Seis cidades europeias à beira-mar para uns dias de descanso

A Europa está cheia de locais surpreendentes para visitar e que combinam praia com outros motivos de interesse, como cultura, história ou gastronomia. Em muitos casos são “praias urbanas” que oferecem este mix ao visitante. O The Guardian sugere seis destinos.
O verão começa a aproximar-se da reta final, mas os destinos de praia continuam a estar na opção preferida para férias. Contudo, e como o clima tende a ficar mais instável à medida que setembro avança, as praias urbanas podem ser uma escolha acertada já que, além do sol e do mar, os visitantes podem desfrutar da atmosfera que habitualmente um centro urbano proporciona: bons restaurantes, vários locais para visitar e vida noturna animada.
Da Espanha à Grécia, da Bélgica à Croácia, entre outros países, o The Guardian reuniu um conjunto de sugestões que podem ajudar os mais indecisos.
1 – Cádis, Espanha
Esta é uma das cidades mais antigas de Espanha e com grande destaque devido à sua posição marítima, mas ali não faltam também torres de vigia, igrejas, palácios para visitar. Cádis é conhecida como “tacita de plata” (taça de prata), pelo modo como o pôr do sol brilha sobre o mar e também, no lado Oeste, pelo reflexo do mármore branco da catedral de Santa Cruz.
Com mais de quatro quilómetros de areal, o entretenimento estende-se por toda a costa, com várias atividades náuticas e marítimas, mas também muitos clubes, bares e “chiringuitos” (bares de praia) e cinema ao ar livre.
Na cidade velha, La Caleta é a praia mais pequena da cidade e certamente poderá reconhece-la por ter sido cenário no filme “Die Another Day”, quando Halle Berry sai do mar. Num passeio ao Sul, a praia de Santa Maria é uma das preferidas para as famílias, com águas calmas e areia clara.
Há pouco mais de 15 anos Cádis era um local mais conhecido pelo tráfico de droga e prostituição do que propriamente pelos restaurantes e hotéis boutique. A situação alterou-se profundamente e agora, a pouca distância da praça que abriga a catedral, as ruas estreitas acolhem bares e lojas discretas, um mercado histórico que comercializa principalmente peixes e frutos do mar. Pode ainda usufruir de pontos turísticos, como o anfiteatro romano mais antigo de Espanha, duas fortalezas a de San Sebastián e Santa Catalina ou as catacumbas da Beaterio.
2 – Toulon, França
A Côte d’Azur começa após Marselha. Aí começa o casario rosa pálido com telhados cor de damasco e o azul por entre a paisagem. Depois das estâncias balneares de elite como Cannes e Mónaco, aparece a primeira cidade Toulon, capital da Riviera ocidental menos frequentada e mais acessível. A localidade, fundada pelos romanos, foi uma grande base naval a partir do século XV, e tem praias para todos os gostos ao longo de quilómetros de enseadas e penínsulas.
Tal como muitos outros portos, Toulon já teve uma reputação menos positiva, mas atualmente é um local acolhedor para os visitantes, com um sistema de transporte público integrado que liga a cidade velha às praias com resorts a sul. Pode escolher entre ficar na zona de praia e apanhar o ferry até à cidade onde pode fazer compras e usufruir de alguns espaços culturais, ou então ficar na cidade velha e optar pelos passeios à zona balnear.
A cidade velha de Toulon teve algumas áreas restauradas e fervilha com atividade de pequenos bistrôs sazonais, lojas vintage e galerias. Deverão fazer parte do roteiro a galeria de arte asiática, o museu de fotografia e o contemporâneo Hotel des Arts. Para quem gosta de vistas aéreas, o teleférico até o topo da montanha Mont Faron, de 584 metros, oferece uma visão deslumbrante sobre a cidade.
3 – Rovinj, Croácia
A entrada ideal para Rovinj é pelo mar Adriático. Daí o visitante vê a elegante torre do sino da igreja barroca de St. Euphemia, erguendo-se sobre um mar de telhados de terracota e casas de cor pastel. Por terra ou por mar os encantos desta bela cidade costeira de Ístria são visíveis.
Primeiros os venezianos deixaram a sua marca em Rovinj após cinco séculos de governação, e os italianos mais tarde entre 1918 a 1947, o que tornou a península de Ístria oficialmente bilíngue, com placas a indicar Rovigno e Rovinj.
A península da cidade velha está cercada por zonas com piscinas rochosas, incluindo uma série de degraus de cimento que criam uma praia perto de St. Euphemia. Nas imediações ficam dois dos hotéis mais luxuosos de Rovinj, o Monte Mulini e o Hotel Lone. Próximo há uma baía abrigada com praias de seixos. A partir daqui, ciclovias e trilhos pedestres atravessam Zlatni Rt até às praias mais isoladas.
As pequenas ilhas à volta de Rovinj são excelentes para uma visita de barco à noite ou de dia. A ilha de Sveta Katarina fica a 10 minutos de barco e a de Crveni Otok (Ilha Vermelha) fica um pouco mais distante, um passeio de barco de 20 minutos de distância. Este local é ideal para nadar, mergulhar ou passear pelos trilhos da floresta. Na verdade, estas duas ilhas estão ligadas por uma ponte sem automóveis.
