Singapura: como a cidade mais cara do mundo se está a tornar na mais tecnológica
Singapura, a cidade mais cara do mundo e que mais rapidamente vê nascer milionários, tem um novo objetivo. Para além de ser a mais próspera da Ásia e do mundo, quer ser também a cidade mais tecnológica do mundo. E já está a fazer por isso!
Singapura, a pequena ilha asiática com poucos recursos naturais e recém-independente que se reinventou até se tornar na cidade-Estado mais próspera da Ásia e do mundo, é hoje um exemplo de eficiência energética e de modernidade.
Sendo o país que mais rapidamente produz milionários no mundo e um dos que mais talento global atrai, e albergando a cidade mais cara do mundo, segundo o último índice da Unidade de Investigação da revista britânica The Economist, Singapura apresenta-se como uma mistura entre o capitalismo privado e o intervencionismo estatal.
O seus objetivos para o futuro são promissores: quer tornar-se no país com mais tecnologia do mundo. “As pessoas visitarão Singapura e dirão: ‘Vi o futuro e funciona’”. Foi com estas palavras que o ministro dos Negócios Estrangeiros de Singapura, Vivian Balakrishnan, anunciou o plano de transformar a cidade-Estado no primeiro país tecnológico do mundo.
Este programa do governo de Singapura começou há dois anos e é muito ambicioso. O lema do governo é que: “Já há muitas cidades tecnológicas, mas só uma Nação tecnológica”.
Na verdade, em Singapura tudo gira à volta da tecnologia. Os seus habitantes contam já com uma rede de fibra ótica que se estende a todo o comprimento e largura da ilha. O país regista três telemóveis por cada dois cidadãos.
Mas as autoridades querem ir mais longe e transformar Singapura num “laboratório vivo”, numa espécie de mostra de soluções tecnológicas para questões urbanas.
O BBC Mundo reuniu alguns dos passos que Singapura já deu para materializar este novo desafio.
Vigilância absoluta
O governo de Singapura criou uma rede de sensores para monitorizar a poluição e o trânsito, sendo que alguns edifícios já possuem inclusive sensores em apartamentos de idosos e localizadores com um “botão de pânico” incorporado, para que a família ou as autoridades possam ser rapidamente avisadas.
O país está coberto por um número considerável de sensores e câmaras, de forma a que o governo possa controlar tudo o que ocorre. Os drones são uma das tecnologias mais utilizadas em termos de vigilância. Ainda não foi revelado o custo total desta iniciativa.
Mapas 3D de consumo energético
O governo de Singapura criou também um impressionante mapa em três dimensões, que lhe permite ver os mais pequenos detalhes, em especial no que diz respeito à eficiência energética.
“Se fizermos clique num edifício, conseguimos saber, por exemplo, o consumo e geração de energia do mesmo. E se fizermos clique no painel solar, obtemos mais informação”, contou Terence Tan, da plataforma governamental Virtual Singapore, à BBC.
O programa também permite gerir a gestão de resíduos, “simulando como se organiza o depósito do lixo no edifício e como se procede à recolha, através de linhas verdes e vermelhas.
Hospitais robotizados
No Hospital Geral Changi, em Singapura, há médicos humanos e robots. Quatro robots HOSPI – desenvolvidos pela Panasonic – passaram a fazer parte da equipa do centro em 2015. Estes estão encarregues do transporte de medicamentos e de equipamentos, e de ajudar os médicos. São tão altos como uma pessoa e capazes de interagir com humanos e “sorriem” através do seu ecrã.
Mas no hospital há também outro tipo de robot, os AGV, que transportam equipamentos de maiores dimensões e, claro, vários robots cirurgiões, para além de sistemas inteligentes de geo-localização de doentes e análise dos dados recolhidos.
Hortas e jardins verticais
Localizada no 23º distrito de Singapura, a Tree House é uma urbanização residencial com prédios de 24 pisos e constitui o maior jardim vertical do mundo.
Para além disso, os seus Gardens by the Bay (jardins junto à baía) são uma demonstração de sustentabilidade, de arquitetura inovadora e de tecnologia de ponta, num projeto ambicioso que tem tido excelentes resultados.
As “super-árvores” regulam a temperatura, através da absorção e libertação de calor, recolhendo a água da chuva e oferecendo uma vista panorâmica sobre a cidade. Já as hortas verticais permitem o cultivo até ao topo, poupando energia.
Táxis autónomos
A cidade de Singapura conta também com táxis inteligentes que funcionam sem condutor e se movimentam independentemente pela cidade.
Singapura transformou-se desta forma na primeira cidade do mundo a introduzir o uso deste tipo de veículos. Os veículos foram criados pela nuTonomy, uma start-up que nasceu no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), nos EUA.
Emilio Frazzoli, professor de engenharia aeronáutica do MIT, cofundador e diretor de tecnologia da nuTonomy, calculou que, teoricamente, cerca de 300 mil táxis sem condutor pudessem fazer o trabalho dos 780 mil táxis tradicionais que operam atualmente em Singapura, reduzindo os tempos de espera em 15 minutos. “Corresponderia a uma redução de 60% no número de veículos que circulam em Singapura”, referiu Frazzoli. “No princípio, pedimos-lhes que nos deixassem experimentar os automóveis na cidade. Agora são eles que nos pedem para os irmos testar”, partilhou Frazzoli no blogue do MIT.
Atualmente, estes veículos percorrem cerca de 6 quilómetros no distrito tecnológico da cidade.