Teletrabalho na Alemanha está a levar à diminuição do número de escritórios

Envolvendo sete cidades alemãs, um estudo do ifo Institute, de Munique, concluiu que o teletrabalho pode reduzir a necessidade de escritórios em 12% até 2030.

Realizado pelo Instituto de Pesquisa Económica (ifo), da Universidade de Munique, e pela consultora imobiliária Colliers, um estudo feito junto de sete cidades alemãs – Berlim, Hamburgo, Munique, Colónia, Frankfurt, Estugarda e Dusseldorf – verificou que o teletrabalho deverá reduzir a necessidade de espaços de escritórios nos próximos seis anos.

Simon Krause, investigador e um dos autores do estudo, explicou que em 2030 “é provável que a procura de espaço de escritórios caia 12%. Isto corresponderia a uma quebra na procura de cerca de 11,5 milhões de metros quadrados nas sete maiores cidades alemãs”.

O novo mundo do trabalho “está a provocar mudanças estruturais no mercado dos escritórios”, conclui o investigador. Simon Krause explicou também que trabalhar regularmente a partir de casa “tornou-se o novo normal para cerca de 25% dos trabalhadores e 69% das empresas. Isto está a levar a uma quebra na procura de espaços de escritório, especialmente entre grandes empresas e nos setores onde o teletrabalho é mais comum”, esclarece o ifo Institute.

E embora muitas empresas já estejam a promover o regresso dos funcionários ao escritório, a proporção de pessoas que na Alemanha trabalha a partir de casa manteve-se estável durante quase dois anos. O investigador esclarece que “muitas empresas optaram por dias fixos para o trabalho de escritório para promover a colaboração pessoal, e dias para os funcionários trabalharem em casa. O futuro pertence a esta forma de trabalho, porque é altamente aceite pelos empregadores e pelos empregados e permite a produtividade necessária”.

Com este cenário, a pesquisa mostra a queda dos volumes de vendas no mercado de arrendamento de escritórios em 2023 para um nível observado pela última vez durante a fase aguda da crise do coronavírus. “Atualmente não há sinais de uma recuperação rápida”, afirmou Andreas Trumpp, da Colliers, coautora do estudo.

“Espaços de escritórios modernos em boas localizações e que atendam aos novos requisitos estão a enfrentar uma alta procura e aumentos no preço de arrendamento. Há menos procura por espaços mais antigos que não conseguem acomodar o novo mundo de trabalho”, acrescentou o coautor do estudo.

Esta pesquisa, que combina dados das pesquisas sobre trabalho em casa do if Institute com 9 mil empresas com dados anonimizados da Colliers sobre arrendamento de escritórios entre 2013 e 2023, mostra ainda que há apenas uma margem limitada para converter escritórios em espaços habitacionais urgentemente necessários.

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