Entrevista/ “Tomámos a decisão correta ao trazer o Unicorn Workspaces para Portugal”

Masoud Kamali, fundador da Unicorn e CEO da VC WestTech Ventures

A alemã Unicorn inaugurou esta semana dois espaços de trabalho partilhados no centro de Lisboa, naquela que é a sua primeira aposta de  internacionalização. Masoud Kamali, fundador da empresa, explicou ao Link To Leaders o que o levou a optar por Portugal e os seus planos de expansão.

A Unicorn Workspaces anunciou oficialmente a sua entrada no mercado português com o lançamento de dois espaços de trabalho no centro de Lisboa, concretamente na zona do Marquês de Pombal e na Avenida da Liberdade. Criada em 2015, a empresa é, atualmente, uma das principais fornecedoras de escritórios partilhados (os chamados coworking), da Alemanha com presença em cidades como Berlim, Munique, Colónia e Potsdam, num total de 17 escritórios. Fornecer espaços de trabalho acessíveis para empresas e particulares, mantendo simultaneamente o seu compromisso em matéria de sustentabilidade, é a base desta empresa que tem como objetivo abrir mais espaços em Portugal, bem como expandir-se para outras cidades europeias.

A Unicorn Workspaces anunciou a sua expansão internacional, escolhendo Lisboa como a primeira aposta fora da Alemanha. Porquê Lisboa?
Durante vários eventos de start-ups, tais como o Web Summit, aprendemos que Lisboa tem-se tornado num excelente ecossistema para as start-ups. Igualmente importante: Lisboa é uma cidade bonita à beira-mar. Tudo isto faz com que seja bastante atrativa para trabalhar e viver. Aqui conseguimos atrair talento e ao mesmo tempo conseguimos distanciar-nos de locais onde o talento potencial já foi detetado.

Quais as soluções e os valores que a Unicorn Workspaces oferece ao mercado português e a que tipo de empresas se destina?
Encontrar, negociar, preparar e gerir um escritório é dispendioso e demorado. O tempo é melhor investido no foco do negócio da empresa. Os escritórios Unicorn Workspaces estão repletos de serviços, tratamos de todos os aspectos da atividade do escritório. Oferecemos termos flexíveis que são importantes para as empresas em transição como as start-ups e scaleups. O nosso background como Venture Capitalist ajuda-nos a compreender as necessidades e a nossa experiência como fornecedores de escritórios partilhados permite-nos criar o espaço de trabalho perfeito para os clientes.

O que pesou mais na escolha dos dois espaços em Portugal: o Unicorn Liberdade e o Unicorn Marquês?
O facto de ambos os espaços serem centrais.

Qual foi o investimento que a Unicorn fez para abrir estes espaços?
Foi de 500 mil euros.

Já têm solicitações ou clientes em Portugal?
Já. Os nossos clientes são start-ups e empresas corporativas de setores como micro-mobilidade, fintech ou MEdTech, por exemplo. Também estamos a gerir o escritório para duas empresas bem estabelecidas que estão em expansão em Portugal e precisam de um escritório para os seus subsidiários.

“Não estamos a criar estúdios chiques, mas sim espaços de trabalho que satisfazem altos níveis de exigência (…)”.

Como espera a Unicorn Workspaces destacar-se perante as restantes ofertas existentes no mercado português?
Quando analisamos o mercado de escritórios português conseguimos identificar, de forma clara, um nicho para o nosso espaço de trabalho como modelo de serviço. Os Unicorn Workspaces estão desenhados para que se trabalhe de forma concentrada e eficiente. Não estamos a criar estúdios chiques, mas sim espaços de trabalho que satisfazem altos níveis de exigência de um novo modo de trabalho.

O que acha que falta aos espaços de coworking em Portugal para serem mais atrativos?
O mercado português já oferece um amplo leque de soluções para escritórios. Mas existe uma crescente exigência de escritórios e são pedidos padrões cada vez mais elevados.
Alguns espaços de trabalho oferecem preços baixos, mas têm uma limitação na oferta de serviço. Outros espaços de cowork são mais sofisticados, mas dificultaram os modelos de preços. Os clientes acabam por pagar um extra por serviços, como por exemplo, usar uma morada de negócio ou a receção do correio. Uma excelente relação custo-serviço e transparência nos custos são essenciais.

O que justifica a forte procura e o défice neste segmento de mercado em Portugal?
A exigência para escritórios que oferecem diversos serviços está relacionada com o crescimento da atividade económica e com a chegada também de novas empresas estrangeiras que precisam igualmente de espaço de escritório na cidade.

“(…) tomámos a decisão correta em trazer o Unicorn Workspaces para Portugal”.

Que balanço faz da atividade da Unicorn na Alemanha?
A Unicorn é o fornecedor de espaços de escritório partilhado com um crescimento mais rápido e que, brevemente, poderá contar com o 17.º local na Alemanha. Estes espaços levam entre dois a três meses a atingir 90% da taxa de ocupação. Depois de três meses, o espaço tem normalmente um cash flow positivo. Aqui em Portugal estamos a fazer uma experiência semelhante que nos confirma que tomámos a decisão correta em trazer o Unicorn Workspaces para Portugal.

Quais as empresas que mais vos procura na Alemanha?
À semelhança de Portugal são start-ups, empresas, agências.

“(…) o país tornou-se um íman para jovens talentos e nómadas com altas qualidades digitais, com novos hábitos de trabalho (…)”

Considera que o ecossistema de start-ups em Lisboa é acessível para as empresas estrangeiras, como as alemãs?
Portugal oferece normas e regulamentos muito semelhantes à Alemanha para as start-ups e o ecossistema de start-ups em Lisboa é, no geral, muito acessível para empresas estrangeiras. Para além disso, o país tornou-se um íman para jovens talentos e nómadas com altas qualidades digitais, com novos hábitos de trabalho que a Unicorn pode considerar.

Quais os prós e contras dos espaços partilhados?
Os prós e contras da economia partilhada são uma questão de perspectiva. Acreditamos que espaços de trabalho partilhados são uma parte integral da transformação do trabalho.

Quais os próximos espaços/países onde a Unicorn gostaria de expandir o seu negócio?
Em 2020 queremos expandir para Espanha e iremos gerir a atividade desde Portugal.

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