Entrevista/ “Portugal continua a ser atrativo para as fintech e veremos também a chegada de neobancos”

Richard da Silva, VP of Sales da LOQR

“O panorama atual mostra-nos algumas organizações bancárias com uma velocidade e maturidade muito elevadas, com processos inovadores e foco no cliente. Depois temos um segundo grupo de instituições que estão ainda a adaptar-se ao mundo digital, forçando esta transformação em cima de processos do mundo bancário de balcão”, afirmou Richard da Silva, VP of Sales da LOQR, em entrevista ao Link To Leaders.

A LOQR, empresa dirigida a instituições financeiras com capital 100% português, reforçou a sua equipa com a contratação de Richard da Silva para VP of Sales.

Richard da Silva tem um percurso de 15 anos em vendas nas indústrias de IT, Cibersegurança e Deteção de Fraudes. Antes de se juntar à LOQR, esteve na Feedzai e foi líder de vendas da EMEA na Revelock – responsável por uma plataforma biométrica comportamental que foi adquirida pela empresa de Nuno Sebastião -, supervisionando a estratégia Go-To-Market (GTM). Também passou pela RSA Security, onde liderou o desenvolvimento de negócios no setor financeiro francês e onde assumiu funções como Chefe dos Canais EMEA para a unidade de Fraude e Inteligência de Riscos.

Na LOQR quer “ajudar a consolidar a estratégia de expansão de negócios e no seu projeto de internacionalização”.

Quais os seus objetivos enquanto VP of Sales da LOQR?
Somos o principal player de transformação digital do setor bancário e outras instituições financeiras. A minha recente contratação tem por objetivo ajudar a consolidar a estratégia de expansão de negócios e no seu projeto de internacionalização.

De que forma a sua experiência na área das vendas nas indústrias de IT, Cibersegurança, e Deteção de Fraudes nos últimos 15 anos o vai ajudar neste novo desafio?
A experiência é conhecimento e, mais importante do que obter esse conhecimento, é saber como aplicá-lo. Por outro lado, o segredo do sucesso é saber adaptar-se aos novos desafios e ambientes: como quem aplica técnicas matemáticas para resolver um novo problema. Onde estaríamos se repetíssemos constantemente os mesmos erros? No fundo, a superação passa por saber aplicar esse conhecimento adquirido em problemas cada vez mais complexos. Durante toda a minha carreira tenho aplicado estes princípios, com resultados positivos mesmo em situações adversas.

Além desta perspetiva acerca do conhecimento, também acredito na força de vontade e no equilíbrio. A força de vontade ajuda-nos a ultrapassar qualquer desafio e o equilíbrio aplicado à gestão de equipas traz-nos outra combinação de sucesso. Em suma, a combinação destes elementos com a nossa excelente equipa serão a base de desenvolvimento do negócio.

“Queremos ajudar os nossos clientes a melhorarem a experiência do utilizador final, somos um digital branch enabler, ao mesmo tempo que apoiamos as instituições financeiras a crescer no negócio digital (…)”.

Em que é que se baseia o modelo de negócio da LOQR?
Somos uma empresa com capital 100% português, fundada em 2015, cuja atividade está focada em instituições financeiras, atuando como catalisador e principal parceiro do processo de transformação digital deste setor. Oferecemos uma solução completa que possibilita uma imediata integração, com sistemas pré-existentes. A nossa plataforma assenta na simplicidade dos processos base em cada jornada, com jornadas prontas a serem integradas num elevado grau de segurança de dados e operações e em conformidade com a legislação em vigor em cada mercado, que constituem características fulcrais para o setor financeiro.

Queremos ajudar os nossos clientes a melhorarem a experiência do utilizador final, somos um digital branch enabler, ao mesmo tempo que apoiamos as instituições financeiras a crescer no negócio digital, que é o vértice mais importante de crescimento no presente e no futuro.

Quais as principais vantagens da LOQR em relação à sua concorrência?
Estamos numa situação única no mercado: fornecemos uma solução completa e não meras soluções parcelares. A nossa plataforma, utilizada atualmente por muitas instituições financeiras, conta com jornadas standard para muitos casos de uso (desde a apertura de conta, até a atualização de dados, entre outros), já pensadas para proporcionar a melhor experiência do consumidor, em conformidade com as diferentes regulações regionais e locais. A nossa plataforma ajuda os clientes a otimizarem o seu o negócio digital, com insights únicos do comportamento dos utilizadores finais.

Qual a estratégia de internacionalização da empresa para o sul da Europa?
Procuramos mercados em grande expansão e regiões com um investimento importante na banca digital. A primeira novidade será a nossa estratégia “Channel First”, na qual os nossos parceiros serão o nosso braço direito e uma extensão das nossas equipas de negócio e customer success. Acreditamos que o nosso sucesso passa por parcerias estratégicas, onde a mais valia é dada no triângulo Cliente/Parceiro/LOQR.

Neste sentido, procuramos regiões com foco nos mercados com os quais temos uma aproximação cultural: por exemplo, no Sul da Europa, onde se concentram seis dos 10 grupos bancários mais importantes da Europa, assim como 44% dos assets europeus.

