Spe Futuri, Investidores: Quando a pandemia se torna numa oportunidade de crescimento

Como tem sido a vida de um investidor nos últimos meses? Como é que se gere uma participada num dos setores mais afetados pela pandemia? Como transformar uma crise numa oportunidade?  Estas foram algumas questões debatidas no Spe Futuri, Investidores desta semana, que contou com a participação do cofundador da Ganexa Capital e do CEO da Nourish Care.

Vivem-se momentos conturbados a nível económico em Portugal e no mundo. Mas os investidores e os empreendedores mantêm o otimismo. Que o digam Diamantino Costa, cofundador da Ganexa Capital, e Nuno Almeida, CEO da Nourish Care, que estiveram à conversa com o empresário Ricardo Luz no Spe Futuri, Investidores desta semana.

O investidor começou por referir que “algumas das participadas do nosso portefólio, alguns investimentos que estamos a procurar fechar, eu diria, estão em franco crescimento económico”, dando como exemplo a Nourish Care, lançada em 2011, que desenvolve soluções e serviços de assistência à autonomia no domicílio para o mercado global e que transformou a pandemia numa oportunidade de crescimento.

A Nourish Care é o culminar de anos de colaboração com prestadores de cuidados sociais e famílias. A start-up permite que os cuidadores planeiam, registem, relatem e coordenem os cuidados, tudo com foco na pessoa. Num momento de crescente procura por cuidados sociais, a Nourish está a usar tecnologia e o design para capacitar os cuidadores a ajudar as pessoas de quem cuidam a desfrutar de uma melhor qualidade de vida, explicou Nuno Almeida.

Ao contrário do que se previa, durante a pandemia os serviços da start-up entraram “no topo 3 da maior parte dos CEO de grandes prestadores de cuidados sociais”, frisou.

Veja o vídeo desta semana:

Leia alguns headlines.

Diamantino Costa, Ganexa Capital

“A expetativa que tinha em março era mais negativa do que a que tenho agora. A maior parte do nosso portefólio, por exemplo da Ganexa Capital, tem resistido bem à mudança em termos de procura no mercado em que estão”.

“As crises trazem oportunidades, e de facto, para quem está envolvido no digital, em fomentar o trabalho a partir de casa, a cooperação à distância. E é um caso aqui muito interessante. A Nourish Care está a ser beneficiada por este efeito lateral. Não é uma Health Tech pura, o Nuno Almeida está ali perto das tecnologias de saúde, alguns dos seus clientes prestam serviços de saúde, mas o central é a compliance”.

“Os processos de gestão de equipamentos como sejam os lares que são apoiados, geridos por IPSS, entidades privadas, mas que têm apoio público mostram que há espaço para tornar eletrónicos uma série de processos, nomeadamente de compliance, de registo (…). O setor onde está o Nuno e a Nourish Care está muito avançado”.

“Os jovens portugueses estão cada vez mais abertos ao mundo. É cada vez mais fácil esperar que os jovens não se formem em Portugal e que o façam lá fora porque veem que lhes dá acesso a um patamar, a uma piscina maior quando acabarem a formação”.

“Tem se falado muito e cada vez mais nas grandes empresas de tecnologia no que parece ser uma caminhada para haver robotização, não só no sentido de haver robots, mas de automatização de processos e que vão eventualmente eliminar postos de trabalho (…) É uma discussão que nos vai alimentar. Eu recordo-me que a tecnologia veio muito com esta promessa de quase que podemos voltar a uma sociedade clássica, grega que as pessoas tinham tempo para pensar, não faziam nada, a sociedade funcionava para uma elite privilegiada. No fundo, pensamos que todos podemos ser essa elite privilegiada porque as tecnologias vão trabalhar para nós. Eu continuo a achar que não (…) A Humanidade vai continuar a trabalhar (…)”.

Nuno Oliveira, Nourish Care

“A Nourish Care é um projeto que comecei em 2011. É um projeto paixão de vida muito focado em tentar impor alguma transformação de processos, utilizando ferramentas digitais num ambiente de cuidados sociais que é tipicamente anti-tecnologia (…)”.