4 – Cagliari, Sardenha
O escritor D.H. Lawrence descreveu Cagliari em 1921 como “uma cidade nua que se ergue íngreme, escarpada, dourada, erguida para o céu.” Independentemente dos povos que já habitaram a região, a cidade destaca-se pelo sol, a areia branca e o mar azul-turquesa. A praia de Poetto dista apenas 15 minutos de autocarro do centro da cidade, um extenso areal de oito quilómetros de palmeiras.
Pode visitar a Torre Spagnola do século XVI e próximo existe uma praia de acesso livre. O caminho à beira-mar é utilizado por praticantes de corrida, patinadores e ciclistas. Nas imediações há também clubes de mergulho e vela e vólei de praia. Poetto é a principal praia de Cagliari e comprida o suficiente para não ficar lotada mesmo nos dias mais movimentados, e mesmo no outono a água mantém uma temperatura amena. À noite, o local é mais procurado pelos seus bares e restaurantes de peixe. Nas imediações, fica o parque natural Molentargius, com lagoas, flamingos.
Cagliari tem mais para oferecer a nível cultural. O antigo Arsenal Real é agora a Cidadela dos Museus, que abriga a galeria de arte nacional e o museu de arqueologia, além de uma galeria asiática, um museu etnográfico e um museu surpreendentemente gráfico de cera anatómica. Próximo fica o anfiteatro romano de Cagliari e o jardim botânico da universidade.
A íngreme Via dell’Università é uma viagem no tempo até à cidade velha medieval, Castello. A Torre del Elefante, construída em 1307, guarda o que era a entrada ocidental da cidade. Os visitantes podem subir a esta quer à Torre di San Pancrazio, que se localiza numa parte mais alta da cidade, para usufruir da paisagem. A uma curta caminhada, através de becos e vielas, fica a catedral do século XII. A antiga sede do município fica na mesma praça onde são realizadas exposições de arte contemporânea.
5 – Volos, Grécia
Volos é uma cidade universitária animada e a porta de entrada para as ilhas de Skiathos, Skopelos e Alonissos. A história ancestral, a cultura moderna e uma fantástica gastronomia fazem dela uma base para explorar uma das mais impressionantes costas da Grécia: a península de Pelion, a Leste.
Apesar dos múltiplos atrativos, o local não é particularmente conhecido dos turistas. Em Volos, o visitante poderá descobrir o Museu Arqueológico, repleto de artefactos neolíticos e paleolíticos, o Museu da Cidade e a antiga fábrica de telhas e tijolos de Tsalapatas, um monumento ao património industrial da cidade, que também funciona como espaço para exposições e eventos.
Passear pelo bairro antigo de Palia é como uma viagem arqueológica às várias etapas históricas da cidade. Há ânforas antigas deixadas in situ pelos arqueólogos, um depósito de pólvora otomano, um castelo bizantino e uma estação de comboio. Os prédios de apartamentos tornaram-se numa tela para artistas de graffiti gregos e internacionais. O visitante pode seguir o mapa com 40 murais da cidade ou então optar por uma visita liderada pelo arqueólogo local Yota Pantou para conhecer a cultura Pelion.
Pequena e plana, a cidade pode ser visitada de bicicleta ou a pé. Na zona de Anavros começa a área de praias, local preferido dos locais para usufruir de uma esplanada à beira-mar. A exuberante península de Pelion, com o Golfo de Pagasitikos, é outro dos sítios a visitar.
6 – Ostend, Bélgica
Ostend também é conhecida como “koningin der badsteden” (rainha da costa) uma alcunha que evoca os majestosos hotéis e vilas da belle époque. A maioria dos edifícios foram destruídos na Segunda Guerra Mundial, mas ainda há algumas jóias arquitetónicas da época, como a Wellington Racecourse e a estação ferroviária de 1907, onde a maioria dos visitantes chega. Outras atrações históricas incluem a igreja neogótica St. Petrus-en-Pauluskerk, com as suas torres gémeas ornamentadas. A sua arquitetura é inspirada na catedral de Colônia, na Alemanha, mas foi construída há pouco mais de 100 anos. Fora da cidade, a sudoeste, o Museu da Muralha do Atlântico ao ar livre é uma grande atração, ainda que sombria, com os 60 abrigos alemães da segunda guerra mundial.
A partir da estação uma caminhada de apenas 10 minutos leva os visitantes até à praia de quase sete quilómetros. A maior cidade costeira da Bélgica está em renovação e a investir na sua oferta e imagem, graças a eventos como o Crystal Ship, um festival anual de artes que transforma as ruas e os prédios com murais e instalações vivas.
A 10 minutos a pé da estação de comboios, um antigo posto de correios de 1947 é agora um popular centro cultural chamado De Grote Post, com eventos de arte. Para o lado este do centro e do porto, Oosteroever é uma linha de praia mais calma e natural, dominada pelo Forte Napoleão. De carro, a pé ou de barco, o visitante pode conhecer o Vistrap, o mercado de peixe e provar os mariscos frescos.
Créditos fotografia: Jeronimo Alba/Alamy