Reguladores vs. Uber: a possível morte da maior start-up do mundo?

Os últimos tempos não têm sido fáceis para a Uber. Parte do problema da start-up são as alegações de que a sua plataforma opera à margem da lei. Será este o início do fim da Uber?

Depois de, na semana passada, a Uber ter apresentado ao mundo a sua nova solução para o trânsito nas grandes cidades, que passa por uma espécie de “carros voadores”, ninguém diria que a maior start-up do mundo está em crise, quer a nível de reputação quer na possibilidade de ter de deixar de operar em grandes cidades.

Senão vejamos: primeiro vêm as dificuldades que está a enfrentar em Londres, o maior mercado europeu da empresa. Na semana passada, o pedido de recurso da Uber a uma decisão do tribunal que impede os condutores da plataforma de serem vistos como trabalhadores foi negado. Muito sucintamente, o tribunal Londres pediu à Uber que garantisse um salário mínimo e subsídios de férias aos mais de 50 mil trabalhadores que operam no Reino Unido. Diante deste cenário, a Uber está a planear uma contraproposta e o caso pode potencialmente acabar no Supremo Tribunal, num processo que pode demorar anos.

Por outro lado, em Portugal, são os próprios condutores agregados à plataforma que protestam. Na semana passada, durante a Web Summit, não houve carros da Uber em circulação. Segundo o que Rui Bento, diretor geral da start-up em Portugal, referiu em comunicado “esta situação reforça mais uma vez a urgência da aprovação, pela Assembleia da República, de um quadro regulatório moderno e transparente para a mobilidade em Portugal, que vá ao encontro das expetativas dos milhares de utilizadores que usam diariamente a Uber para viajar nas nossas cidades, e dos mais de 3 mil motoristas que encontram na Uber uma oportunidade económica”.

Se por um lado, no Reino Unido, a empresa está em dificuldades por existir demasiada regulação, por outro, em Portugal, a falta desta está a condicionar a circulação de veículos.

Noutro campo dos investimentos, veio a público, no último fim de semana, a informação de que a Uber ia receber um investimento do japonês SoftBank. A informação acabou por ser desmentida na segunda-feira por parte do fundo de investimento. Num comunicado publicado pelo SoftBank, pode ler-se que, apesar de terem chegado a um acordo verbal, ainda “não há acordo final nesta altura”, acrescentando que se as condições não forem satisfatórias para o lado dos investidores há a possibilidade da oferta ser retirada. Se este levantamento de capital não for bem-sucedido, a start-up pode vir a enfrentar uma crise maior.

O ponto de situação atual não é grave, no entanto, caso os tribunais à volta do mundo comecem a mostrar a mesma tendência que os britânicos, a Uber pode vir a enfrentar algumas barreiras. A principal dificuldade num futuro próximo prende-se com o facto da possível mudança de regulação na área de atuação da Uber fazer com que a empresa tenha de mudar drasticamente o seu modelo de negócio. A confirmar-se este cenário, a start-up poderá ter de ajustar as suas operações consoante os países.

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