Entrevista/ “Temos ajudado a trazer a voz do utilizador para a mesa das decisões”

José Campos, coCEO do Grupo Tangível

“Estamos neste momento a apostar no crescimento internacional como forma de complementar o crescimento em Portugal. Adicionalmente, estamos a preparar uma nova oferta a que chamamos “Estratégia e Inovação Centrada no Utilizador”, revela José Campos, coCEO do Grupo Tangível, em entrevista ao Link to Leaders.

O Grupo Tangível, especializado em human-centered design (HCD, na sigla original), conta com mais de 19 anos de experiência a ajudar as empresas a desenharem produtos e serviços ajustados às necessidades e expectativas dos seus utilizadores. Banco Santander, Worten e Galp são apenas três dos clientes que já confiaram à empresa parte dos seus processos de transformação digital.

O grupo alcançou um volume de negócios na ordem dos 5,1 milhões de euros em 2022, mais 70% face ao exercício anterior, e prevê ultrapassar a fasquia dos 7,1 milhões em 2023, contando, assim, crescer 40%.

Entre os planos para o futuro do grupo, está o “continuar a crescer dentro de fronteiras e lá fora (quem sabe, Estados Unidos e Médio Oriente)”, revela José Campos, coCEO da empresa nacional de human-centered design.

A Tangível assume-se como a maior empresa exclusivamente dedicada a human-centered design em Portugal. O que vos diferencia?
Na verdade, não existem muitas empresas de human-centered design (HCD) em Portugal. Em comparação com as poucas que existem, distinguimo-nos por ter mais capacidade de resposta e mais anos de experiência. Contamos com 140 profissionais altamente qualificados, o que nos permite responder em tempo útil mesmo quando os desafios são de elevada complexidade. E os nossos quase 20 anos de experiência colocam-nos numa posição privilegiada como consultora em human-centered design, sem paralelo em Portugal (fomos pioneiros no nosso país).

Além disso, a nossa equipa multidisciplinar (temos antropólogos, psicólogos e sociólogos a par de designers e engenheiros) é composta por profissionais incríveis e altamente motivados por poderem impactar na vida de milhões de utilizadores por todo o mundo. Sabemos que fazemos a diferença.

“Os nossos clientes querem garantir que o desenho dos seus produtos e serviços é centrado nos utilizadores”.

Quais os serviços que mais vos solicitam?
Os nossos clientes querem garantir que o desenho dos seus produtos e serviços é centrado nos utilizadores. Nós trazemos valências que incluem, principalmente, research e design: User Experience (UX) Design, User Interface Design, User Research, Product Design, Service Design, etc.

O aumento do ecommerce tem levado a uma maior procura pelos serviços da Tangível?
Sem dúvida. A concorrência aumentou muito desde a pandemia, e as empresas sabem que qualquer otimização no funil de venda faz toda a diferença. Sabemos como é que os utilizadores pensam e agem quando fazem compras online. Identificamos melhorias e otimizações nos sites. Removemos obstáculos. E depois testamos em laboratório até termos a certeza que a solução é verdadeiramente eficaz.

Qual a vossa unidade de negócio de aposta?
Estamos neste momento a apostar no crescimento internacional como forma de complementar o crescimento em Portugal. Adicionalmente, estamos preparar uma nova oferta a que chamamos “Estratégia e Inovação Centrada no Utilizador”.

Como avaliam o customer experience em Portugal? Estamos no bom caminho?
Estamos sem dúvida no bom caminho. A evolução nos últimos anos é incrível. Portugal tem, hoje em dia, muitos profissionais em posições de relevo nas organizações, e que estão a fazer toda a diferença. Compreendem o impacto que o design centrado no utilizador tem nos seus produtos e serviços. Só temos motivos para estar otimistas.

“Sempre que uma empresa ou organização nos contrata pode estar certa de que vai aprender imenso acerca dos seus utilizadores, com base em evidências, observadas no terreno”.

De que forma a Tangível tem ajudado as empresas em Portugal a desenhar produtos e serviços intuitivos e fáceis de usar?
Temos ajudado a trazer a voz do utilizador para a mesa das decisões. Sempre que uma empresa ou organização nos contrata pode estar certa de que vai aprender imenso acerca dos seus utilizadores, com base em evidências, observadas no terreno. E depois, em fase de design, contando com o conhecimento coletivo desta nossa equipa composta por designers, psicólogos, antropólogos, engenheiros, etc.

Há diferenças entre o setor público e privado no que à usabilidade diz respeito?
O setor público está a fazer um esforço enorme para aproximar os serviços dos cidadãos, sobretudo no online. Não faltam iniciativas. E há muito talento nos organismos públicos. Mas ainda está aquém do que já se faz no setor privado, onde a concorrência obriga a maior velocidade, flexibilidade e rigor.

Ainda há muitas empresas que não percebem o valor ou importância da usabilidade? O que é preciso fazer para alterar este cenário?
Sim, há muitas, desde as que ainda nem sequer consideraram o tema até às que estão iludidas e acreditam ter internamente as competências necessárias. Usabilidade é um investimento com retorno. Permite reduzir custos operacionais e de desenvolvimento, e aumentar vendas e notoriedade. É isto que muitas empresas ainda não perceberam.

E de que forma a Tangível pode ajudar?
Além do trabalho diário de sensibilização que fazemos juntos dos nossos clientes, procuramos chegar ao maior número de profissionais possível. Posso dar dois exemplos: um deles é através de vários eventos que promovemos – como o Dia Mundial da Usabilidade que se celebre no próximo dia 9 de novembro – e patrocinamos; outro é a Tangível Academy, que forma centenas de profissionais em HCD anualmente.

“Queremos aumentar a nossa presença internacional, tanto como consultora em HCD como parceira de outstaffing especializado em HCD”.

Quais os objetivos que esperam alcançar este ano?
Queremos aumentar a nossa presença internacional, tanto como consultora em HCD como parceira de outstaffing especializado em HCD.

Qual tem sido a estratégia de internacionalização da empresa?
Temos apostados em feiras e eventos internacionais prestigiados, através dos quais estabelecemos pontes com parceiros e clientes. Por exemplo, vamos patrocinar em outubro em Dublin o UXDX, o maior evento europeu de UX.

Planos para o futuro da tangível?
Continuar a crescer dentro de fronteiras e lá fora (quem sabe, Estados Unidos e Médio Oriente).

Respostas rápidas:
Maior risco: Investir num projeto de vida (a Tangível) quando o mercado era ainda incipiente.
Maior erro: Não ter profissionalizado a gestão da empresa mais cedo.
Maior lição: Por mais cuidados que se tenha, a mudança é sempre dolorosa.
Maior conquista: Impactar na vida de muitos colaboradores (da Tangível) e utilizadores (dos nossos clientes).

Comentários

Artigos Relacionados