixou de ser apenas uma questão de reputação ou de cumprimento regulatório. Hoje, está profundamente interligada à eficiência operacional, à inovação e à capacidade de o tecido empresarial responder à crescente volatilidade dos mercados. Ao otimizar custos e processos de forma estratégica, é possível gerar valor económico e ambiental em simultâneo. É precisamente esse compromisso que assumimos todos os dias com os nossos clientes”, afirma Gonçalo Boléo Tomé, partner da ERA Group.  

Neste contexto, a ERA Group, consultora especializada na otimização de processos e custos, identifica quatro áreas prioritárias de intervenção que ajudam a reconciliar a responsabilidade ambiental com a rentabilidade operacional.

1. Rever os custos “não core” com um olhar estratégico

Os custos operacionais indiretos, tais como contratos de energia, serviços logísticos ou manutenção, representam frequentemente uma fatia significativa dos gastos empresariais, mas tendem a escapar a análises mais estruturadas. Auditar e renegociar estas áreas permite libertar recursos que podem ser realocados em inovação, digitalização e transição energética. As empresas que priorizam uma revisão de contratos regular conseguem reduzir entre 12% e 18% dos seus custos operacionais, sem comprometer a qualidade ou continuidade dos serviços.

2. Consolidar fornecedores de forma inteligente

A diversificação da base de fornecimento tem sido uma resposta natural à instabilidade global. No entanto, em determinados segmentos, a consolidação inteligente de fornecedores pode traduzir-se numa vantagem competitiva, possibilitando maior rastreabilidade, transparência e um alinhamento mais eficaz com as metas ESG. Ao centralizar contratos com parceiros que têm preocupações ambientais, as empresas conseguem mitigar inúmeros riscos associados à disrupção do fornecimento, incumprimento regulatório e até mesmo reputação e credibilidade.

3. Integrar critérios de sustentabilidade no procurement

As decisões de compras têm um impacto direto na pegada ambiental e social das empresas. Por isso, a integração de critérios de sustentabilidade nos processos de procurement é essencial para responder a uma exigência crescente do mercado. A consideração do ciclo de vida dos produtos, o recurso a materiais recicláveis e a avaliação do desempenho ambiental dos fornecedores são algumas das práticas que permitem assegurar que, para além de uma preocupação com a rentabilidade imediata, as empresas incorporam a sustentabilidade de forma transversal e estratégica nas suas operações.

4. Reduzir a pegada digital e o consumo energético

A digitalização traz ganhos significativos em termos de eficiência operacional, mas pode também representar uma fonte relevante de aumento no consumo energético, sobretudo em setores fortemente dependentes de data centers, redes de sensores e automação industrial. Torna-se, por isso, essencial que as empresas realizem uma avaliação criteriosa da sua pegada digital, adotem tecnologias mais eficientes do ponto de vista energético e avancem para modelos de produção sustentada com base em fontes renováveis. A transição para energias mais limpas em alguns setores, combinando opções de produção local para autoconsumo, pode traduzir-se em poupanças médias de até 15% no consumo energético, reforçando não só a sustentabilidade, mas também a competitividade a longo prazo.

 

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