Tendências que podem mexer com as fintech em 2020

As tendências no campo das fintech vão revolucionar tudo o que envolve dinheiro, pagamentos e demais interações com a banca. Desde a forma como encomendamos as mercearias online ou adquirimos o mais recente gadget, a “nova” indústria financeira promete mexer no panorama atual.

Há uma razão válida para que a esmagadora maioria das instituições financeiras tradicionais tenham receio das start-ups de tecnologia financeira, sejam eles bancos digitais ou soluções globais de pagamento: os consumidores são adeptos das novas ferramentas tecnológicas e usam estas novidades pela sua facilidade de utilização.

Muitas empresas financeiras tradicionais já começaram a investir em start-ups fintech ou estabeleceram parcerias com estas. O resultado destas movimentações tem sido muito profícuo para o setor e é expetável que assim continue, ou não estivesse o mundo financeiro mundial a passar por uma reforma total devido à inovação das start-ups fintech. Ninguém é imune a esse desenvolvimento e as próximas tendências fintech deixam no ar novas e disruptivas soluções. A Financesonline reuniu dez que podem mexer com o atual cenário financeiro/bancário.

  1. O aparecimento de um setor bancário apenas digital

Quando um banco que existe apenas no mundo digital consegue oferecer pagamentos globais, transferências P2P, cartão de crédito sem contrato com taxas de transação gratuitas, e ainda a hipótese de comprar e trocar Bitcoin, Ethereum e outras criptomoedas, dá nas vistas no mundo financeiro.

Foi o que o Revolut fez. Um dos bancos digitais que luta pelo seu espaço no mundo das finanças digitais, tal como o Moven, o Monese, o HelloBank, o FirstDirect, o Digibank e muitos outros. Têm muito a seu favor: não há necessidade de ir a um banco físico, não há filas de espera ou burocracias intermináveis. Estão a crescer em números e receita em todo o mundo e são um dos motivos pelos quais as visitas às agências bancárias deverão diminuir nos próximos anos.

Os bancos digitais podem ser incrivelmente mais baratos e convenientes, mas o que acontece com os clientes quando estes enfrentam problemas que não conseguem resolver exclusivamente online? Neste caso, adianta a FinancesOnline, a solução pode passar por estabelecer parcerias com bancos tradicionais, onde os clientes podem mudar para bancos tradicionais e digitais conforme sua conveniência.

  1. Blockchain na reforma financeira global

O blockchain parece continuar o seu percurso para mudar totalmente as transações financeiras mundiais. A China e os EUA lideram o mundo no uso de blockchain, o que significa que irão promover a rápida adoção nos restantes países. A corrida otimista dos investidores para aumentar o alcance dos serviços de blockchain é facilmente correspondida pelos utilizadores, cada vez em maior número de carteiras de blockchain cada vez em maior número. Os dados apontam para 40 milhões em todo o mundo, quando em 2016 eram apenas 11 milhões.

  1. Inteligência Artificial (IA): um passo natural 

As fintech foram das primeiros a adotar  inteligência Artificial (IA) e os os bancos estão a redefinir as suas estratégias baseadas em soluções IA, um passo que irá promover ainda mais a adoção desta tecnologia ​​no setor. Poderá reduzir os custos operacionais dos bancos, porém, tal como outras indústrias, o setor bancário sofre de falta de profissionais de IA qualificados.

A IA já é um sucesso com os softwares de atendimento ao cliente através de chatbots e outros sistemas inteligentes. As instituições financeiras não serão exceção, permitindo transações mais rápidas e dando aos clientes a conveniência que eles exigem.

  1. Intensificação da regulamentação fintech

O setor financeiro é uma das indústrias fortemente regulamentadas no mundo e embora os investidores em blockchain se queixem das regulamentações, ninguém nega que a segurança é uma preocupação primordial, independentemente do tipo de serviço financeiro. Na era do banco digital, um tópico que os reguladores examinariam de perto é a questão da propriedade dos dados. As nações vão abordar essa questão ao seu próprio ritmo. O resultado ideal é um conjunto de padrões nacionais abrangentes o suficiente para tranquilizar as empresas e os consumidores.

