UNESCO alerta: inteligência artificial na educação só a partir dos 13 anos

Um novo relatório da UNESCO sobre inteligência artificial na educação recomenda os 13 anos como idade mínima para a utilização desta tecnologia.
As escolas a nível mundial não estão preparadas para utilizar inteligência artificial generativa (GENAI), na educação, descobriu um dos mais recentes relatórios da UNESCO, o “Global Guidance on Generative AI in Education and Research”. Um inquérito global da UNESCO a mais de 450 escolas e universidades mostrou que menos de 10% tinham políticas institucionais e/ou orientações formais relativas à utilização de aplicações generativas de IA, em grande parte devido à ausência de regulamentações nacionais.
Na sequência desta constatação, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura desafia os Governos a regulamentarem o uso desta tecnologia nas salas de aula, concretamente com o estabelecimento de uma idade limite para aceder à mesma.
Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, salienta que “a IA generativa pode ser uma tremenda oportunidade para o desenvolvimento humano, mas também pode causar danos e preconceitos. Não pode ser integrado na educação sem o envolvimento público e as salvaguardas e regulamentações necessárias por parte dos governos. Esta Orientação da UNESCO ajudará os decisores políticos e os professores a explorar melhor o potencial da IA para o interesse principal dos alunos”.
Os autores do estudo sugerem um conjunto de diretrizes e recomendações para se usar IA generativa na educação com uma abordagem “centrada no ser humano”, aplicando os regulamentos do GDPR e fortalecendo as regras de direitos autorais. Estabelece um limite de idade de 13 anos para o uso de ferramentas de IA em sala de aula, ao mesmo tempo que apela à formação de professores nesta matéria.
A UNESCO destaca que o ChatGPT exige que os utilizadores tenham pelo menos 13 anos, apesar de estar em discussão, pelo mundo fora, a possibilidade de passar esse limite para os 16 anos. Contudo, os autores do relatório salientam que muitas das regras de proteção online para menores em vigor foram aprovadas muito antes da invenção da IA e, por isso, apelam aos decisores políticos para que repensem as restrições.
As diretrizes da UNESCO destacam que a GenAI na educação pode ter consequências no “desenvolvimento de capacidades humanas, como competências de pensamento crítico e criatividade”. Além disso, alerta para os riscos de uma maior divisão global causada pelas tecnologias com IA generativa, que é muitas vezes é centrada em dados tendenciosos para criar conteúdos.
“O surgimento de vários chatbots GenAI exige que os países considerem cuidadosamente – e deliberem publicamente – o limite de idade apropriado para conversas independentes com plataformas GenAI”, frisaram os autores do relatório da UNESCO.
Alertaram igualmente para a necessidade de haver uma maior atenção a esta matéria nos próximos anos, uma vez que a educação pode vir a ser completamente reformulada pelas tecnologias atuais e pelas que estão em desenvolvimento.