Red Bull ‘dá asas’ a start-up espanhola
A Appforbrands é uma start-up digital que arrancou há pouco mais de três anos. O seu primeiro cliente foi a Red Bull, mas hoje confiam nela empresas como a L’Oreal, Adidas, Pernod Ricard, Viesgo, FC Barcelona, Acciona ou BBVA.
Tudo começou em 2013, quando a Red Bull Austria encarregou Daniel García, Javier Riquelme e Javier Carpintero de um trabalho. A conhecida empresa de bebidas energéticas procurava então alguém capaz de desenhar recorrendo ao efeito Parallax, um recurso já usado pela Disney para dar aos seus filmes de desenhos animados algum realismo.
“Foi o nosso primeiro projeto. Tínhamos acabado de arrancar com a nossa empresa, a Appforbrands, e essa foi a nossa forma de nos financiarmos. Literalmente, a Red Bull deu-nos asas”, diz Riquelme, numa clara alusão ao famoso slogan publicitário daquele que foi o seu primeiro cliente, citado pelo site Cinco Días.
Desde então, a jovem empresa madrilena, especializada em consultoria, interface e experiência de utilizador e desenvolvimento e manutenção de aplicações móveis e web para marcas, não deixou de ganhar projetos. Mais de 100 em pouco mais de três anos. E entre os seus clientes, encontramos empresas como Adidas, L’Oreal, Pernod Ricard (com marcas como Ballantine’s e Beefeater), Viesgo, FC Barcelona, Acciona, Santander, BBVA, Pikolin, Imaginarium, Telefónica e Aeuda en Acción.
A Appforbrands passou de 4 a 30 profissionais em menos de quatro anos de vida. Desde a sua criação multiplicou por seis a sua faturação, ao fechar 2016 com 1,3 milhões de euros. Para este ano, a empresa madrilena espera alcançar 1,8 milhões.
“Temos mais de 27 clientes e uma equipa de programadores muito forte constituída por 30 pessoas. Muitas empresas dizem-nos que temos mais músculo a nível de desenvolvimento do que muitas consultoras, exceto a Accenture e a Everis, e agências de publicidade, os nossos grandes concorrentes, embora a própria Everis e algumas destas agências subcontratem o nosso trabalho”, adverte Daniel García, que define a sua empresa como uma fábrica digital.
Na sua sede no bairro de La Latina, em Madrid, a Appforbrand oferece às marcas ajuda nos seus processos de transformação digital. “Queremos ser o seu partner, ajudá-las a estar preparadas perante qualquer desafio digital e, para isso, oferecemos-lhes diferentes serviços e também soluções integrais chave na mão”, acrescenta Carpintero, que destaca o perfil multidisciplinar da start-up.
“Temos desenhadores, especialistas em usabilidade (UX), programadores e arquitetos de sistemas. Algo que contrasta com muitas das empresas que oferecem serviços de desenvolvimento de apps, onde os três sócios começaram o seu projeto, pois o mundo das aplicações móveis é muito de freelancers, e as grandes empresas não procuram isso; querem um parceiro com alguma infraestrutura, que os acompanhe desde a ideia até que esta se desenvolva, se ponha em funcionamento e se monitorize”, continua García.
Relação sólida com os clientes
García, engenheiro de telecomunicações, dá como exemplo a elétrica Viesgo, com a qual asseguram uma relação de parceria. “Somos como que a sua equipa de desenvolvimento, e trabalhamos de mãos dadas com a sua área de inovação”, sustenta Riquelme. Com eles lançaram uma app para um termostato inteligente criado pela empresa energética num projeto da internet das coisas, que rivaliza no mercado com o termostato Nest da Google. Além disso, trabalham com a Viesgo no lançamento de uma plataforma de comercialização elétrica, da qual ainda não podem dar detalhes por confidencialidade.
Uma área na qual a Appforbrands aposta é a das aplicações internas, porque afeta todos os pelouros da direção de uma empresa: recursos humanos, comercial, financeiro… “Para a L’Oreal, por exemplo, criámos uma aplicação para ter os seus comerciais geolocalizados, e para a Pernod Ricard, além de apps ligadas a campanhas mediáticas para a Ballantine’s e a Beefeater, fizemos aplicações para medir o ratio de funcionamento da sua equipa de vendas ou o funcionamento da cadeia de produção”, esclarece García.
Os três sócios, que consideram ter sido um pouco visionários ao apostarem no desenvolvimento de apps, estão a preparar-se para as próximas tecnologias disruptivas, como Blockchain, internet das coisas, drones, realidade virtual e aumentada e inteligência artificial. “Estamos a posicionar-nos, embora com cautela, pois estamos à espera de que os gigantes tecnológicos como Google e Facebook apresentem as suas ferramentas de desenvolvimento. Algo semelhante ao que fez a Google com o Google Maps e Analitics, que nos deu um montão de ferramentas sobre as quais trabalhar e construir soluções”, explica García.
Mais fundos para incrementar o projeto
A empresa cresceu até agora sem recorrer ao capital de risco, como fazem muitas start-ups, mas agora está aberta a fazer uma ampliação de capital. Têm tido ofertas, dizem, para comprar a Appforbrands, mas preferiram recusá-las. “Sim, acreditamos que é o momento de procurar financiamento, porque já temos uma base muito sólida de clientes, com muitos deles fiéis. Começámos 2017 com mais de 60% do previsto para este ano, o que nos pode facilitar um discurso sólido perante potenciais investidores”, relata Riquelme, que aponta que 90% da faturação da empresa provém agora do mercado espanhol, porque há projetos que, embora sejam para empresas estrangeiras, são faturados em Espanha.
“O programador espanhol está muito bem considerado a nível internacional. O seu trabalho é de alta qualidade, além de que cobra um terço de um americano”, acrescenta García.