Tendências do mercado de trabalho para 2024, segundo a Michael Page

O novo estudo da Michael Page sobre o mercado de trabalho em 2024 prevê que as inovações tecnológicas, novas funções e as movimentações profissionais continuem a dominar.

A Michael Page acaba de lançar o estudo anual no qual reflete o mercado de trabalho ao longo deste ano e as principais tendências para 2024 para quadros executivos em empresas de grande dimensão. Globalmente, no conjunto dos setores analisados destaca-se a importância da digitalização, da flexibilidade e dos novos modelos de trabalho, bem como o aumento da profissionalização e o surgimento de novas funções. Além disso, manter-se-á a disputa pelo talento em áreas como IT e Tax & Legal. No que respeita ao âmbito salarial, os atuais indicadores de mercado não preveem grandes oscilações relativamente a 2023 na maioria dos setores.

A pesquisa efetuada pela empresa de recrutamento identificou algumas tendências em diferentes setores de atividade, entre os quais banca, costumer service, engineering e  manufacturing, finanças, healthcare e ciências da vida, insurance, logística ou recursos humanos, entre outros. Vejamos em detalhe.

Banca: Globalmente, o setor regista um grande foco na transformação digital, assim como uma orientação cada vez maior para o cliente numa ótica de venda consultiva, procurando apresentar uma oferta de produtos e serviços tailor made. As novas gerações valorizam o crescimento profissional, procuram projetos ligados à sustentabilidade, mas também o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, havendo um maior interesse em modelos de trabalho remoto ou híbrido.

Como exemplo de tendência salarial, para a função de corporate finance a remuneração pode situar-se entre 25 mil a 90 mil euros, e um analista de risco até 46 mil euros, enquanto um responsável financeiro pode ter a remuneração máxima de 70 mil euros e a função de marketing team leader até 60 mil euros. A nível salarial, observa-se estabilidade relativamente a 2023, com um crescimento dos benefícios sociais para atrair e reter o talento.

Customer Service: Em Portugal, este mercado continua a crescer todos os anos e 2023 não foi diferente e estima-se que mais de metade dos call centers localizados no país estejam a trabalhar para outros países. Para as empresas que têm o serviço de apoio a cliente inhouse, esta profissão continuou a ser valorizada e os salários subiram de forma a acompanhar o aumento da inflação. Este setor consegue absorver uma grande parte da mão-de-obra estrangeira no nosso país. Como referência, nas empresas de grande dimensão e multinacionais, um customer service specialist pode ganhar até 21 mil euros por ano, um operador de backoffice (Países Nórdicos), até 42 mil euros e para a função de contact center manager, o plafond máximo pode ir até aos 80 mil euros.

Engineering & Manufacturing: Em termos globais foi um ano positivo, embora o setor industrial tenha passado por diferentes fases durante 2023. Para os próximos meses, prevê-se que se mantenha o equilíbrio no mercado de trabalho e nas oportunidades de emprego. Entre as funções mais recrutadas, destacam-se os plant managers, diretor industrial, responsável de manutenção, diretor de compras, responsável de produção, responsável de qualidade, ambiente e segurança e perfis de engenharia.

A par do salário e estabilidade contratual, os candidatos procuram benefícios como flexibilidade, e preferência para o trabalho remoto. Observa-se uma procura nos perfis relacionados com Energia & Renováveis, como por exemplo, project manager (Solar, Eólico e Hidrogénio), site manager, construction manager, maintainance engineer ou structural engineer, entre outras funções. Nesta área, os valores do CEO podem variar entre os 120 mil a 210 mil euros, tanto em Lisboa como no Porto. Como indicação, na indústria, na zona de Lisboa, um diretor-geral pode auferir entre 110 a 170 mil euros, e um diretor de operações até 92 mil euros.

Finanças: A procura de perfis com grande enfoque em contabilidade e controlo de gestão aumentou significativamente no último ano, tendo em conta as reorganizações dos departamentos, automatizações de processos e internalização de procedimentos. Nas PME assiste-se a uma tendência de profissionalização e desenvolvimento das equipas, bem como captação de novos perfis para processos de digitalização, sustentabilidade e controlo. As multinacionais e empresas de grande dimensão valorizam as funções financeiras para efeitos de suporte à tomada de decisão estratégica, criando cada vez mais especializações internas adaptadas a cada colaborador.

As skills comportamentais e sociais dos candidatos têm ganho importância ao invés do total foco na componente técnica. Atualmente, são os candidatos que procuram empresas que valorizem as suas soft skills e promovam o desenvolvimento das hard skills. Também valorizam empresas que acompanhem as tendências de mercado, a flexibilidade de horário e uma maior autonomia e responsabilização da função.