O apoio do nosso canal também será chave para o desenvolvimento e aceleração no negócio noutras regiões chave além das fronteiras europeias.

“As instituições financeiras sabem que a guerra comercial no setor é importante e a experiência do utilizador é chave para a sobrevivência da entidade num contexto de consolidação do setor”.

Nos últimos anos, a banca dita tradicional viu-se confrontada com uma transformação enorme quer com o aparecimento das fintech, quer também com as criptomoedas, por exemplo. Regra geral, a banca está a conseguir acompanhar positivamente estes fenómenos?
Na realidade, a transformação digital e dos modelos de consumo está a decorrer em vários sectores da economia. Neste momento, o acesso aos serviços tem de ser quase instantâneo e a banca tradicional está em plena transformação para um serviço mais focado ao cliente.

O aparecimento das fintech e dos neobancos traz consigo novos modelos de comercialização e de engagement do cliente: muito mais digital, com otimização dos modelos de negócio. Basta ver como atualmente pode ser aberta uma conta ou contratar novos serviços sem sair de casa, em questão de minutos, quando isto era praticamente impensável há poucos anos! No entanto, os atores da banca tradicional têm diferentes velocidades e níveis de maturidade digital, que se traduzem em diferentes apetites pela inovação.

Francisco González, antigo presidente do BBVA, disse em 2015 que a organização deixaria de parecer-se a um banco tradicional para assemelhar-se a uma empresa de software. É interessante ver como passaram 7 anos desde que esta frase foi proferida e ainda temos outras organizações com limitadas funcionalidades online.

O panorama atual mostra-nos algumas organizações bancárias com uma velocidade e maturidade muito elevadas, com processos inovadores e foco no cliente. Depois temos um segundo grupo de instituições que estão ainda a adaptar-se ao mundo digital, forçando esta transformação em cima de processos do mundo bancário de balcão

As instituições financeiras sabem que a guerra comercial no setor é importante e a experiência do utilizador é chave para a sobrevivência da entidade num contexto de consolidação do setor.

Como está a tecnologia a mudar os serviços financeiros e quais os desafios?
A tecnologia está a ajudar em todos os âmbitos da vida numa instituição financeira: desde a otimização de processos até ao desenvolvimento de novos produtos ou serviços, passando pela cibersegurança, entre outros. O maior desafio atual é, sem dúvida nenhuma, saber como manter o equilíbrio entre a segurança, o negócio e compliance requirements. As necessidades do negócio deveriam ser o vetor de crescimento das instituições financeiras, feito duma forma segura, em conformidade com as regulações locais ou regionais.

Qual tem sido o contributo da inteligência artificial, da robótica e do machine learning para banca tradicional?
A inteligência artificial e o machine learning também estão presentes em muitos aspetos na vida das instituições financeiras. Por exemplo, na cibersegurança (deteção e prevenção de ataques em tempo real ou automatização de respostas), na deteção de fraude, na gestão de ativos (benchmarks ou análise de fluxos de capitais), na banca comercial (recomendações comerciais ou redução de pagamentos bloqueados), na banca de investimento, e a lista pode continuar.

A aplicação destas tecnologias é uma realidade e a tendência será de terem uma maior presença no futuro próximo.

O que podemos esperar de novidades da LOQR?
A inovação da LOQR vai trazer muitos benefícios para as instituições financeiras, onde a nossa tecnologia será cada vez mais utilizada pelos nossos clientes para aumentarem o seu negócio digital. Queremos trazer mais casos de uso, inovação que traz consigo mais valor, com tecnologia da nossa excelente equipa de engenheiros. Numa perspetiva de negócio, a expansão internacional será o foco nos próximos meses, assim como a nossa consolidação como líderes no mercado.

“Em Portugal, a meta será reforçar a nossa presença no país, aumentando os casos de uso nos nossos clientes atuais e futuros, à medida que vão chegando novos atores ao panorama financeiro nacional”.

Quais as metas da LOQR para Portugal em 2023?
Em Portugal, a meta será reforçar a nossa presença no país, aumentando os casos de uso nos nossos clientes atuais e futuros, à medida que vão chegando novos atores ao panorama financeiro nacional. Portugal continua a ser atrativo para muitas fintech e veremos também a chegada de neobancos, e a nossa meta  é continuar a ser o parceiro de referência destas entidades.

Estaremos também muito focados na expansão do negócio para o mercado europeu. Sendo a LOQR uma empresa portuguesa, consideramos o alargamento das nossas operações na Europa como um crescimento dentro do seu mercado natural, em particular os países do Sul, pela conexão cultural entre estes mercados.

Outro dos fatores mais relevantes é a harmonização legislativa entre os países do Sul da Europa, permitindo uma adaptação mais rápida da nossa solução tecnológica. Acresce ainda o facto de no Sul da Europa estarem localizados os maiores grupos financeiros mundiais, abrindo-nos possibilidades de negócio.

Respostas rápidas:
O maior risco:
O maior risco é não arriscar em novos desafios.
O maior erro: O maior erro é não pensar na superação ou na aprendizagem.
A maior lição: “Will to power: tudo é possível na vida, tendo a vontade como energia primária.”
A maior conquista: Manter uma vida plena e equilibrada.

Comentários

Artigos Relacionados