Entrevista/ “Vamos partir fronteiras e criar oportunidades com o GiGzy”
Está cansado de perder tempo à procura de um artista para o seu evento? Com a ajuda do GiGzy, pode “encontrar e contatar diretamente artistas ou pode criar um anúncio, onde aqueles se poderão candidatar”, explicou o seu fundador, Vasco Salema, em entrevista ao Link to Leaders. A start-up está a preparar a primeira abertura do capital a investidores para os próximos meses.
“A nossa missão é democratizar o acesso a artistas de todas as áreas, criando-lhes uma montra onde possam expor o seu talento e serem contratados. Para os clientes queremos ser uma ferramenta que ajude e torne mais fácil, eficaz e rentável a contratação de artistas”, começa por explicar Vasco Salema, fundador do GiGzy.
Atualmente, a plataforma que surgiu em 2023 conta com cerca de “70 artistas com “GiG” criado, ou seja, o seu anúncio está disponível para clientes contratarem, temos ainda cerca de 80 artistas em fase de finalização do registo”, revela o empreendedor, que esteve ligado ao setor financeiro através da Ebury.
Mas a ambição não fica por aqui: “Queremos ser uma empresa de referência no setor, não só em Portugal, como no Sul da Europa, onde acreditamos que existe a maior oportunidade. Este é o nosso grande objetivo, e vamos lutar diariamente para o atingir. Queremos conseguir que artistas que vivam no interior de Portugal, possam conseguir “GiGs” nos maiores centros urbanos do país. Queremos que artistas portugueses, consigam ter oportunidades em Madrid, Barcelona, Ibiza, Paris, Roma, Milão, entre tantos outros locais. Vamos partir fronteiras e criar oportunidades”, acrescenta.
Como surgiu a ideia de criar o GiGzy?
Em 2022, numa conversa informal com dois amigos ligados à indústria da música, percebi as grandes dificuldades do setor, nomeadamente os problemas de conseguir agendar “GiGs” de forma consistente, garantir que os artistas são sempre pagos e de encontrar artistas de qualidade a preços justos. Basicamente os artistas amadores enfrentam enormes dificuldades na sua gestão de carreiras.
Essa conversa deixou-me a pensar e a ideia do GiGzy nasceu nesse dia. Depois, falei novamente com um desses meus amigos e disse-lhe que ia avançar com a criação de uma plataforma que simplificasse e otimizasse todo o processo de contratação de artistas de todos os estilos por clientes, e em simultâneo uma plataforma para os artistas gerirem as suas carreiras. Desejou-me boa sorte…
No final do ano de 2022, fiquei a desenhar o meu sonho em cartolinas, para em janeiro de 2023 em conjunto com o meu sócio e a minha equipa começar a construir o GiGzy e dar resposta a este problema. Com muito trabalho, demos vida ao GiGzy, e hoje estamos a operar. A nossa plataforma simplifica e otimiza a ligação entre artistas e clientes, facilitando a contratação com ferramentas inovadoras.
“O GiGzy é financiado por mim e pelo meu sócio. Tudo capitais próprios, nesta primeira fase. Mas estamos a preparar uma primeira abertura do capital a investidores para os próximos meses”.
Criou o projeto com capitais próprios? Quanto investiu até ao momento?
O GiGzy é financiado por mim e pelo meu sócio. Tudo capitais próprios, nesta primeira fase. Mas estamos a preparar uma primeira abertura do capital a investidores para os próximos meses.
Qual o objetivo do GiGzy e como funciona a plataforma?
A nossa missão é democratizar o acesso a artistas de todas as áreas, criando-lhes uma montra onde possam expor o seu talento e serem contratados. Para os clientes queremos ser uma ferramenta que ajude e torne mais fácil, eficaz e rentável a contratação de artistas, sempre com total garantia de segurança e transparência durante todo o processo.
Estes clientes podem ser pessoas particulares (festas privadas, casamentos, batizados, entre outros), ou empresas (bares, restaurantes, hotéis, organizadores de eventos, festivais, entre outros). Nesta versão da plataforma os artistas inscrevem-se e fazem o seu “GiG”, desta forma apresentam ao mercado o seu trabalho e o preço que consideram justo para o desempenhar.