“No mercado português tivemos uma presença durante dois ou três anos que foi um encontro de conveniências. Por um lado, a disponibilidade de recursos para desenvolvimento de software a um nível que não existia no Reino Unido (…) Assim que apostámos com alguma força na comercialização deparámo-nos com a assimetria dos dois mercados”.

“Com a disrupção trazida pelo Covid-19, aquilo que nos aconteceu foi interessante. Em março começámos a receber notificações de clientes com um portefólio grande de serviços – estamos a falar de alguns clientes que têm mais de 200 localizações onde são fornecidos serviços sociais – em que Nourish estava a suportar 10% do portefólio desses clientes e, de repente, há um plano on boardind desses clientes que se espalha aos longos dos 36, 48 meses”.

“Ate março de 2020, a Nourisg era um «nice to have» dos grandes prestadores de cuidados sociais, era algo que gostavam de ter porque os preparava mais em termos de resiliência, segurança clínica, etc, mas a partir de abril, a seguir ao garantir de que as pessoas tinham comida e equipamento de proteção contra infeções, vinha a Nourish vinha logo”.

“Eu passei a fazer parte de um grupo muito pequeno no Reino Unido que passou a ser ouvido pelo Governo e pelo Sistema Nacional de Saúde e sinto completamente que vamos avançar de uma taxa de penetração no mercado de cerca de 30% de sistemas digitais para planeamento de cuidados sociais para eventualmente chegarmos a 100% de penetração nos próximos 3 a 4 anos”.

“O nosso suporte ao cliente é um dos nossos diferenciadores que é tão importante como o produto digital e a plataforma digital”.

Reveja as conversas anteriores:

António Murta, fundador e CEO da Pathena, e Renato Oliveira, fundador e CEO da eBankit.
João Brazão, CEO da Eureekka e business angel, e João Marques da Silva, CEO da CateringAssiste.
Francisco Horta e Costa, managing director da CBRE, e Ricardo Santos, CEO da start-up Heptasense.
João Arantes e Oliveira, fundador e partner da HCapital Partners, e Nuno Matos Sequeira, diretor da Solzaima.
Tim Vieira, CEO da Bravegeneration, e Pedro Lopes, fundador da Infinitebook.
Luís Manuel, diretor executivo da EDP Innovation, e Carlos Lei Santos, CEO e cofundador da HypeLabs.
António Miguel, fundador e CEO da MAZE, e Guilherme Guerra, fundador e CEO da Rnters.
João Amaro, Managing Partner da Inter-Risco, e Carlos Palhares, CEO da Mecwide.
Pedro Lourenço, administrador da Ideias Glaciares, e Pedro Almeida, fundador e CEO da MindProber.
Alexandre Santos, diretor de investimento na Sonae IM e cofundador da Bright Pixel, e João Aroso, cofundador e CEO da Advertio.
Francisco Ferreira Pinto, partner da Bynd Venture Capital, e Eduardo Freire Rodrigues, cofundador e CEO da UpHill.
Basílio Simões, business angel e fundador da Vega Ventures, e Gustavo Silva, cofundador e CMO da Homeit.
Manuel Tarré, presidente da Gelpeixe, e Nuno Melo, cofundador e sócio da Boost IT.
José Serra, fundador e managing partner da Olisipo Way, e Tocha Serra, Partner & Startup Spotter da Corpfolio.
Stephan Morais, fundador e diretor-geral da Indico Capital Partners, e André Jordão, CEO da Barkyn.
Ricardo Perdigão Henriques, CEO da Hovione Capital, e Nuno Prego Ramos, CEO da CellmAbs.
Pedro Ribeiro Santos, sócio da Armilar Venture Partners, e Jaime Jorge, CEO da Codacy.
Miguel Ribeiro Ferreira, investidor e chairman da Fonte Viva, e João Cortinhas, fundador e CEO da Swonkie.
Cíntia Mano, investidora que está ligada à REDangels e à COREangels Atlantic, e Marcelo Bastos, fundador da start-up Sizebay

 

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