Entrevista/ “Trabalhar e viver vão deixar de ser blocos rígidos para se tornarem experiências moduláveis”
“O mundo mudou: o trabalho é híbrido, a habitação tornou-se mais flexível e as pessoas procuram comunidades com propósito, onde equilibram produtividade, bem-estar e qualidade de vida”, afirma Paulo Castro, CEO do Castro Group, que lançou uma marca que combina “flex working” e “flex living”.
O Castro Group, um dos principais promotores portugueses, decidiu ir além da construção de edifícios e criar experiências integradas para trabalhar e viver. Criou o Buz, uma marca que combina “flex working” e “flex living”, pensada para oferecer flexibilidade, bem-estar e sentido de comunidade. Com expansão prevista no Norte de Portugal e projetos de habitação flexível já em agenda, a marca quer criar uma nova geração de espaços vivos, sustentáveis e moldáveis à energia das pessoas que os habitam.
Em entrevista ao Link to Leaders, Paulo Castro, CEO do Castro Group, explica a visão por detrás do projeto, a escolha estratégica da parceria com a DeHouse e como o Buz se diferencia no mercado português, antecipando tendências de flexibilidade que prometem redefinir a forma como trabalhamos e vivemos.
O que levou o Castro Group a criar a marca Buz?
O Castro Group viu uma tendência clara: pessoas e empresas querem espaços mais ágeis, com serviços incluídos e verdadeira comunidade. O Buz nasce para responder a isso – juntar flexibilidade, bem-estar e pertença, com uma operação focada nas pessoas e na comunidade. Sentimos que esta era a evolução natural de um promotor que quer proporcionar experiências, além de desenvolver e construir edifícios.
“Faz parte da nossa visão, enquanto Grupo, proporcionar ao cliente e à comunidade experiências sensoriais e emocionais e, ao mesmo tempo, promover um futuro mais sustentável”.
Como surgiu a ideia de integrar flex working e flex living numa única marca?
O mundo mudou: o trabalho é híbrido, a habitação tornou-se mais flexível e as pessoas procuram comunidades com propósito, onde equilibram produtividade, bem-estar e qualidade de vida. O Buz é uma marca preparada para oferecer soluções completas e adaptáveis. Faz parte da nossa visão, enquanto Grupo, proporcionar ao cliente e à comunidade experiências sensoriais e emocionais e, ao mesmo tempo, promover um futuro mais sustentável. Assente nestes pilares, e numa visão de negócio alinhada com as necessidades do mercado, integrámos, numa só marca, o flex working e o flex living. A marca Buz representa esta nova geração de espaços: flexíveis por natureza, sustentáveis por responsabilidade e vivos pela energia das pessoas que os habitam.
Qual é a visão do Grupo para esta nova marca nos próximos anos?
O Buz prevê, para já, expandir no Norte do país. Além do Buz no Spark e do Buz na La Movida, está em preparação a abertura de um terceiro espaço, também integrado no ecossistema Spark. Por se tratar de uma aposta em que acreditamos, existe ainda a intenção de avançar para outras zonas do Grande Porto e para Braga. No segmento de Flex Living, o Buz prevê apresentar o primeiro projeto em 2026: um edifício concebido e construído de raiz, com tipologias T0 e T1, cuja abertura está prevista para o final de 2028.
De que forma o Buz se diferencia de outros espaços de coworking e flex living no mercado português?
O Buz é uma marca que combina “flex working” e “flex living”, capaz de acompanhar pessoas e empresas em diferentes momentos, com um forte sentido de comunidade. A sua abordagem community-first garante programação contínua e gestão ativa da comunidade, para que as ligações aconteçam de forma natural, além de espaços e rotinas pensados para produtividade e bem-estar. A operação é especializada graças à parceria estratégica com a DeHouse, especialista na gestão de espaços de coworking e comunidades; os primeiros espaços contam com o selo “Buz by DeHouse”, refletindo a qualidade operacional, o cuidado com a experiência e a visão de comunidade.
O Buz oferece flexibilidade real, com planos e formatos ajustáveis ao ritmo de cada cliente — desde freelancers a equipas em crescimento — e com capacidade de escalabilidade. Valoriza a responsabilidade e o impacto local, cuidando do que é comum, respeitando o ambiente e integrando-se na cultura do lugar, acrescentando vida à envolvente. Ao mesmo tempo, mantém uma irreverência com propósito, com identidade forte, design contemporâneo e uma atitude criativa que confere personalidade à experiência.
O ecossistema de serviços inclui internet, salas de reunião, gestão de correio, limpeza, apoio no dia a dia e eventos, permitindo que pessoas e equipas se concentrem no essencial. Por fim, as localizações estratégicas dos espaços garantem boa mobilidade e oferta urbana, aproximando trabalho, casa e cidade no mesmo fluxo de vida.
Por que escolheram a DeHouse como parceira para a gestão dos espaços de coworking?
Porque vimos na DeHouse aquilo que valorizamos para o Buz: verdadeira flexibilidade, simplicidade de modelo negócio e foco absoluto no cliente, suportados por um track-record comprovado no mercado. Operam com um modelo “all-in”, transparente e com proximidade no dia a dia. Em vez de impor layouts rígidos, adaptam o espaço às necessidades de cada empresa. A equipa é jovem, dinâmica e muito experiente, e partilhamos a mesma visão sobre o que deve ser a experiência num flex office.
Trata-se de uma parceria estratégica, de longo prazo, que abrange todos os espaços de flex working do Buz. Com esta parceria, acreditamos que toda a operação é consistente, humana e eficiente, que sustenta o crescimento da marca e eleva a experiência de quem trabalha connosco.
“Na Europa, o “flex working” mantém uma trajetória de crescimento sustentado pela consolidação do modelo híbrido nas empresas”.
Como vê a evolução do mercado de flex working em Portugal e na Europa?
Na Europa, o “flex working” mantém uma trajetória de crescimento sustentado pela consolidação do modelo híbrido nas empresas. A oferta está a tornar-se mais cirúrgica (unidades menores e bem localizadas), com mais acordos de gestão entre proprietários e operadores, e maior ênfase em experiência, bem-estar e ESG. Em Portugal, a tendência aponta para espaços satélite, curadoria ativa de comunidade como fator de diferenciação, e convergência com living/hospitality (soluções para mobilidade de talento e períodos intermédios).
Que papel acredita que a flexibilidade terá na forma como trabalhamos e vivemos nos próximos anos?
Central! No trabalho, continua a reduzir barreiras de entrada e a dar elasticidade a equipas. Na habitação, contratos adaptáveis e serviços “hotel-like” vão ganhar tração – fideliza-se pela experiência e comunidade. Trabalhar e viver vão deixar de ser blocos rígidos para se tornarem experiências moduláveis – horários híbridos, foco em resultados, equipas distribuídas, estadias variáveis, serviços por subscrição e escolhas diárias (presencial, remoto, perto de casa, nómada). Isto melhora produtividade, bem-estar e atração/retenção de talento, reduz custos fixos e dá às pessoas autonomia real para organizarem a vida. A flexibilidade também trará mais responsabilidade: uso eficiente de recursos, partilha inteligente e cultura de respeito pelo que é comum.








