Os trabalhadores imigrantes são sobrequalificados – menos em Portugal
Um estudo da OCDE revelou que, ao contrário de outros países do Sul da Europa, como a Grécia, Espanha e Itália, a maior parte dos trabalhadores imigrantes em Portugal exercem cargos que correspondem às suas qualificações profissionais.
Nos últimos anos, os países desenvolvidos começaram a ter um problema: uma boa parte das pessoas tem demasiadas qualificações para o cargo que ocupa. Isto é especialmente verdade para as nações com mercados de trabalho mais competitivos.
Apesar de, à primeira vista, poder ser algo positivo, visto que os colaboradores conseguem desempenhar facilmente os trabalhos que lhes são incumbidos, o lado negativo da balança acaba por pesar mais. Expetativas salariais mais elevadas, menor índice de satisfação e maior probabilidade de abandono do emprego são apenas três razões para o excesso de qualificações ser um pesadelo para o mercado de trabalho.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a definição da taxa de sobrequalificação passa pela quota de pessoas com um nível de educação elevado que exerce cargos com um nível de exigência de competências baixo ou médio (de acordo com os standards da ISCO – International Standard Classification of Occupations).
Neste sentido, um estudo da organização internacional indica que mais de um terço dos imigrantes altamente qualificados que trabalham nos países da OCDE têm mais competências do que as que lhes são exigidas no emprego que ocupam.
Esta percentagem é especialmente elevada nos países do Sul da Europa, onde muitos imigrantes desempenham trabalhos com um nível de exigência baixo ou médio. Surpreendentemente, Portugal está excluído desta lista. Ao contrário dos outros países banhados pelo Mediterrâneo, os imigrantes que trabalham em território luso exercem – com maior frequência – os cargos para que estão qualificados.
Enquanto que em Portugal a taxa de sobrequalificação dos imigrados não chega a atingir os 30%, outros países europeus como a Grécia (60.7%), Espanha (53.4%) e Itália (51.7%) apresentam níveis bastante mais altos. A superar estes três últimos países só se encontra a Coreia do Sul, onde 74.5% dos estrangeiros têm mais qualificações do que lhes são exigidas no emprego.