Opinião

Quer ser um bom líder? Comece por si!

Anabela Possidónio, Integral Coach

Liderança é um dos temas que falo regularmente no meu trabalho como coach. Muitos dos meus clientes questionam-se como são vistos pelas suas equipas, pares e chefes, bem como qual o impacto da sua liderança nos resultados. Para muitos esta questão torna-se ainda mais pertinente conforme vão evoluindo na carreira e assumindo novas responsabilidades.

Quando estas conversas surgem, inevitavelmente acabamos a falar de self-leadership. Para qualquer pessoa ter sucesso em liderança, deverá antes de mais ter a capacidade de ser líder de si próprio.

 Existem muitas abordagens a self-leadership, mas gostaria de destacar:

  • autoconhecimento,
  • reflexão,
  • self-management e desenvolvimento.

 Autoconhecimento
Um bom líder tem que entrar num exercício contínuo de autoconhecimento dos seus pontos fracos, mas também os seus pontos fortes.

Este exercício pode ser realizado através de várias técnicas. Uma de que gosto particularmente foi a que vi numa TEDTalk, e que passa por pensarmos num chefe que tenhamos tido, e a quem não reconhecemos as características de um líder. Devemos listar essas características e classificar-nos a nós próprios de 1 a 10. Quando o score se aproxima perigosamente de 10, sabemos que é algo em que temos de trabalhar. No mesmo sentido devemos focar-nos nas características dos líderes que admiramos e como é que nos classificamos nessas características. Fazer este exercício de forma honesta é o início de um caminho para nos tornarmos melhores líderes.

“Quando as pessoas falam, oiça simplesmente” – Ernest Hemingway

Uma outra técnica que costumo recomendar é falarem com uma pessoa com quem já não trabalham e pedirem-lhe feedback honesto. Aqui o desafio passa por apenas ouvirem, sem se tentarem justificar, explicando à pessoa que estão a fazer este exercício porque se querem conhecer melhor. Neste exercício não se foque apenas nos pontos fracos. Os seus pontos fortes, aqueles aspetos em que é verdadeiramente bom, são os que lhe vão permitir desenvolver uma marca pessoal de liderança.

Neste contexto, gostaria de salientar que as novas abordagens ao desenvolvimento pessoal assentam no trabalho dos pontos fortes, dado que trabalhar características em que já se é bom, pode torná-las verdadeiramente excepcionais.

“Os grandes líderes não se caracterizam pela ausência de pontos fracos, mas sim pela presença de pontos fortes” – John Zenger

Reflexão
Uma definição simplificada de stress é a nossa incapacidade de dar resposta a todas as solicitações que nos vão chegando. Nesse contexto é muito fácil deixarmo-nos levar pela pressão e não dedicarmos tempo ao nosso desenvolvimento pessoal e à reflexão da nossa ação como líderes.

Um primeiro elemento de self-leadership que devemos incutir na nossa rotina é um momento em que refletimos sobre as nossas ações como líderes. É importante ter um caderno, onde tiramos notas, para perceber padrões e como estamos a evoluir. Algumas pessoas gostam de fazer esta reflexão ao final do dia, enquanto outras preferem fazê-lo pela manhã. Aqui o mais importante é que cada um encontre o seu momento. Questões a que pode responder são: como é que exerci a minha liderança hoje? Qual foi o meu melhor momento? E o pior? Como é que o líder que aspiro ser, agiria? O que vou fazer de diferente amanhã?

Self-management e desenvolvimento
Para conseguirmos ser bons líderes temos que ter a capacidade de gerir, garantindo que libertamos tempo para o nosso desenvolvimento, bem como para ouvir e estar com a nossa equipa.

“Se quer liderar, invista pelo menos 40% do tempo a gerir-se a si próprio” – Dee Hock, fundador do cartão Visa

Algumas possibilidades passam por marcar reuniões consigo próprio, garantindo que tem espaço na sua agenda, para pensar, ler e refletir.

Para libertar esse espaço é também importante fazer uma análise detalhada da forma como usa o seu tempo e que hábitos podem estar a contribuir para uma menor produtividade. Por vezes, técnicas simples como desligar o email, quando se está a trabalhar num projeto que requer concentração; perceber qual é o momento em que é mais produtivo e usar esse tempo para trabalhar nos projetos mais importantes; ou ter reuniões em pé, para que sejam mais rápidas, são tudo técnicas válidas.

E nunca se esqueça de estar disponível para a sua equipa e para ouvir feedback. É muitas vezes através dos olhos dos outros que conseguimos ver quem somos e ganhar motivação para trabalhar no plano de quem queremos ser.

“A liderança não pode ser ensinada. Apenas pode ser aprendida” – Harold Geneen

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Anabela Possidónio

Anabela Possidónio

Anabela Possidónio é fundadora e diretora-geral da Shape Your Future, que tem como missão ajudar jovens e adultos a tomarem as melhores decisões académicas e profissionais. Assume também o cargo de diretora-geral da Operação Nariz Vermelho. Tem uma vasta carreira corporativa de mais de 25 anos, onde assumiu posições de liderança em diversos setores (Saúde - CUF; Educação - The Lisbon MBA; Retalho - Jerónimo Martins e Energia - BP), em diferentes países (Inglaterra, México, Espanha e Portugal) e empresas... Ler Mais..

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