No que toca a clientes, estes podem encontrar e contactar diretamente os artistas ou podem criar um “anúncio”, onde aqueles se poderão candidatar para um evento específico. De forma mais simplificada, atualmente temos algumas semelhanças com a “booking.com”, mas para a área de entretenimento ao vivo.
Qual o tipo de serviços que disponibilizam?
A nossa plataforma, mesmo ainda numa fase inicial, já possui ferramentas inovadoras para artistas e clientes. Disponibilizamos acesso a um dashboard para controlo financeiro, calendário para gestão dos agendamentos, um sistema integrado de comunicação entre clientes e artistas, acesso a pagamentos com segurança e transparência, automatização do envio de faturas, entre outras.
Os clientes podem procurar os artistas que melhor se adequam aos seus objetivos, conseguem ver os perfis, ler avaliações e explorar redes sociais. Construímos o GiGzy para aumentar as probabilidades de sucesso dos seus eventos com a escolha mais informada sobre o perfil de cada artista. A contratação passa a ser mais simples, rápida e informada.
A nossa receita será apenas gerada quando há reservas de “GiGs”. Cobramos uma comissão de 15% aos artistas, quando o “GiG” é finalizado. Entendemos que esta é a forma de operar mais transparente e justa, uma vez que apenas cobramos quando garantimos que o artista também já recebeu a sua parte.
Até ao momento quantos artistas e clientes têm registados na plataforma?
Começámos a registar artistas no final de 2023 e hoje temos já perto de 70 artistas com “GiG” criado, ou seja, o seu anúncio está disponível para clientes contratarem, temos ainda cerca de 80 artistas em fase de finalização do registo.
A nível de clientes, começámos o a registá-los oficialmente a partir de fevereiro 2024, uma vez terminada a fase de testes. Neste momento temos vários clientes, tais como restaurantes, bares, hotéis, organizadores de eventos e clientes particulares, alguns a fazer a contratação exclusivamente pelo GiGzy. E vamos ter muitas novidades nos próximos tempos. Quero dar ainda mais palcos aos nossos artistas.
“A nossa plataforma é desenhada para ser inclusiva e abrangente, abraçando a diversidade artística em todas as suas formas, temos músicos, mas também com grupos de improviso (…)”.
Como é feita a seleção de quem pode estar na plataforma?
A nossa primeira triagem, é sempre os nossos termos e condições. A nossa comunidade necessita de cumprir os requisitos, para puderem operar através da nossa plataforma. Uma vez que preencham esses requisitos mínimos, abrimos portas a todos os artistas que desejem apresentar o seu talento ao mercado. A nossa plataforma é desenhada para ser inclusiva e abrangente, abraçando a diversidade artística em todas as suas formas, temos músicos, mas também com grupos de improviso, grupos de dança, ilusionistas, maquilhadores, apresentadores, fotógrafos entre tantos outros talentos.
Comprometemo-nos com a democratização do acesso ao mercado, servindo tanto o artista amador, ansioso por explorar oportunidades, como o profissional já estabelecido, mas que procura uma gestão mais eficaz e tranquila da sua carreira.
O que vos distingue da concorrência?
A concorrência vem de vários locais, porém os nossos estudos mostraram-nos que não existe competidores com o nosso modelo e com escala que nos assustem. O mercado é desafiante, mas a oportunidade é enorme. O mercado de entretenimento está em grande transformação e o uso de novas tecnologias está a dar força a essas mudanças. Em Portugal, existe uma competição grande do mercado mais impessoal. Muito boca a boca, poucas ferramentas de pesquisa, pouca informação sobre quem contratar. Distinguimo-nos exatamente aqui por procurarmos responder a estes desafios, tudo numa só plataforma.
A maior concorrência vem do norte da Europa, nomeadamente Alemanha, Holanda e Reino Unido. Mas estes concorrentes focam-se maioritariamente na indústria musical e nós queremos ser mais abrangentes. Queremos apresentar respostas para todo o género de artistas, e não apenas músicos. Acreditamos que há desafios comuns a todos e que devem ser respondidos de forma igual.
Quais os desafios que se colocam ao panorama artístico e cultural português?
