Start-up arrecada 75 milhões de dólares via Zoom

Mais do que nunca, esta é uma altura difícil para as start-ups que procuram obter financiamento. Mas há quem consiga. Claro que ajuda se o negócio da start-up tiver como base tecnologia de que os investidores precisam para trabalhar.
A BetterCloud, com sede em Manhattan, nos EUA, anunciou no final de maio que anagriou 75 milhões de dólares (66 milhões de euros) junto de um grupo de investidores. O dinheiro vai ser aplicado na expansão do software que ajuda as empresas a gerir as suas aplicações na cloud (como o G Suite, o Microsoft Office, a Dropbox, Salesforce ou Slack).
Para o CEO da BetterCloud, David Politis, a procura futura pelo seu produto ficou comprovada durante o pitch aos investidores. O processo deu-se mediante dezenas de conferências via Zoom em abril. Esta é uma grande mudança para um processo que é tradicionalmente feito com interações cara a cara.
David Politis diz que era impensável “fazer isto há quatro meses. Atingimos um grande ponto de viragem no uso de aplicações na cloud. E as empresas que demoraram a adotar estas tecnologias agora não têm escolha”.
A grande mudança a nível mundial para o trabalho remoto levou a que os departamentos de tecnologia de informação das empresas tivessem de gerir dezenas de aplicações e utilizadores fora das redes controladas. A BetterCloud afirma que pode ajudar a automatizar esforços fastidiosos, como gerir as muitas contas de novas contratações e encerrar as de quem sai das empresas. O software rastreia onde os arquivos dos funcionários estão guardados e disponíveis, impedindo que um documento incorreto exponha detalhes privados da organização, por exemplo.
As empresas pagam à BetterCloud uma subscrição anual de 50 a 100 mil dólares (44 a 89 mil euros) pelo serviço. Entre os seus clientes, encontram-se a Instacart, a Blue Apron, a Justworks ou a Buzzfeed.
A última ronda de financiamento, que incluiu novos investimentos da Accel e da Bain Capital Ventures, levou a que a nova-iorquina BetterCloud tenha angariado pouco menos de 200 milhões de dólares (177 milhões de euros) desde o seu lançamento em 2011. A empresa expandiu o escritório no inverno para acomodar os quase 300 funcionários, mas desde março que estão todos a trabalhar remotamente.
Este negócio é a mais recente evidência de que ainda há dinheiro de risco para as empresas com o tipo certo de negócio. No primeiro trimestre deste ano o financiamento de risco caiu um terço em relação ao período homólogo, de acordo com dados da CB Insights/PricewaterhouseCoopers. O total de negócios caiu 15%.
Muitas das tecnológicas de Nova Iorque dizem que vão precisar de apoios federais, dado que as empresas de capital de risco estão a reduzir os novos investimentos, segundo um relatório de abril do Center for a Urban Future.
O CEO da BetterCloud começou a reunir-se com investidores para esta última ronda antes do abrandamento económico de março, o que ele diz ter ajudado a prosseguir assim que as negociações mudaram para online. Mas também considera que outros podem não ter tido essa sorte. “Este é um relacionamento tão importante que, se não nos tivéssemos conhecido antes, penso que teria sido difícil ambas as partes se sentirem confortáveis”, refere David Politis.
E, até para o CEO de uma empresa de software, há um limite de tempo para uma pessoa conseguir estar na cloud. “Penso que todos estamos ansiosos pela primeira reunião do conselho de administração onde consigamos estar juntos de novo, lado a lado”, conclui.