Pensar como start-up na área digital
A consultora norte-americana McKinsey & Company considera que o México está atrasado na área digital, mas que está a avançar a passos gigantescos para tomar a dianteira no panorama mundial.
Na era da digitalização e da disrupção tecnológica, todas as empresas tradicionais devem preparar-se para concorrer com grandes empresas digitais como a Uber, a Airbnb ou a Spotify, que mudaram o modo como as pessoas se comportam e que representam agora uma forte concorrência para companhias não digitais da área do transporte, hospedagem e música.
“O que se mexe primeiro, agarra com mais força”, afirma Daniel Sujo, partner da McKinsey & Company, especialista em comércio digital, que considera que as empresas tradicionais devem pensar como start-up para ganhar a corrida pela disrupção nas suas indústrias. “Este é um facto que temos observado junto dos nossos clientes, quem chega primeiro causa mais impacto”, explica.
“A questão número um que angustia tanto aos nossos clientes como os empreendedores é o digital”, afirma Sergio Waisser, managing partner da McKinsey no México, em entrevista ao site expanhol Expansión. “Como tornarem-se digitais, como ter uma estratégia de organização com recursos digitais, como concorrer com os novatos são algumas das questões que mais os preocupam”, indica.
A McKinsey & Company é uma consultora estratégica global que se especializou em resolver problemas referentes à administração. Fundada em 1926, tem escritórios em mais de 110 cidades e 11 mil funcionários em todo o mundo. Empresários como Sundar Pichai, CEO da Google e Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, trabalharam na consultora.
Retalho e telecomunicações ganham campo no digital
Relativamente à digitalização, há indústrias que mudaram completamente, como a das viagens, explica Waisser. Seguem-se o retalho e as telecomunicações como as áreas que estão a dar passos de gigante.
“Noutras indústrias há grandes empresas que querem criar as suas próprias disrupções, mas ao seu ritmo, pelo que inovam, mas de vagar”, explica o analista de 45 anos. Neste caso, encontram-se a banca, seguros e instituições financeiras, que ainda não encontram nos empreendedores uma ameaça fulminante.
No entanto, algumas das indústrias que maiores benefícios poderiam obter de uma estratégia de digitalização a nível operativo, são as que se encontram no fundo da lista de adoção de tecnologias, como a manufatura de materiais básicos. Se estas áreas se juntarem à tendência de big data, internet das coisas (IoT) e machine learning, poderiam conseguir-se fortes poupanças e eficiência no futuro, apontam os especialistas.
O México como jogador global
“O México está atrasado na digitalização em relação aos jogadores globais, mas está a tapar o buraco a passos gigantescos”, assegura Waisser. “Em apenas quatro ou cinco anos, estaremos acima da média global de digitalização”, acrescenta.
De acordo com os especialistas da McKinsey – empresa que opera no México desde 1970 -, o fenómeno que beneficia o país, o chamado leap frogging, defende passar por cima de algumas tendências, para se concentrar diretamente nas que poderão gerar grandes mudanças a nível global.
“No México, deve ser resolvida a questão regulatória, para que o desenvolvimento digital possa completar-se. Uma vez resolvida, o país descolará, graças a essa capacidade de saltar tendências”, considera Sujo.
O que devem fazer as empresas tradicionais?
Como a digitalização é um processo demorado, muitas empresas procuram contratar pessoas jovens, o que não é uma boa solução, avisam os especialistas.
“Contratar 10 ou 15 millennials só por pertencerem a essa geração é um erro”, alerta Sujo. É melhor contratar uma equipa multidisciplinar, que traga forças diferenciadas para o processo.
Na hora de se adaptar a uma tendência, como cloud, big data, IoT ou robótica, é importante procurar a que pode oferecer maior valor e não se agarrar a qualquer uma, embora todas estejam interligadas.
“Há empresários que pensam que pôr todos os seus empregados a voar na nuvem com uma caixa postal da Google é digitalizar-se”, comenta o analista, sugerindo que “a pergunta que na realidade devem fazer a si próprios é: quanto das suas receitas provêm de inovações com mais de cinco anos? Se for um número pequeno, está na hora de pensar em inovar”.
Finalmente, os analistas destacam que um dos grandes desafios que as empresas encontrarão nos próximos cinco anos encontra-se na área do management.
“Calcula-se que 60% das atividades administrativas podem ser automatizadas, pelo que, tanto empresas, como universidades, devem pensar o que se vai acontecer a esses trabalhos que desaparecerão”, conclui Sujo.