Uma viagem a África em 8 filmes

Com agosto a chegar ao fim, e para muitos também as férias, embarque numa viagem por África através de 8 filmes que lhe prometem contar muito sobre a história e cultura do continente.

África é o continente que mais países integra. Com 54 países, continua hoje a oferecer uma imensidão de riquezas e a enfrentar um rol de desafios, que se materializam em grandes diferenças entre os mais ricos e os mais pobres e acesso a oportunidades.

Presente no imaginário de todos nós, tem sido retratado na sétima arte com alguma frequência, permitindo-nos saber mais sobre o sue povo, história e cultura sem sair de casa.

Este fim de semana desafiamo-lo a sentar-se no sofá e a viajar até África através dos filmes que lhe sugerimos;

  • Bamako (2006)

Na capital do país, título do filme, cidadão africanos instauram um tribunal para julgar as políticas de instituições financeiras como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional e suas consequências para o endividamento e dependência do país. O teor político da produção contrasta com o dia a dia da população local, alheia as reivindicações de como a globalização, as restrições e as condições impostas afetam as suas vidas e a sua sobrevivência. O filme inclui uma pequena participação de Danny Glover, que foi também produtor executivo desta produção maliana.

  • Dry (2014)

Sem tradução para português, “Dry” foca-se numa realidade que afeta cerca de 3 milhões de meninas em todo o mundo, o casamento infantil. A produção nigeriana conta a história de Halima, uma menina de 13 anos cujos pais vendem a um homem de 60 anos. A violência sexual e os constantes estupramentos acabam por ter consequências graves na sua saúde. A chegada de uma médica à aldeia ajuda Halima e outras meninas a superarem os seus traumas psicológicos e de estigmatização e reforça a mensagem da necessidade das crianças, principalmente das meninas, poderem desfrutar das suas infâncias.

  • Hotel Ruanda (2004)

Estreado em 2004, este filme teve uma grande repercussão mundial ao abordar um acontecimento no continente africano. O enredo conta a história do genocídio de 1994 sob o ponto de visto de um gerente de um hotel, que salvou a vida de 1268 pessoas ao escondê-las no local. O filme retrata a ineficiência da ONU na prevenção daquele que foi um dos maiores crimes da humanidade.

  • Meio sol amarelo (Half of a Yellow Sun, 2013)

Este filme foi inspirado na história da Guerra Civil Nigeriana, também conhecida como Guerra da Nigéria contra Biafra, ocorrida entre 1967 e 1970. É baseado no romance homónimo da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichi, publicado em 2006, apontado por muitos como um dos melhores relatos desse período. Com ênfase na relação de duas irmãs, o enredo acompanha o seu crescimento no meio da aristocracia do país até como o conflito e as disputas raciais transformaram as suas vidas.

  • Njinga, Rainha de Angola (2013)

Esta produção angolana remete para um período conhecido da história de Angola e dá o protagonismo a uma mulher guerreira que recorreu tanto à diplomacia como às armas para conquistar a liberdade do seu povo. Nascida Nzinga Mbande Cakombe (1582 – 1663), foi rainha (Ngola) dos reinos do Ndongo e de Matamba, no Sudoeste de África, no século XVII. O seu título real na língua kimbundu, Ngola, foi o nome utilizado pelos portugueses para denominar aquela região (Angola). Enviada pelo seu irmão a uma conferência de paz, Njinga adotou posteriormente o nome de Ana de Souza e converteu-se ao cristianismo para fortalecer o acordo com os portugueses.

Sembène! (2015)

Este documentário retrata a vida de Ousmane Sembène, diretor de filmes, produtor e escritor senegalês, considerado o pai do cinema africano e um dos maiores autores do sub-Sahara africano. Nascido no Senegal e filho de pai pescador, Sembène frequentou a escola até aos 14 anos, passando depois por várias profissões: pescador, mecânico, pedreiro e militar. No fim da II Guerra Mundial, trabalhou em Marselha como estivador, tendo passado a ativista sindical. Foi em Moscovo que conheceu o cinema. De regresso a África entregou-se entusiasticamente a uma dupla atividade criativa: a de escritor e de cineasta. As suas produções debruçaram-se sobre temas políticos e económicos. Este filme recorre à condição em que se encontra um homem na véspera do seu terceiro casamento para satirizar a força da África após a independência. O seu último filme, Moolaadé (2004), aborda questões culturais e tradições ancestrais no continente, como a prática da mutilação genital feminina enquanto rito de purificação das meninas.

Tsotsi (2005)

Vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro em 2006, esta produção sul-africana centra-se num adolescente criado nas ruas de Joanesburgo e retrata uma família desestruturada com um pai abusivo e uma mãe que morre lentamente vitima de sida. Num ato de delinquência, Tsotsi rouba um carro de uma mulher e, ao fugir, descobre que levou também o seu bebé. Cuidar da criança entre tantas adversidades, no entanto, passa a despertar a sensibilidade perdida e um sentido de humanidade no protagonista. Este filme é uma adaptação do premiado autor sul-africano Athol Fugard.

Uma lição de vida (First Grader, 2010)

Esse filme conta a história de Kimani Ng’ang’a Maruge, ex-membro do grupo Mau-Mau, que surgiu nos anos 60 no Quénia entre o grupo étnico Kikuyus para conquistar a independência do país. Aos 84 anos, Kimani decide frequentar pela primeira vez a escola da sua aldeia para receber educação básica e se alfabetizar mas, apesar da boa recetividade das crianças, encontra a resistência do governo local. É com um professor dedicado que ultrapassa os limites de um passado colonial e violento.

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