Quer motivar os seus colaboradores? Dê-lhes pizza

O aumento da produtividade das equipas sem comprometer a motivação e o bom ambiente de trabalho são um desafio diário. Dan Ariely desenvolveu um estudo com o objetivo de descortinar o que realmente aumenta a produtividade e descobriu que a pizza funciona.
Segunda-feira de manhã, chega ao escritório e vê o email. O seu chefe diz-lhe que, se conseguir fazer todo o trabalho previsto até ao final do dia, tem direito a uma destas três coisas: um bónus de 28 euros; um louvor especial do chefe ou um voucher para uma pizza grátis. O que escolheria?
Dan Ariely, professor de psicologia e economia comportamental e fundador do The Center for Advanced Hindsight da Universidade Duke, EUA, desenvolveu um estudo numa grande empresa a pessoas com diferentes áreas de trabalho, remunerações e estratos sociais. A proposta vencedora, por incrível que pareça, foi o voucher da pizza, logo seguido pelo louvor do chefe, avançou o Science of Us.
O estudo deu origem ao livro “Payoff: The Hidden Logic That Shapes Our Motivations”, através do qual Ariely conta a experiência que conduziu numa fábrica de semicondutores em Israel. Numa segunda-feira de manhã, 3/4 dos colaboradores receberam o email com a proposta de bónus, sendo que ¼ não recebeu email nenhum.
No final do dia, a pizza revelou ser a proposta mais motivadora, tendo conseguido um aumento de 6,7% na produtividade, face ao grupo que não recebeu a proposta de bónus. A diferença entre os que escolheram a pizza e os que escolheram o louvor do chefe foi mínima, tendo este levado a um aumento de 6,6%. A proposta de bónus financeiro foi a que menos surtiu efeito, com um aumento de 4,9% na produtividade.
No dia seguinte, voltou a repetir-se a proposta de bónus a ¾ dos colaboradores. O resultado obtido foi ainda mais revelador, uma vez que os que optaram pelo bónus financeiro conseguiram uma produtividade 13,2% abaixo da alcançada pelo grupo a que não foi proposto qualquer bónus.
A experiência repetiu-se durante toda a semana. No final, constatou-se que o grupo que tinha escolhido o bónus financeiro produziu 6,5% menos do que o grupo sem qualquer proposta de bónus, tendo a medida tido um custo para a empresa superior à produtividade extra alcançada. Para este grupo de colaboradores, proporem-lhes esse pequeno bónus financeiro era menos motivador do que não lhes proporem nada.
Já o grupo que optou pelos bónus da pizza e do louvor, embora tendo diminuído a produtividade extra alcançada na segunda-feira, chegaram ao final da semana com uma percentagem produtiva acima da do grupo sem qualquer bónus.
Com base nos resultados da semana completa, o estudo concluiu que os louvores são os que mais geram um impacto positivo na produtividade. Para Ariely, tudo depende da reflexão das pessoas. Quando estas ponderam o trabalho com algum distanciamento, os fatores motivadores são os exteriores ao trabalho, como os financeiros, sendo que os demais perdem peso. Quando o desafio é colocado em ambiente de trabalho, estes perdem o impacto.
Esta opinião é corroborada por Adam Grant, professor da universidade de Wharton, que refere que o poder motivacional do dinheiro e dos cargos perde força mais rapidamente do que o sentimento de se ser valorizado.