Esta start-up de Silicon Valley quer substituir advogados por robots
A Atrium é a nova start-up de Justin Kan, um empreendedor experiente que, depois de ter tido más experiências com escritórios de advogados, quer automatizar o seu trabalho.
Com a evolução tecnológica dos últimos anos foram muitos os setores que sofreram alterações com a introdução de novas tecnologias. Exemplo disso são áreas como saúde, transportes, educação, finanças, entre tantas outras. Contudo, uma das esferas que a tecnologia não tem privilegiado é a dos advogados, o que pode estar na iminência de mudar.
Isto porque Justin Kan, um empreendedor experiente que criou a Twitch.tv – posteriormente vendida à Amazon por 970 milhões de dólares (≈814M €) – e um dos orientadores de start-ups da incubadora Y-Combinator, está a desenvolver a Atrium, uma nova start-up que promete revolucionar aquele setor.
Segundo um estudo da Universidade de Oxford, 47% dos empregos existentes atualmente nos Estados Unidos poderão ser ocupados por robots nos próximos 20 anos. O software que a JP Morgan desenvolveu é um bom exemplo disso: a líder mundial em serviços financeiros juntou um exército de developers que conceberam um programa capaz de fazer em segundos uma tarefa que os advogados demorariam 360 mil horas.
Os advogados ainda estão longe de se tornarem obsoletos e, por agora, continuam a ser úteis até mesmo no desenvolvimento deste tipo de tecnologia. A equipa da Atrium, que, a longo prazo, quer dominar o setor com a inteligência artificial, é na sua maioria constituída por advogados e engenheiros.
A ideia de desenvolver esta start-up resultou da frustração de Kan ao lidar com firmas de advogados para receber investimentos, fundir ou vender as suas start-ups. Numa entrevista, referiu que nunca sabia o que estava exatamente a pagar e “em Silicon Valley queremos que seja tudo transparente”.
Desta frustração nasceu também o modelo de negócio da Atrium. Em vez de cobrar à hora como a maioria dos escritórios de advogados (o que não faria sentido, visto que se espera que os computadores processem a informação em segundos), a start-up faz uma estimativa da quantidade de trabalho que vai ter com a empresa que contrata os seus serviços e cobra um fee mensal.
Rakow, um advogado que já trabalhava com empresas de Silicon Valley e que foi contratado para a Atrium, referiu ao Washington Post que “toda a gente sabe que este [a Atrium] é o futuro das práticas legais”. E, acrescentou, “não quero passar a segunda metade da minha carreira como um taxista a queixar-se da Uber”.
Mas nem tudo são más notícias para os advogados. Pelo menos por agora. Segundo um professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Frank Levy, que publicou um paper intitulado “Conseguirão os robôs ser advogados?” (que pode ler aqui), apenas 10% de todo o trabalho feito por advogados pode ser automatizado. Apontando o dedo diretamente à Atrium, o professor afirmou que o trabalho dos advogados pode ser caro, mas o trabalho dos engenheiros que estão a desenvolver este software também o é.