Web Summit 2022: as talks que não deve perder durante a cimeira tecnológica
Começa hoje uma edição do Web Summit, prometendo muitas sessões, palestras e workshops. O Link To Leaders falou com empreendedores do ecossistema da inovação português sobre as sessões que não deve perder. Conheça as suas escolhas.
Em pouco mais de uma década, o Web Summit tornou-se num dos maiores eventos de tecnologia do mundo, fazendo a ligação entre a geração futura e as ideias que estão a mudar o mundo. E é já a partir de hoje que tem início mais uma edição do Web Summit que até sexta-feira irá pôr o radar tecnológico mundial sobre Lisboa e sobre Portugal.
Estarão presentes mais de 70 mil participantes, 2 300 start-ups, 300 empresas expositoras, 1120 investidores, mais de 900 oradores, mais de 2500 jornalistas. Todos têm um interesse comum: falar do futuro e de como a tecnologia o irá definir.
Muito irá acontecer durante esta semana. O evento deste ano é composto por 26 palcos com algumas novidades como o palco Influencer, o palco Crypto (um regresso), o palco Verified, o palco Book Summit e o palco Security Summit. Em conjunto com os restantes 21 palcos, são o reflexo dos temas que estão a moldar o futuro da nossa sociedade e do nosso planeta. Iremos ouvir falar de Sustentabilidade, Inteligência Artificial, Robótica, Desporto, Moda, Musica, Finanças, Software, Marketing e muitos outros temas.
Com tantas start-ups, empresas, palcos, temas e oradores fantásticos, torna-se difícil escolher o que não queremos perder. Falámos com Vasco Pedro, CEO e cofundador da Unbabel, Jim Franzen, Chief Marketing Officer da Didimo¸ Miguel Queimado, Fundador da Unlimit (Acredita Portugal), e Catarina Campino, Head of Detail e Head of Coolture da Academia de Código, sobre as talks que não deve perder na edição deste ano da Web Summit. Conheça as suas escolhas.
Vasco Pedro, Unbabel
“Para dizer a verdade, é difícil selecionar só três talks de um leque tão vasto de oradores. Claro que do ponto de vista da Unbabel torna-se um pouco mais fácil fazer esta distinção.
O primeiro painel que captou a minha atenção foi sobre o potencial da inteligência artificial de alavancar a confiança dos consumidores: “How brands can spark thoughtful conversations using AI”. Como a plataforma de tradução da Unbabel tem a capacidade de criar confiança através da tradução maximizada pela inteligência artificial, este para mim é uma discussão imperdível.
Os próximos dois momentos interligam-se pelo interesse que a Unbabel tem no desenvolvimento de inteligência artificial (IA) responsável, algo que trabalhamos através do nosso consórcio. Começando pela procura por regulação em IA, abordada em “How to regulate AI”, este é um objetivo enorme do nosso trabalho, queremos posicionar Portugal neste sentido. Tenho sempre um ouvido aberto para descobrir o que outros players no setor têm a dizer sobre o tema, para que possamos melhorar as nossas iniciativas. O terceiro alinha-se com os produtos que queremos desenvolver através deste consórcio, nomeadamente no setor da saúde, ao criar aqui uma ligação entre startups e empresas mais tradicionais. Algo que será abordado em “Driving startup and healthcare provider collaboration””.
Jim Franzen, Didimo
“Numa agenda de quatro dias cheia de oradores inspiradores, é um desafio escolher apenas três painéis. Mas aqui está uma tentativa:
No dia dois de novembro, queremos definitivamente ver: “Gearing up for the enterprise Metaverse”, que tem como foco qual será o impacto do metaverso nas empresas e nos fluxos de receitas. É uma discussão crítica, especialmente para as organizações que procuram aprender e alavancar novas formas de conectar com os clientes.
No segundo dia, “The future of AI image generation is the creator” promete uma grande sessão, o CEO da Picsart apresentará o tópico da geração de imagem através da inteligência artificial e quais serão as implicações desta tendência no design e na representação humana. Existe um longo debate sobre isto neste momento, pelo que será ótimo aprender mais e fazer parte de uma grande discussão sobre o tema. Claro que, da perspetiva da Didimo, que está a desenvolver tecnologia para gerar seres humanos digitais fiéis à realidade, este tópico é extremamente relevante.
