Opinião
Rob Adams em entrevista exclusiva ao Link To Leaders
Rob Adams, que desenvolve o seu trabalho criativo em Eindhoven, na Holanda, esteve na semana passada em Lisboa para falar do conceito de felicidade nos meios urbanos.
Rob Adams é fundador da agência de inovação holandesa Six Fingers, na qual é hoje Chief Expedition Officer, especialista em inovação, escritor e professor na EADA Business School, em Barcelona.
Quando era pequeno queria ser astronauta e, atualmente, gosta de desafiar os dogmas instituídos para expandir oportunidades ou identificar novos modelos conceptuais.
Depois de se estrear no ZOOM Smart Cities, em 2016, onde foi responsável por um dos momentos mais inspiradores do evento, tendo desafiado a audiência a “ousar fazer diferente”, voltou a Lisboa para participar na edição deste ano, na qual explorou o conceito de felicidade nos meios urbanos.
O Link To Leaders falou com o CEO da Six Fingers, que acredita que “apenas os peixes mortos vão com a corrente”.
Como ajuda as empresas a desenvolverem start-ups corporativas?
Ajudamos as empresas a desenvolverem o futuro. Vemos a inovação como uma melhoria ou como uma renovação. Focamo-nos em desenvolver novas estratégias, produtos e serviços.
O que é necessário para implementar e completar a renovação de uma empresa?
Primeiro que tudo é preciso admitir que o futuro começa quando não sabemos. Nós, enquanto pessoas, gostamos de ter o controlo. Mas a realidade é que não controlamos nada quando o que está em causa é o futuro. É preciso agir, fazer. Parem de falar sobre isso. Saiam do escritório!
Como nasce a inovação e como pode esta ser estruturada de forma a ser bem-sucedida?
Em relação à estruturação, vai precisar de uma equipa de estruturação, que se foque no modelo de negócio existente e na sua oferta de valor (produtos/serviços), com competências como a planificação e a execução. Adicionalmente vai precisar de uma outra equipa de expedição, que irá focar-se na construção do futuro. Aqui as competências necessárias são outras. Pense antes em pesquisa, desenvolvimento e aprendizagem.
Acredita na transferência de inovações de um setor para outro. Como pode ser feito?
Alguém, sabe-se lá como, resolveu o seu problema por um conjunto diferente de razões e circunstâncias. Acredito piamente nisso. Se olhar para a concorrência no setor em que atua, vai começar a copiá-los e o resultado será serem todos semelhantes. Para concorrer tem de se diferenciar, por isso olhe antes para outros setores para que aprenda com o mundo todo. É como uma livraria cheia de ideias. E quando encontrar ideias que pode (re)utilizar, seja capaz de as adaptar o mais depressa possível.
O que aconselha aos empreendedores com problemas na estratégia do seu negócio?
Deixem de gastar demasiado tempo a pensarem, precisam é de agir. Experimentem, façam pivot da vossa estratégia. É altura de jogarem aos Angry Birds em vez de ao xadrez!
No seu livro “No Ego”, fala sobre pessoas que desconhecemos e que mudaram o mundo. Quais as três personalidades que, na sua opinião, operaram as maiores mudanças?
Há tantas. Todos o fizeram, pelo fica difícil referir apenas três. Mas cá vai: Alfred Russel Wallace, Hypatia e Kurt Zemisch.
Quais as principais mensagens que partilhou no seu livro “Versus”?
A inovação é uma palavra-chave com demasiadas definições, pelo que paremos de falar sobre ela. Comecemos antes pela melhoria e pela renovação. Pensemos e ajamos em termos do Retorno sobre o Investimento (ROI), quando se trata de ganhar dinheiro, e em Retorno sobre a Aprendizagem (ROL) para desenvolver o futuro. E ajam, em vez de falarem.
O que é preciso para criar uma cidade feliz?
Parem de acreditar que as smart cities vão funcionar. A tecnologia é um meio, não o objetivo final. Foca-se demasiado na tecnologia enquanto as pessoas que fazem as cidades deveriam ser o centro de tudo o que está a ser desenhado. Vamos iniciar a aplicação efetiva do design thinking e parar com as imposições.
Qual o momento mais difícil por que passou na sua vida profissional?
Prevenir-me ao nível da gestão quando a empresa e os projetos se tornaram cada vez maiores e maiores. Quero trabalhar nas inovações e não apenas falar delas.
Qual o balanço que faz do Zoom Smart Cities Portugal?
Positivos. Destaco os contributos de pessoas que pensam de forma diferente da minha. Ouvi conceitos oposto. A partilha de pensamentos e conhecer pessoas foi uma constante.
Respostas rápidas:
O maior risco: Continuar a sonhar em vez de fazer acontecer.
O maior erro: Só um? Manter segredo das ideias quando comecei. A partilha abre tantas portas.
A melhor ideia: Vai começar agora.
A maior lição: Apenas os peixes mortos vão com a corrente.
A maior conquista: A minha namorada e os meus dois filhos.