O panorama artístico e cultural em Portugal possui desafios significativos, como o financiamento limitado que restringe o desenvolvimento artístico e a sustentabilidade de profissionais e instituições. O mercado restrito, a economia informal e a concentração de poder limitam as oportunidades para novos talentos. A desvalorização da arte, a precarização do trabalho artístico, a falta de reconhecimento social e remunerações inadequadas são barreiras adicionais.
A economia paralela neste setor é também um problema, contribuindo para a precarização do trabalho artístico. Há ainda desafios de diversidade e inclusão, bem como a necessidade de adaptação às tecnologias digitais, globalização e sustentabilidade. O GiGzy apresenta-se como uma solução para esses desafios, oferecendo uma plataforma que promove a transparência, a profissionalização e a democratização do acesso à cultura, combatendo assim a informalidade que prevalece no setor.
Por isso, sem dúvida que o que há mais são desafios. Mas nós gostamos desses desafios e estamos a trabalhar para sermos parte dessa solução.
Quais os próximos planos para o GiGzy?
Num mundo tão desafiante como o de hoje, e fazendo parte do ecossistema de empreendedorismo em Portugal, os planos por vezes parecem sonhos. Contudo, temos conseguido conquistar alguns, para não dizer muitos. Estamos focados em fortalecer a nossa posição no mercado português como a principal escolha para a contratação de artistas, com planos para o lançamento da versão 2.0 da nossa plataforma para enriquecer a experiência dos utilizadores.
Recentemente fomos selecionados pela Startup Lisboa para fazer parte do seu programa Spring-Batch. Acredito que este ecossistema que apoia grande núcleos de start-ups em Portugal nos vão ajudar a progredir ainda mais rápido para que consigamos atingir o nosso grande objetivo a 12 meses, que passa pela internacionalização.
Como vê o GiGzy daqui a cinco anos?
Queremos ser uma empresa de referência no setor, não só em Portugal, como também no Sul da Europa, onde acreditamos que existe a maior oportunidade. Este é o nosso grande objetivo e vamos lutar diariamente para o atingir. Queremos que os artistas que vivam no interior de Portugal consigam “GiGs” nos maiores centros urbanos do país. Queremos que artistas portugueses, consigam ter oportunidades em Madrid, Barcelona, Ibiza, Paris, Roma, Milão, entre tantos outros locais. Vamos partir fronteiras e criar oportunidades com o GiGzy.
Até onde quer levar o GiGzy?
Queremos tornar o GiGzy numa empresa de referência global nos serviços de contratação de artistas para eventos ou estabelecimentos com entretenimento ao vivo. Queremos ser o Uber, o Spotify, o Airbnb do nosso setor. Queremos ser a força motriz de inovação neste setor, conectando artistas a clientes em qualquer ponto do mundo.
Em 2022, o mercado público de eventos ao vivo gerou uma receita estimada que ronda o 1 bilião de euros (1 Trillion US dollars), sendo que o entretenimento ao vivo equivale a 218,16 mil milhões de euros (237 billion US dollars). Estamos apenas a falar de dados públicos, falta contabilizar a parte privada e a economia informal que continua predominante neste setor. Vamos continuar a lutar todos os dias, para um dia atingirmos esses patamares de excelência.
É fácil ser-se empreendedor em Portugal?
Portugal infelizmente é um mercado pequeno. É um país que produz enormes talentos em todas as áreas, porém para manter esses talentos é muito complicado, pois existem outros países com estruturas mais competitivas. Estamos num caminho extremamente interessante, no que diz respeito a novos apoios para o empreendedorismo, mas depois no que toca ao financiamento é extremamente complicado. Essas dificuldades no “funding” não se cingem apenas ao facto de sermos um mercado pequeno, mesmo a mentalidade de risco de investimento ainda é bastante conservadora. Não há dúvida de que é desafiador e requer muito esforço desenvolver e fazer crescer uma start-up em Portugal. É preciso ter um grande espírito de sacrifício. Partilho uma frase que digo muitas vezes: “Se nós vencermos em Portugal, venceremos no mundo inteiro”.
Respostas rápidas:
Maior risco: Apostar tudo num sonho.
Maior erro: Menosprezar o tempo que demora construir algo impactante.
Maior lição: É essencial encontrar um bom equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal.
Maior conquista: O agradecimento dos artistas quando conseguem GiGs pela plataforma.