No top 10 das funções mais procuradas, encontram-se controller, auditor, contabilista certificado, diretor e responsável financeiro, entre outras. Os tetos salariais destas funções incluem para o diretor financeiro até 120 mil euros enquanto o responsável financeiro aufere até 70 mil euros e para a função de controller financeiro até 49 mil euros. A função de contabilista certificado tem o teto máximo de 56 mil euros.

Healthcare & Life Sciences: Este foi um dos setores mais dinâmicos ao longo deste ano, com destaque para as áreas mais técnicas que registaram mais crescimento. Na área comercial, destacaram-se as posições de desenvolvimento de negócio internacional, assim como key account managers transversalmente aos vários subsetores. Na área do marketing, tem existido investimento na maior qualificação dos profissionais, destacando-se a aposta em competências de marketing digital e ecommerce. Por fim, na área de medical, apesar de um menor crescimento, mantém-se a procura e dinâmica inerente ao setor.

As competências qualificadas na área das ciências da saúde, gestão e marketing continuam a ser uma mais-valia para este setor. Entre as funções mais procuradas encontram-se, delegado de canal farmácia, quality control manager, digital marketing manager e medical manager.

Em termos salariais, tem-se registado o aumento em perfis globais e ligados à estratégia e desenvolvimento do negócio, e a valorização de benefícios como o seguro de saúde, viatura, ginásio, plano de poupança reforma ou teletrabalho. No topo da tabela de remuneração, o perfil de business unit manager/diretor pode auferir até 150 mil euros, sales & marketing manager 90 mil euros e sales manager 77 mil euros.

Insurance: Ao longo de 2023 manteve-se a tendência da procura por profissionais na área financeira, nomeadamente com skills ao nível de IFRS17, risco e planeamento e controlo de gestão. Transformação e inovação foi também área de destaque com a contratação de perfis de PMO. Neste setor, observou-se particular crescimento nas funções de PMO Estratégico, responsável de gestão de contas/clientes e nas áreas de marketing, sobretudo canal digital e CX. Ao nível de áreas técnicas, mantem-se a tendência em área de risco, data analytics e subscrição e, nas áreas de negócio, constatou-se o reforço das áreas comerciais com particular destaque e investimento nas áreas de employee benefits.

A flexibilidade continua a ser um fator importante no recrutamento, e registou-se ainda um aumento generalizado dos pacotes salariais para todas as funções, com remunerações para funções técnicas como a de gestor de sinistros a partir de 16800 euros (na zona do Porto) até 68 mil para o atuário sénior na zona de Lisboa. Nas funções de negócio, um diretor comercial brookers pode auferir até 120 mil euros, na zona de Lisboa.

Logística: O aumento na procura de perfis de logística e supply chain principalmente em setores industriais, retalho e construção foi uma realidade ao longo do ano. Os perfis mais procurados são essencialmente de middle management, onde se destacam as funções de customer service, supervisor de logística, responsável de operações ou comprador sénior.

A atração do talento neste mercado exige diferenciação por parte das empresas e aposta numa forte cultura empresarial que contemple um plano de progressão de carreira bem definido e um pacote de fringe benefits diversificado (ginásio, seguro de saúde, fundo de pensões, entre outros), além de considerar a saúde ou a flexibilidade. Na área de supply chain, a função de supply chain analyst pode auferir até 28 mil euros e um diretor de compras (procurement director) até 110 mil euros, enquanto na área de logística, o plafond de remuneração máximo de 95 mil euros cabe ao cargo de diretor.

Recursos Humanos: Observou-se um aumento no investimento em gestão e desenvolvimento de talentos com ferramentas de recursos humanos nas PME, enquanto nas empresas com equipas e procedimentos já consolidados a aposta está cada vez mais numa abordagem analítica e interdisciplinar. Observou-se uma maior procura de perfis de HR Operations, destacando a importância de indicadores no setor de recursos humanos, através do desenvolvimento de KPIs, esquemas de payroll, forte planeamento de C&B e controlo de custos.

Os profissionais orientados para objetivos e para o cliente interno são os mais procurados e, neste contexto, as competências de comunicação, organização e trabalho sob pressão são elementos muito valorizados. O pacote salarial continua a ser um fator importante, mas não decisivo. Outros benefícios como a cultura e clima organizacional, oportunidades de formação, desenvolvimento e crescimento, bem como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são cada vez mais importantes na tomada de decisão. Relativamente à remuneração, nas grandes empresas e multinacionais, um diretor de RH pode auferir entre 49 mil a 100 mil euros.

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