  1. Inovações de pagamento

As inovações de pagamento na fintech têm vários componentes, desde pagamentos móveis, contactless, carteiras móveis, tecnologias de verificação de identidade, IA e machine learning para segurança. Os primeiros nativos verdadeiramente digitais, os Gen Zers, terão um papel preponderante para o desenvolvimento de inovações em pagamentos. São a primeira geração a ver o início de transações sem dinheiro e, portanto, ficam mais à vontade com essas inovações.

O número de pessoas que usam pagamentos contactless já rondava os 440 milhões em 2018. O objetivo é atingir 760 milhões em 2020. Se juntarmos as tecnologias blockchain, os pagamentos da fintech vão crescer ainda mais em apenas alguns anos.

  1. De concorrentes a colaboradores

Os bancos apenas digitais provavelmente não conseguirão responder a algumas preocupações dos consumidores. Por outro lado, os bancos tradicionais e outras instituições financeiras estão atentas às inovações tecnológicas que as start-ups financeiras estão a trazer para o mercado. Os velhos players e o novos desafiadores têm vantagens e desvantagens e trabalhar em conjunto pode ser a solução mais eficaz para todos. Os nomes consagrados no setor bancário procuram uma base de apoio nessas empresas financeiras. Um exemplo é o Goldman Sachs que fez uma parceria com o Elinvar, dando-lhe uma participação no espaço bancário digital. A Visa lançou um fundo de investimento para start-ups de fintech, assim como estabeleceu uma colaboração com a Ingo.

  1. Encaminhar com inclusão significativa

A criação da Alliance for Financial Inclusion (AFI)  é um passo concreto para garantir que as fintech não deixem de fora grandes setores das sociedades, à medida que avança rapidamente, transformando a economia global.

As fintech devem ajudar muitos perfis socioeconómicos atualmente marginalizados a conseguir acesso a serviços financeiros. Além da AFI, existe o Consultive Group to Assist the Poor (CGAP), que em 2016 trabalhou com 18 projetos pilotos de fintech na África e no sul da Ásia.

Uma das grandes iniciativas neste processo de inclusão foi liderada pela Accenture e pela Microsoft em 2017. A iniciativa procurou fornecer uma rede de identificação baseada em blockchain para estrangeiros ilegais, refugiados e pessoas que não possuem documentos emitidos pelo governo. É um empreendimento massivo, afetando nada menos que 1,1 mil milhões de pessoas em todo o mundo.

  1. As fintech começam a ser selecionadas

As start-up fintech estão agora no centro das atenções, mas nem todas elas serão bem-sucedidas. Os financiadores estão a avaliar os seus investimentos de forma mais criteriosa com base nos empreendimentos que mostraram alguma tração no mercado. Essa nova atitude entre os investidores de capital de risco significa que as start-ups fintech não vão receberão o mesmo tipo de financimento que as suas homólogas mais antigas. Por exemplo, apenas cerca de 6 mil fintechs em fase inicial conseguiram obter financiamento em 2017. Embora isso possa parecer muito, esse número é menos de metade do número de start-up financiadas em 2014, 13 mil.

  1. A China vai liderar a revolução fintech

Desde gestão de património, empréstimos até pagamento, as fintech surgem em todos os segmentos de serviços financeiros, em todos os lugares. A liderança da China, em quase todas as categorias de fintech, destaca-se.  Num país onde há mais utilizadores de Internet (800 milhões, 98,6% deles usando dispositivos móveis) do que toda a população dos EUA, Rússia, México e Japão juntos), o empreendedorismo chinês nas fintech não é surpresa.

O seu mercado de comércio eletrónico está avaliado em 740 mil milhões de dólares (663 mil milhões de euros), em comparação com os 561 mil milhões de dólares (502,6 mil milhões de euros) dos EUA, por exemplo.

  1. Contratos inteligentes podem substituir os tradicionais

Os contratos inteligentes (smart contracts) tornam as transações robustas, seguras e executáveis ​​em qualquer lugar. As partes assinam um contrato usando chaves criptográficas como assinatura digital. Em vez de papel, os contratos são codificados em linguagem informática. As testemunhas, através de vários dispositivos, recebem a mesma cópia do primeiro contrato digital, o que torna difícil violar a sua autenticidade. Os contratos inteligentes podem eliminar muitos inconvenientes associados aos contratos tradicionais, o que acelera ainda mais as transações fintech de qualquer lugar do mundo e praticamente a qualquer momento.

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