Finalmente, estou ansioso por “The future of immersive virtual experiences” no dia três de Novembro. Com a participação do Dolby.io e do PubNub, esta sessão detalha como a tecnologia está a criar ambientes 3D cada vez mais fiéis à realidade. Esta tecnologia está a avançar rapidamente e demonstra um potencial enorme. Estamos entusiasmados por ver os mundos e experiências que os humanos digitais poderão habitar através destas novas abordagens.
A Web Summit é um evento enorme com inúmeras apresentações incríveis. Mal posso esperar para ver e aprender juntamente com algumas das mentes mais brilhantes, pioneiras das tecnologias que nos permitirão criar uma conexão mais pessoal e tornar as experiências digitais mais imersivas.
Miguel Queimado, Unlimit (Acredita Portugal)
“Apesar de ser uma tarefa desafiante, destaco três momentos-chave:
Primeiro, porque é um exemplo de um bom empreendedor português, a intervenção do Vasco Pedro, CEO e coundador da Unbabel: “The Great Resignation or the Great Regret?”. Neste painel, o CEO pretende discutir as dificuldades sentidas por muitos recrutadores ao nível mundial de captar talento no setor tecnológico. Alguém com a experiência que o Vasco tem consegue, com certeza, ter insights fundamentais para recrutadores que queiram reforçar a sua equipa de IT durante o fenómeno da Great Resignation.
Segundo, “Future trends: building the next unicorn in the current market”. Isto porque, temos visto um aumento substancial do número de unicórnios globalmente – possivelmente devido à crescente aceleração no desenvolvimento de novas tecnologias que pretendem ter um impacto positivo no mundo.
Em terceiro lugar, quero destacar um dos temas que está a liderar a cimeira este ano: a sustentabilidade.“Energy in Europe: What ‘s next?” devido à participação do CEO da Galp. Este tema tem dominado a agenda mediática na Europa”.
Catarina Campino, Academia de Código
“A meu ver, nesta edição do Web Summit e no que toca aos temas estruturantes dos processos reflexivos que ali se espera virem a ter lugar, julgo que iremos testemunhar duas linhas fortes muito distintas:
Se, por um lado, se assistirá ao regresso de alguns “clientes habituais“ que apesar de já terem sido abordados em edições anteriores continuam insistentemente na categoria de “To dos” para quem opera nesta área (que são sem dúvida os casos do combo clássico diversidade/paridade/inclusão, bem como da ideia de
“Tech for good” ou de “For Profit but with a purpose”, por outro, sente-se a passagem ao palco central de temas que antes eram considerados “de nicho”, mas que agora se apresentam como incontornáveis quer para os peritos da área quer para o cidadão comum: São exemplos disso a cibersegurança, a privacidade de dados vs a necessidade corporativa de monetização dos mesmos, a antes apenas ficcional mas agora eminentemente real fricção existencial entre humanos e AIs, ou a polémica temática do “Green Tech” vs o mais puro e descarado “greenwashing”.
Dito isto, e numa escolha muito pessoal, sugeria uma especial atenção a três momentos do evento, por três razões muito diferentes:
Em primeiríssimo lugar, para a presença e intervenção incontornável de um multifacetado pensador da contemporaneidade complexa em que nos encontramos, Noam Chomski, que se propõe a partilhar connosco as suas reflexões e deambulações sobre temas tão quentes como são a Inteligência Artifícial e o Machine Learning.
Já mais expectável, mas nem por isso digno de menor atenção, teremos um dos maiores “influencers” do panorama financeiro actual, Changpeng Zhao (Fundador e CEO da Binance), em destaque no Central Stage e, espera-se, pronto a debitar preciosos insights sobre o status quo dos mercados de cryptocurencies.
Por último, e porque a sua área de ação se situa na convergência de três temas de discussão muito férteis (AI/Machine Learning, Privacy/Security e Social Media), a talk de Will Farrel (o atual Head of Security do TikTok) poderá ser uma excelente oportunidade para melhor se perceber o que está em risco quando o utilizador se transforma no produto.
Dito isto, e porque se trata do Web Summit, é sempre um bom conselho entrar no palco “errado”, para – quem sabe – se encontrar a talk que afinal era certa para nós e para as nossas necessidades pessoais e profissionais. Num evento que concentra as melhores e mais atuantes mentes do panorama tecnológico atual, não há como nos deixarmos ir para melhor nos podermos encontrar”.