Start-ups têm menos de 1% de hipóteses de chegar a unicórnio
Estudo mostra que o investimento de capital de risco ao longo das fases de crescimento de uma start-up é decorrente de um processo natural de seleção. 70% das empresas com investimento semente ficam sozinhas ou morrem ao longo do processo.
É sabido que a maioria das start-ups falham mas, quando olhamos para os dados é possível ver a dura realidade nos números e perceber melhor em que fases do ciclo de investimento estas começam a perder tração.
A CB Insights acompanhou cerca de mil start-ups desde o momento em que levantaram o seu primeiro investimento semente com o objetivo de ver o que lhes acontecia empiricamente. Desta forma, o que podem os fundadores de uma start-up esperar assim que recebem o seu primeiro fundo semente?
Segundo os dados, cerca de 70% das start-ups paralisam a dada altura durante o processo de venture capital (VC) e falham a saída ou o levantamento de um novo investimento.
Das 1098 empresas tecnológicas que a CB Insights identificou como tendo levantado investimento semente nos Estados Unidos entre 2008 e 2010, menos de metade (46%) conseguiu levantar uma segunda ronda de investimento. Cada uma das rondas que se seguiram apresentaram menos start-ups face às inicialmente investidas. Apenas 14% das empresas que a CB Insights acompanhou chegaram a uma quarta ronda de investimento, a habitual Série C.
Estas empresas foram acompanhadas desde a sua primeira ronda de investimento, entre 2008 e 2010, até ao final de fevereiro de 2017. É de assinalar que, entre 2088 e 2010, o investimento semente não era tão visível como hoje em dia. Este ganhou popularidade nos últimos anos com a explosão de micro VC e o aumento da frequência de investimentos semente através de fundos em vários estádios de desenvolvimento.
A CB Insights acredita que se repetisse este estudo daqui a uns anos os números seriam bem diferentes e que provavelmente haveria uma proporção ainda menor de empresas a conseguirem obter financiamento de Série A e Série B.
Do estudo conduzido concluiu-se que:
– Quase metade das empresas (46%) que levantaram o seu investimento seed entre 2008 e 2010 conseguiram levantar uma segunda ronda de investimento.
– 28% das empresas que levantaram investimento seed entre 2008 e 2010, conseguiram desinvestir através de fusões e aquisições (M&A) ou de oferta pública inicial (IPO) após seis rondas de investimento.
– Menos de 1% das empresas que conseguiram captar investimento semente tornaram-se unicórnios, com avaliações acima de 1 bilião de dólares (cerca de 872 milhões de euros). Algumas destas empresas tornaram-se nas empresas tecnológicas mais conhecidas da década, como a Uber, a Airbnb e a Slack.
– 70% das empresas ou morreram ou tornaram-se autossustentáveis (algo talvez fantástico para as empresas, mas não tanto para os investidores). É difícil conseguir saber o que levou especificamente à queda destas empresas, uma vez que a obtenção de financiamento é largamente anunciada, o mesmo não acontecendo com o fluxo de caixa positivo ou com o lucro obtido. Para além disso, algumas empresas mantêm-se quase inativas durante anos antes de serem darem como cessadas. Já para não falar que a morte das empresas geralmente não vem acompanhada de um anúncio oficial que permita saber que cessaram a atividade.
Outras das conclusões a que chegou a CB Insights foi que o investimento semente mais frequente foi de 400 mil dólares (cerca e 349 mil euros), sendo o valor médio de 700 mil dólares (cerca de 610 mil euros), e que a diferença entre o valor mais frequente e a média das rondas de investimento aumenta ao longo do tempo, mostrando que as grandes rondas em estágios mais tardios apresentam médias superiores. Na quinta ronda de investimento o valor médio foi de 40 milhões de dólares, mas com uma média de 175 milhões de dólares (cerca de 153 milhões de euros).
Outra das constatações foi que 61% das empresas que levantaram um novo investimento conseguiram voltar a fazê-lo. Ou seja, é mais fácil uma empresa conseguir levantar um investimento de Série B do que um de Série A.
Das empresas que o estudo da CB Insights acompanhou, 10 conseguiram um desinvestimento acima dos 500 milhões de dólares (cerca de 436 milhões de euros) e apenas 5 (Nutanix, Covermymeds, Twilio, Trade Desk e Instagram) acima de 1 bilião de dólares (cerca de 872 milhões de euros), o que demonstra a raridade de desinvestimentos nesses montantes.