Entre com a sua start-up na bolsa para impressionar os investidores

Embora ainda não exista uma grande cultura bolsista entre os empreendedores, alguns já se interessam por começar a cotar e a tornarem-se mais visíveis para os investidores. Conheça alguns casos que nos chegam do país vizinho.

Cotar na bolsa não está só ao alcance das grandes empresas. As mais pequenas também têm um espaço no mercado bolsista, o que lhes permite ganhar visibilidade e aceder a uma nova forma de financiamento. Assim o demonstram empresas como a Xesol Innovation, uma start-up espanhola que desenvolveu um sistema de condução automatizada. Depois de avaliar várias opções, como cotar no mercado bolsista alternativo (MAB, na singla em espanhol), em Espanha, na Bolsa de Londres ou até no Nasdaq americano, finalmente optou pela praça britânica, avança o site espanhol Expansión.

“Conhecemos o mercado, acreditamos que nos vai trazer mais liquidez e uma grande visibilidade global. Queremos reforçar a nossa presença internacional, já que grande quantidade dos nossos clientes se localiza noutros países”, explica José Nogueira, fundador da empresa. Embora começar a cotar não entre nos planos da maioria das start-ups, o caso da Xesol Innovation é uma demonstração de como começa a nascer uma cultura bolsista no ecossistema empreendedor.

Em geral, os preparativos para entrar num mercado financeiro e as alterações no funcionamento de uma start-up costumam deixar para trás os empreendedores na hora de converter a sua empresa numa empresa cotada. “O percurso natural de uma empresa nova é conseguir financiamento durante fases semente através do venture capital. Têm que alcançar alguma maturidade e depois já podem começar a pensar em cotar, mas depende muito dos objetivos do empreendedor. No caso das start-ups tecnológicas, o ideal é correr a praças muito específicas como as americanas, nas quais predominem estas empresas”, afirma Francisco López, diretor da área de finanças da IE, em Espanha.

Neste sentido, Rodolfo Carpintier, presidente e CEO da Digital Assets Deployment (DAD), recorda que a implantação em diferentes mercados vai oferecer novas oportunidades às start-ups. É o caso da Euronext, que tem sede em Amesterdão e que está a tentar ganhar quota de mercado na Europa.

Não obstante, a saída natural das empresas espanholas é o MAB, mercado dedicado a empresas de reduzida capitalização e que procuram expandir-se. No MAB operam 40 organizações.

Entrar no MAB exige uma mudança de mentalidade

“Entrar no MAB é uma mudança radical na gestão da empresa. Por exemplo, há que ser uma Sociedade Anónima (SA). Ao mesmo tempo, a empresa aumenta a sua capacidade para se relacionar com os diferentes atores do mercado”, assinala Fernando Ibáñez, membro do Big Ban Angels.

  • Um dos primeiros passos antes de embarcar numa operação como esta é saber quanto vale a empresa. É algo essencial durante o roadshow, quando os empreendedores se apresentam aos investidores. “A valorização destas empresas tão novas é um processo muito complexo. Não têm um histórico e apenas há referências no mercado desse tipo de empresas. Além disso, são empresas de alto risco. Há que provar como vão responder em diferentes cenários e devem ser tidos em conta os aspetos tangíveis e intangíveis”, explica Roberto Guiñales, diretor da área financeira de advisory da Gesvalt.
  • A grande vantagem de entrar no MAB é que a start-up acede a uma nova forma de financiamento e assim pode contar com uma maior liquidez para superar os períodos nos quais baixam as receitas. Além disso, os empreendedores não perdem o controlo da empresa, já que não é obrigatório que coloquem todo o capital. Apesar disso, despertam mais confiança entre os investidores, pois estes sabem quanto valem realmente as suas ações.
  • Os custos dos preparativos são altos e, entre outras coisas, destinam-se a pagar a figuras imprescindíveis como o assessor registado, a agência colocadora e o provedor de liquidez. Neste ponto, as start-ups podem aceder ao empréstimo do Enisa específico para entradas na Bolsa, que empresta até 1,5 milhões de euros.
  • Um dos desafios para as start-ups é que devem ser empresas totalmente transparentes. Têm que comunicar todas as suas operações.

Quando a meta é a Bolsa de Londres

A start-up de Vigo Xesol Innovation acabou de desenvolver o seu software de condução automatizada (ADAS) no ano passado e agora quer cotar-se na Bolsa de Londres. “Propusemo-nos deixar de funcionar como um centro tecnológico, para operar como uma empresa profissionalizada. A única forma de ser publicamente solvente é estar cotado”, explica José Nogueira, fundador desta empresa. O primeiro passo que deram foi mudar a sua estrutura e dotaram a organização de diferentes departamentos, como o de recursos humanos, vendas e finanças.

Depois, recorreram à Gesvalt, empresa de consultoria e avaliação de ativos nos setores imobiliário, financeiro e industrial. Esta realizou a avaliação da empresa que ascendeu a 230 milhões de euros. “Esta start-up atraiu-nos pela experiência da sua equipa e por ser um projeto que reunia várias das tendências atuais: transporte, inteligência artificial e conectividade. Tudo isso faz que tenha uma boa pontuação, tratando-se de uma start-up”, reconhece Roberto Guiñales, diretor da área financeira e ‘advisory’ da Gesvalt.

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