Quer imitar a Nike e dirigir-se a comunidades religiosas? Siga estes conselhos

Dois professores espanhóis apresentaram uma série de dicas para vender roupa a comunidades religiosas, depois da Nike anunciar que iria lançar um novo produto para responder às necessidades das mulheres do mundo islâmico praticantes de desporto.
A fabricante americana de calçado e roupas desportivas Nike anunciou que irá lançar um hiyab (véu islâmico) especialmente desenhado para fazer desporto. A linha de véus ‘Pro hiyab’ foi apresentada de forma ‘extraoficial’ pela patinadora Zahra Lari, dos Emiratos Árabes Unidos, através da sua conta do Instagram.
O produto, testado por várias desportistas, é composto por um tecido respirável e vai chegar às lojas na primavera do próximo ano. “O Nike Pro Hijab esteve mais de um ano em preparação, mas o seu ímpeto vem de há muito tempo, de uma mudança cultural que tem levado mais mulheres do que nunca a abraçar a prática desportiva”, afirmou a Nike ao site “Al Arabiya”.
O produto ainda não se encontra à venda e já existem críticas à marca por parte de adeptos de jogging mais conservadores, reclamando que os hijab normalizam a opressão das mulheres. No entanto, os professores de marketing Javier Rovira, da ESIC Business & Marketing School, e Gerard Costa, ESADE, ambas em Barcelona, decidiram apresentar uma série de dicas para ajudar as empresas a apostar em nichos de mercado e a comercializarem roupa para comunidades religiosas, cita o site espanhol Empreendedores.
1. Preparação e conhecimento
“Devemos ter pessoas preparadas para tratar com as religiões, que entendam que há que respeitar escrupulosamente todas as suas normas e ser muito purista para evitar a mais pequena contaminação ou qualquer espécie de dúvida”, indica o especialista da ESIC.
2. Estudar o mercado
Rovira destaca a importância deste aspeto e apresenta como exemplo a política seguida pela Procter & Gamble em meados da década de 80 para enfrentar o desenvolvimento da população hispânica nos Estados Unidos.
Desdobrou o seu departamento de Marketing e dedicou um dos seus ramos exclusivamente a essa comunidade, pondo pessoas daquele grupo à frente. Ao longo de 10 anos, este investimento permitiu-lhe obter uma quota de mercado líder na comunidade hispânica dos Estados Unidos.
3. Querem ser diferenciadores?
“Devemos analisar o grupo e o seu grau de integração nos elementos culturais. Por exemplo, os pais recém-chegados podem querer ser tratados de maneira diferente e com atenção às suas características culturais e religiosas, enquanto os filhos, mesmo pertencendo à mesma religião, talvez não queiram sentir-se diferentes”, indica Costa.
4. Produto exclusivo ou de integração
Em linha com o ponto anterior, o especialista da ESADE assinala que “existe a alternativa de criar algo em exclusivo para um grupo ou construir uma marca amigável para ele. Por exemplo, podem fazer-se véus low cost em Jerusalém e pôr uma marca ou refletir esta multiculturalidade na empresa que criamos, indicando que vamos atender cada um dos grupos”.
5. Atenção à distribuição
“Estes produtos têm os seus próprios canais de distribuição. Não é só produzir e esquecer, mas há que ter uma estratégia de penetração e distribuição nestes canais”, recorda o professor da ESIC.