Slogans das start-ups têm falta de originalidade, diz estudo

Assinaturas de marca muito convencionais não espelham o espírito disruptivo próprio das start-ups, conclui um estudo do Observatório francês dos Slogans.

Beyond, Company, Smart, Make (ou making), Clique: são as cinco palavras preferidas pelas start-ups nos seus slogans, segundo um estudo do Observatório francês dos Slogans, citado pelo Les Echos. O estudo analisou uma amostra de 250 slogans de start-ups provenientes de diferentes setores e criados depois de 2010.

Para além de uma grande propensão para passar as suas mensagens em inglês, as jovens empresas utilizam assinaturas mais descritivas em comparação com as marcas clássicas. Em 40% dos casos, a sua prioridade visa dar a conhecer de maneira básica o que fazem e qual o seu target.

As palavras preferidas das start-up

  • Beyond: à semelhança das empresas de vanguarda, as start-ups gostam de ir mais além, inscrevendo assim a inovação no seu ADN.
    Exemplo: Quorum impact – “Data beyond expectations“.
  • Company: para além de uma tendência para querer descrever a sua área de negócio, o emprego deste termo mostra uma procura de legitimidade e de status.
    Exemplo: Ynsect – “The insect company“.
  • Smart: significa quer a tecnologia dos objetos conectados, quer uma maneira astuciosa e inteligente de fazer as coisas.
    Exemplo: Actility – “Making things Smart“.
  • Make, makes ou making: verbo de ação em inglês que sublinha os benefícios tangíveis implementados.
    Exemplo: Scality – “Scality makes magic in storage“.
  • Clique: emblema do mundo digital, o «clique» é também uma promessa de simplicidade endereçada ao consumidor.
    Exemplo: Mes docteurs.com – “Um clique, um médico, uma resposta”.

Ainda de acordo com o estudo, comparando com os slogans da publicidade moderna, as linhas de base das start-ups aparecem muito “terra-a-terra”. Contaminadas pelo exercício do pitch, onde é preciso explicar a inovação e para que serve, esta comunicação convencional reflete muito pouco a descontração e personalização tão características das start-ups.

Outro ponto negativo sublinhado pelo estudo relaciona-se com o facto de os slogans das start-ups serem frequentemente alterados, tendo em conta a  evolução do seu modelo e do seu website.

“No universo maravilhoso das start-ups, uma ideia ou um produto são suficientes para conquistar o mercado”, afirma Benjamin Cambresy, consultor em criação de marca na agência Fondamenti que coordenou o estudo. Focadas na compreensão das suas inovações, as start-ups esquecem-se, muitas vezes, de se tornar atrativas para o mercado e privam-se de um meio para construir uma verdadeira marca, acrescenta o responsável. “Quando tiverem concorrentes fortes, ser-lhes-á mais difícil diferenciar-se e suscitar a adesão”, confessa.

“Tomem como exemplo o primeiro slogan da Apple: Byte into an Apple lançado há 20 anos atrás – antes de nos encher cabeça com o seu “Think Different”, exemplificou Benjamin Cambresy, referindo que qualquer jovem empresa, à imitação da empresa da maçã, se distinguirá minimamente se exprimir a sua personalidade.

Outro exemplo é da Wandercraft (exosqueleto para deficientes motores) que adotou o slogan “Uma vida comum para pessoas extraordinárias”. Um paradoxo que significa não só o benefício do produto, mas também a empatia do público alvo.

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