Opinião

Portugal lidera sector da cortiça

João Rui Ferreira, presidente da Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR)

 

A indústria da cortiça possui alguns traços identitários que a distinguem no panorama económico nacional e internacional. A dimensão de internacionalização é um desses traços. Mais de 90% do que é produzido é exportado e são mais de 100 os países considerados no mapa de destino dos nossos produtos.

A rolha de cortiça assume a liderança das exportações em valor. Em 2016 bateram todos os recordes tendo alcançado os 937,5 milhões de euros em valor, o que representa um crescimento de 4% face ao ano anterior. O produto rolha mantém a sua posição premium, com um peso de 72% no total das exportações, face aos materiais de construção (25%), e outros produtos (3%), com as novas aplicações a apresentarem um elevado potencial de crescimento.

Outra característica fundamental e conquistada nas últimas décadas atribui a Portugal a liderança mundial do sector da cortiça no que toca às exportações, assumindo uma quota de 62,8%. Esta liderança é transposta para outras dimensões da nossa fileira, sendo que Portugal possui a maior área de montado de sobro, cerca de 34%, área que é responsável por cerca de 50% da cortiça produzida anualmente no conjunto dos países do mediterrâneo ocidental. Possuímos, ainda, a maior quantidade de empresas industriais, cerca de 700, e quase oito mil postos de trabalho diretos.

Ao nível do tecido industrial, encontramos uma outra característica marcante do nosso sector e que importa realçar. O predomínio de empresas de pequena dimensão e a forte concentração geográfica da indústria no concelho de Santa Maria da Feira, assumem um aspeto particularmente relevante. Quase 80% das empresas nacionais encontram-se aqui a laborar, fazendo deste concelho a região líder mundial na transformação de cortiça.

O tecido empresarial da fileira da cortiça é muito heterogéneo. Coexiste um pequeno número de unidades de grande dimensão, com uma larga maioria de pequenas e microempresas, sendo que esta estrutura dimensional da indústria da cortiça não diverge, substancialmente, da que existe em geral na indústria transformadora nacional.

Este facto coloca vários desafios à APCOR. A referida diversidade pode ser uma forma virtuosa de dar uma margem competitiva ao sector, num processo em que a complementaridade estratégica se sobrepõe à rivalidade. O sector tem de ser capaz de se posicionar como um ecossistema, em que a coesão estratégica prevalece sobre as forças centrífugas, num processo virtuoso em que o alinhamento tem como contrapartida o aumento do valor acrescentado partilhável. Não é uma evolução fácil, nem sem espinhos, mas a sedimentação da confiança recíproca é o elemento chave. À APCOR compete apoiar todas as empresas associadas, em particular as PME’s que assumem uma presença significativa, e encontrar o posicionamento estratégico que melhor se ajuste às suas capacidades e ambições.

A criação do Projeto Cork Empreende, iniciativa da APCOR e que vai decorrer em 2018 e 2019, reúne as condições de promoção do espírito empreendedor no sector da cortiça, tendo um foco estratégico na inovação, e na dinamização de projetos assentes numa lógica de atuação em rede.

O apoio na criação de novas empresas a partir de ideias de negócio que demonstrem uma aposta clara na resposta a uma necessidade do mercado, à internacionalização e à assunção dos fatores críticos de competitividade por parte dos empreendedores, será o mote desta iniciativa.

Promover-se-á assim, o espírito empresarial assente num empreendedorismo qualificado e criativo com o objetivo de levar à criação de novas empresas com uma forte componente tecnológica e/ou criativa, com elevado potencial de internacionalização.

A nossa presença no TheNetwork revestiu-se de grandes expetativas. A oportunidade de conhecer experiências de negócio bem-sucedidas e concretizadas em diversos contextos empresariais, representa um momento único e de grande valor.

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