Start-ups norte-americanas preferem abrir o capital a serem vendidas

Quando se trata de encontrar saída, algumas empresas de tecnologia dos EUA apostam que conseguem mais valor a partir de uma abertura de capital do que se fossem adquiridas. A Okta e a AppNexus são disso exemplo.

Até há pouco tempo as start-ups podiam contar com generosas avaliações e recursos privados, o que lhes evitava as dores de cabeça de lidarem com os investidores do mercado bolsista. Se uma empresa tivesse de optar por uma das opções de saída – IPO ou por venda – , esta última ser-lhes-ia a mais atraente. No entanto, hoje em dia o peso já pende para o outro lado, segundo Lise Buyer, fundadora da consultora de abertura de capital Class V Group.

As negociações para a aquisição de pelo menos cinco start-ups com valor igual ou superior a 1 bilião de dólares (cerca de 920 mil milhões de euros) nos últimos meses não tiveram sucesso. A Okta é disso exemplo. A fabricante de software de gestão empresarial, com sede em São Francisco, está a promover a oferta pública inicial (IPO) das suas ações, em alternativa à venda.

Já tecnológica publicitária AppNexus, de Nova Iorque, optou pelo chamado processo de duas vias, através do qual tenta ser vendida e ao mesmo tempo abrir o capital, optando no final pela que se revele mais vantajosa, que neste caso, segundo a Bloomberg, terá sido a da abertura do capital.

De acordo com Lise Buyer, esta mudança de comportamento deve-se, em parte, ao sucesso de algumas recentes aberturas de capital, como foi o caso da IPO da Snap, que teve 10 vezes mais procura do que as ações disponíveis, o que levou a que a sua cotação esteja 59% acima do preço da abertura de capital. A programadora de software de cloud MuleSoft foi outro caso, tendo visto o valor das suas ações subir 46% desde sua estreia na bolsa no mês passado.

“As pessoas ficaram entusiasmadas com as últimas transações”, referiu Buyer. Desde setembro, 17 empresas americanas de tecnologia e comunicação captaram 6,3 biliões de dólares (cerca de 5,9 mil milhões de euros) através da abertura do seu capital, segundo dados reunidos pela Bloomberg. No mesmo período, mas há um ano atrás, 13 empresas levantaram 4,6 biliões de dólares (perto de 4,3 mil milhões de euros). As quatro empresas que se estrearam em 2017 tiveram uma valorização média de 31%, tendo superado os 4,6 % do S&P 500.

A Okta foi avaliada em 1,2 biliões de dólares (cerca de 1,1 mil milhões de euros) na última ronda de investimento privado, em 2015, tendo optado pela abertura do capital depois de um ano a tentar encontrar um comprador. Ninguém estava disposto a pagar mais de 1 bilião de dólares (cerca de 900 milhões de euros) pela empresa de software com oito anos de existência, segundo envolvidos no processo citados pela Bloomberg.

Agora que o processo de IPO está em curso, a empresa ainda considera uma oferta, mas a proposta teria de ser superior 2 biliões de dólares (cerca de 1,9 mil milhões de euros). A Okta está a tentar captar até 165 milhões de dólares (cerca de 156 milhões de euros) com a abertura do seu capital. Caso consiga o valor máximo pretendido após a operação da abertura do capital, a Okta ficará avaliada  em aproximadamente 1,4 biliões de dólares (1,3 mil milhões de euros).

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