Shakira: “Não é preciso ser uma celebridade para mudar o mundo”
Em Davos, a cantora falou sobre o seu trabalho filantrópico com a educação na Colômbia e defendeu que a “complacência é o pior inimigo do progresso”.
Shakira tinha apenas sete anos quando o seu pai, que descreve como “um romântico idealista, mas não muito bom nos negócios”, tomou decisões erradas. A sua mãe acabou por não conseguir salvar a empresa da família e acabaram por passar por uma grave situação financeira.
“Perdemos o chão, foi um choque”, disse. Perante o impacto, o seu pai acabou por levá-la a um parque na cidade onde cresceu, em Barranquilla, para que a cantora visse de perto outras crianças, órfãs, que enfrentavam tragédias de vida muito maiores.
“Ele mostrou-me outra realidade e, naquele dia, fiz uma promessa: quando for bem-sucedida, vou ajudar a minha família a sair desta situação e ajudar outras crianças”, contou Shakira que, rapidamente, cumpriu a promessa.
Em 1997, aos 20 anos — já famosa com os hits “Donde Estas Corazon” e “Estoy Aqui” — fundou a Fundação Pies Descalzos. A instituição filantrópica oferece educação e alimentação a seis mil crianças desfavorecidas da Colômbia, beneficiando 70 mil pessoas da sua comunidade.
Esta história foi narrada na passada terça-feira, durante o Fórum Económico Mundial, em Davos, onde Shakira foi distinguida pelo seu trabalho humanitário, realizado através da Fundação Pés Descalços.
Shakira contou que sempre soube o desafio que teria pela frente. “Eu não queria apenas construir escolas”, disse. Para oferecer educação de qualidade, a sua instituição lida com problemas que vão muito além da sala de aula. Trata-se de ajudar crianças que vivem em áreas remotas, sem água nem luz, e que são vítimas de violência.
O trabalho envolve os pais, professores e até a construção de campos de futebol. “É essencial manter as crianças, principalmente as mais novas, nas escolas, para garantir que tenham não só sucesso na educação, mas também na vida.” A cantora afirma que dedica grande parte do seu tempo a descobrir formas de criar programas de educação mais eficientes.
“Não precisamos de ser uma celebridade para fazer mudanças”, disse a cantora em Davos. “As redes sociais deram poder a todos, todos agora têm uma plataforma para se expressar, para defender uma causa”, frisou. Políticos, modelos, cantores, jornalistas, profissionais de marketing — não importa a profissão —, todos podem ser agentes da mudança e realizar um trabalho humanitário e social, defendeu.
“A geração dos meus pais, por exemplo, teve de lidar com muito mais sofrimento, cresceram no meio de dor e destruição. Eles presumiram, provavelmente, que não poderiam mudar a realidade deles. Mas não quero que os meus filhos e a sua geração pensem da mesma forma. Quero que saibam que podem, sim, contribuir e mudar a sociedade”, concluiu, referindo que “a complacência é o pior inimigo do progresso.