Start-ups de tecnologia florestal que prometem fazer a diferença
Preservação das florestas, combater práticas pouco sustentáveis e transparentes são objetivos que movem dezenas de start-up europeias, entre as quais duas portuguesas: a 20tree.ai e a Tesselo.
Com as questões ambientais, e em particular as florestais, na ordem do dia, as start-ups têm encontrado nesta área da vida um terreno fértil para dar largas à sua criatividade e inovação.
Os problemas mundiais relacionados com a preservação florestal e com as práticas pouco sustentáveis de corte e utilização de madeira, com os inevitáveis riscos nas alterações climáticas, têm feito surgiu projetos tecnológicos inovadores que permitem, entre outras valências, minimizar os danos que este setor tem sofrido.
A Europa tem sido palco da criação de start-ups com soluções inovadoras e a Eu-Startups reuniu dez exemplos de tecnologias que prometem fazer a diferença. A inovação portuguesa não foi esquecida: a Tesselo e a 20tree.ai constam da lista das promessas para 2020.
Xileno – Criada na Alemanha por Giuseppe Benenati e Christopher Edwards, em 2019, esta start-up quer revolucionar a forma como a madeira é fornecida nos mercados internacionais. O projeto consiste numa solução que fornece transparência e rastreabilidade a todos os produtores e importadores dos produtos, permitindo que eles assumam o controle de sua cadeia de fornecedores e cumpram a legislação, ao mesmo tempo que valida a origem da madeira. A Xileno combina tecnologia espacial, com blockchain e mapeamento.
Timbeter – Esta start-up de tecnologia florestal é especializada em medição de madeira e gestão de dados usando inteligência artificial. Com o objetivo de tornar a silvicultura mais sustentável, introduziu uma aplicação para smartphone que ajuda a medir madeira com rapidez e precisão. A Timbeter tem sede em Tallin, na Estónia, e promete otimizar a silvicultura, assegurando o comércio legal de madeira.
20tree.ai – A start-up portuguesa quer tornar-se um padrão na inteligência preditiva do planeta, através de recursos como inteligência artificial, imagens de satélite e poder de computação. Criada há dois anos, a 20tree.ai fornece uma solução que ajuda as empresas da indústria florestal, ONGs e governos a melhorarem a tomada de decisões com insights precisos sobre os recursos naturais. Combina o monitoramento diário do planeta com os dados Sentinel 1 e 2, do Copernicus, para entender as características das florestas e usar a madeira de forma sustentável.
CollectiveCrunch -– Esta start-up escandinava, da Finlândia, tem como objetivo usar o poder da tecnologia no mundo dos recursos naturais. Desenvolveu uma plataforma de IA, conhecida como Linda Forest, que consiste numa solução SaaS que prevê as áreas de floresta, as espécies de madeira e a qualidade da madeira nas áreas-alvo com mais precisão do que qualquer método convencional. A CollectiveCrunch recorre a dados climáticos e geográficos para fazer melhores previsões do inventário florestal. Dizem os especialistas que a plataforma tem potencial para se tornar o “Google Maps” da indústria florestal, lidando com as florestas de uma maneira muito mais sustentável e dinâmica.
Ecosia – Com sede em Berlim, Alemanha, esta “empresa social”, promete salvar o meio ambiente e mitigar as mudanças climáticas através da internet. A Ecosia apresenta-se como um motor de pesquisa que usa as receitas publicitárias para reflorestar o planeta. Até agora, a empresa plantou mais de 80 milhões de árvores na Etiópia, Brasil, Indonésia, Espanha e outros pontos críticos da biodiversidade. O número de utilizadores ativos mensais aumentou de 8 milhões para 15 milhões em 2019.
Satelligence – A start-up holandesa utiliza dados de satélite para combater o desmatamento e proteger os recursos naturais. A sua equipa está sediada em Utrecht e trabalha com ONGs ambientais, agências governamentais e grandes cadeias de valor de commodities. Recentemente juntou-se à empresa de gestão de investimentos Robeco para tornar realidade o investimento em sustentabilidade e detetar o desmatamento em plantações de óleo de palma na Malásia e na Indonésia.
Tesselo – A portuguesa Tesselo atua no domínio dos desastres naturais como os incêndios florestais, combinando o uso de imagens de satélite e inteligência artificial. Fundada em 2017, a start-up está focada na preservação de áreas florestais e é capaz de classificar espécies de árvores, medir e prever o crescimento da floresta, monitorizar culturas, detetar pragas e até estimar o risco ou impacto de incêndios florestais.
Dendra Systems – Anteriormente designada BioCarbon Engineering, a Dendra Systems é uma start-up inglesa que utiliza inteligência artificial e drones para replantar o planeta. Promete ser 150 vezes mais rápida que qualquer outro método tradicional de plantação, uma vez que através do seu método as sementes são lançadas diretamente no chão, cobertas por uma cápsula biodegradável, com a ajuda de drones.
Land Life Company – Sediada em Amesterdão, esta start-up especializou-se em dar vida a terras degradadas, oferecendo serviços completos de reflorestamento. Surgiu com uma solução de baixo custo, sustentável e escalável, uma tecnologia COCOON, que permite revitalizar ecossistemas e comunidades inteiras em todo o mundo.
Está presente em 25 países e já conseguiu patentear um produto que permite que as árvores cresçam em terras secas e degradadas. Usando brocas guiadas por GPS e sistemas de plantação automatizados para aumentar a velocidade e a eficiência no campo, a Land Life está a recuperar a natureza em locais difíceis. Em 2019 plantou um 1 milhão de árvores, número que quer triplicar até a final deste ano.
Terramonitor – Criada na Finlândia, esta start-up tem como missão democratizar os dados de satélite e torná-los acessíveis a todos. A sua equipa desenvolveu o ForestMonitor, um serviço completo para obter imagens atualizadas de florestas e outras áreas de terra. Os mapas no ForestMonitor são pré-processados usando inteligência artificial e machine learning. Além de fornecer um relatório preciso da exploração madeireira, a start-up promete melhorar a maneira como as florestas são geridas e se desenvolvem, detetando, por exemplo, mudanças na biodiversidade