Start-up pretende ligar cérebros a uma cloud – mas há um senão
A Nectome quer preservar cérebros humanos através de um processo de vitrificação que já foi testado em coelhos. O objetivo é conservar os cérebros humanos para futuros cientistas conseguirem criar uma simulação a partir destes.
Se já viu a série do Netflix Black Mirror, esta start-up pode fazer-lhe lembrar o episódio San Junipero, onde as personagens são ligadas a uma cloud para disfrutarem de um mundo de realidade virtual.
Apesar de ainda não termos chegado a esse ponto, a Nectome pode ter dado um passo em frente para tornar a ficção da série numa realidade. Fundada em 2016 por dois investigadores de inteligência artificial do MIT, esta start-up quer tornar a preservação de cérebros num negócio rentável. Em poucas palavras, o processo apresentado pela Nectome vitrifica os cérebros, ou seja, transforma-os em vidro.
Apesar de parecer algo saído de um filme barato de ficção científica, a verdade é que este processo já fez com que a start-up fosse condecorada duas vezes pela Brain Preservation Foundation. Em 2016, por preservar o cérebro de um coelho e, em 2018, por conseguir o mesmo feito com um porco.
Mais: a Nectome não só conseguiu estes prémios, como também foi aceite numa das aceleradoras mais conhecidas do mundo, a Y Combinator. Um dos diretores executivos desta organização que apoia start-ups, Sam Altman, foi uma das primeiras 25 pessoas a pagar um depósito de 10 mil dólares para entrar para a lista de espera.
Portanto, razões para levar este negócio a sério não faltam. O grande senão de todo o método da Nectome passa pelo timing em que o cérebro tem de ser preservado. Para conseguirem preservar o órgão de forma eficaz os cientistas têm de introduzir os químicos que substituem o sangue e petrificam o cérebro na altura da morte.
Isto significa que para preservarem as redes neurais dos seus potenciais clientes eficazmente, os químicos desenvolvidos pela equipa de cientistas têm de ser a causa da morte. A Nectome acredita que os seus serviços podem ser legais em estados norte-americanos que têm leis robustas em relação à eutanásia.
A start-up pretende demonstrar uma simulação de uma rede neural em ambiente real por volta de 2024.