Como Yago Arbeloa deu uma volta ao negócio da publicidade em Espanha
Yago Arbeloa prefere que o chamem empresário em vez de empreendedor. O seu último projeto – a empresa Hello Media – mostra que a publicidade é um setor com futuro para a criação de novas empresas e negócios diferentes.
Impressão 3D, fintech, insurtech, videojogos, biotecnologia, negócios para seniores, big data, ecologia, qualidade de vida… Há muitos setores com futuro, nos quais os criadores de empresas se aventuram para lançar novos projetos.
A poucos poderia ocorrer que o da publicidade – um setor ligado a conceitos de negócio muito tradicionais, em plena mudança e com um alto grau de complexidade – poderia ser um campo aconselhado para criar uma nova empresa competitiva e diferente. No entanto, o espanhol Yago Arbeloa apostou nele, convencido de que precisamente “é nessa complexidade que está uma oportunidade muita clara”.
Este empresário e investidor começou a criar empresas aos 20 anos, quando estudava Engenharia. Os seus primeiros projetos foram alguns portais de lazer dirigidos ao público jovem, com um modelo de negócio baseado em obter receitas por publicidade em função do tráfego, avança o Expansión.
En 2002, fundou a Sync para oferecer serviços tradicionais de hosting, desenvolvimento e suporte web, planos de marketing e estratégias de posicionamento para empresas que queriam ter presença neste meio. Em 2011, vendeu a Sync ao grupo Arsys.
Arbeloa também participou no lançamento de diversas start-ups, como a Zync.es, Voila.tv, RLX.com, ou Twync.es, que, na sua maioria, tinham o denominador comum de facilitar a comunicação entre clientes e empresas. A Zync.es nasceu como um ponto de encontro entre bloguers e anunciantes, para desenvolver estratégias de marketing viral. E a Twync.es foi a primeira plataforma de tweets patrocinados em espanhol.
Além de empreendedor em série, Arbeloa é presidente da Associação de Investidores e Empreendedores da Internet (AIEI) e desenvolve uma atividade paralela como business angel que o leva a apoiar entre 25 a 30 investimentos. Sem esquecer o seu papel como mentor na aceleradora de projetos tecnológicos Seedrocket.com.
O negócio da Hello Media
Na atualidade, Yago Arbeloa deu uma volta completa ao negócio da publicidade com a Hello Media, uma empresa fundada em 2012, que, no início, integrava cinco PMEs especializadas.
Agora são oito empresas, que formam um grupo que compete com as grandes multinacionais do setor em Espanha e que passou de uma faturação de 310 mil euros em 2013 para 20,5 milhões em 2016. Começou com 12 funcionários e atualmente conta com 85.
A última grande empresa que confiou na Hello Media foi a Fnac España, que escolheu a empresa de Arbeloa como agência de meios para se encarregar, a partir de agora, da gestão da publicidade em Espanha, assim como da estratégia de meios digitais e convencionais.
O fundador da Hello Media explica que “adquirir empresas especializadas serviu para oferecer uma oferta completa de serviços e alcançar maior profundidade. A ideia é controlar toda a cadeia de valor, sendo transversais e especialistas, ao oferecer um serviço integral e uma flexibilidade que permite mexer os pressupostos, em função das necessidades concretas dos clientes. Saber gerir os atuais e os potenciais é essencial, porque o cliente é infiel e gerir uma marca torna-se complicado. Hoje a concorrência é global: onde antes estava só o El Corte Inglés, agora há uma Amazon”.
No que se refere ao futuro da publicidade, Yago Arbeloa desenha um cenário fragmentado, mas integrado, no qual a Internet ganha peso, os meios massivos continuam a ser relevantes e onde é necessário criar um fio condutor.
Um laboratório de novas profissões
A complexidade do negócio publicitário (e as oportunidades que este oferece), a obrigação de ser diferente e as mudanças vertiginosas no setor e nas necessidades dos clientes levam a cair num estado de mudança constante. E a exigir novos profissionais para cobrir postos inéditos. O setor da publicidade e empresas como a Hello Media tornam-se assim num verdadeiro laboratório de novas profissões, para as quais a universidade ou os masters não têm resposta.
Muitas destas profissões que aparecem hoje, estarão obsoletas em poucos meses ou anos, mas é indispensável contar com a flexibilidade necessária para as entender, as adotar e adequar aos candidatos necessários. Yago Arbeloa acredita que a atitude é “ter fome constante de aprender, ou ficas fora do mercado”.
O fundador da Hello Media refere-se a alguns perfis que são exigidos pela própria atividade de um negócio em mudança: desde os especialistas em SEM (Search Engine Marketing) até aos que conhecem perfeitamente o funcionamento do Facebook Adds, passando pelos profissionais que dominam as estratégias de posicionamento em motores de busca ou os que manejam na perfeição a analítica e o CRO, que se refere à otimização dos processos de conversão de um cliente. A tudo isto Arbeloa acrescenta as necessidades de profissionais que saibam de ‘marketing automation’.
Trata-se de algo muito mais complexo do que a simples personalização. Hoje são valorizados os especialistas no software que permite chegar à pessoa adequada, com a mensagem concreta, no momento oportuno. Gerando mensagens diferentes para pessoas diferentes e sendo capaz de mudar a mensagem e variar a oferta, as empresas podem aumentar as suas vendas em 12% e reduzir os custos de captação em 30%.
O que procura um investidor como Yago Arbeloa?
Estes são os princípios que levam Yago Arbeloa a confiar como ‘business angel’ num projeto e a investir nele.
- Deve existir uma equipa completa, formada a 95%. Mais do que por setores onde investir, o fundador da Hello Media fixa-se nas pessoas que estão por trás de uma ideia ou de uma ‘start-up’, para confiar nela.
- O produto que oferece a nova empresa tem de estar no mercado.
- O modelo de negócio deve mostrar receitas, e se for possível, um crescimento mensal.
- Deve ter uma valorização razoável que não ultrapasse os 3 milhões de euros.
- “A oportunidade radica precisamente na complexidade do setor publicitário”
O fundador da Hello Media não é partidário de que o identifiquem como ‘empreendedor’ e ainda menos de usar a palavra start-up: “Tenho uma empresa e sou empresário. O outro conceito tem conotações românticas, mas eu não concebo a minha atividade com esses conceitos”.
Yago Arbeloa critica a moda de “fabricar” empreendedores que provocou uma bolha do empreendedorismo. Recorda que “nem todos servem para ser empreendedores e seguramente que o mercado procura outras profissões. Há pessoas muito boas e válidas que não pertencem à categoria dos empreendedores, mas que são de grande utilidade para os criadores de empresas”.
Também não é muito fã das rondas de investimento, pelo que : afirma que “quando metes um investidor na tua casa é porque provavelmente fizeste algo mal, por isso não gosto demasiado das notícias sobre rondas de investimento”. E acrescenta que “a exposição tem um preço. Sair na fotografia sem ter uma iniciativa que esteja bem montada e consolidada, passa fatura”.
Na sua opinião, hoje em dia em Espanha há dinheiro para investir em bons projetos, “mas ao conceder ajudas públicas, estas deveriam ser geridas por investidores profissionais. Não convém forçar as coisas. Brindar ajudas para que as pessoas montem algo, quando, na realidade, não sabe o que fazer, é um fator que provoca a bolha do empreendedorismo”.