Países em desenvolvimento podem ter sucesso a criar empresas de tecnologia

Para empreendedores de países em vias de desenvolvimento criar uma empresa tecnológica pode parecer um sonho inatingível. Mas um empreendedor do Azerbaijão, Farid Ismayilzada, prova que é possível.

Começar um negócio na área tecnológica é sempre uma tarefa difícil em qualquer parte do mundo, mas mais ainda quando se trata de um país pequeno ou em desenvolvimento. Para começar o potencial empreendedor enfrenta muitas vezes duas barreiras intransponíveis: a falta de profissionais qualificados para desenvolver produtos tecnológicos inovadores, assim como a ausência do capital necessário para levar os produtos ao mercado.

O conselho do empreendedor Farid Ismayilzada, que fundou no seu país natal, o Azerbaijão, a GoldenPay, é o seguinte: “Comece um negócio de tecnologia exatamente como viu no mundo desenvolvido. Aumente o negócio adaptando-o às necessidades locais. Transforme-o num negócio de tecnologia internacional, descobrindo um problema global que a sua empresa possa resolver.”

Este empreendedor do Azerbaijão iniciou o seu trajeto nas tecnologias em 2006 ao trazer para o seu país o sistema de pagamentos online que já estava disponível nos EUA e noutros países mais desenvolvidos.

Recebeu algumas críticas no início do projeto, porque o país não tinha tradição em pagamentos eletrónicos. No entanto, quando os utilizadores começaram a perceber a conveniência e a rapidez do serviço GoldenPay, o projeto ganhou fôlego. Farid Ismayilzada desenvolveu a sua empresa adaptando a tecnologia existente noutros mercados às necessidades do seu país e, atualmente, 70% das transações de pagamentos online do Azerbaijão são feitas no GoldenPay.

Este não é caso único. São vários os exemplos de outras empresas que decidiram fazer crescer o negócio adaptando-o às necessidades locais, como a Fenix, uma empresa de energia solar do Uganda. Apercebendo-se que as pessoas nas zonas rurais do país não podiam carregar os seus telemóveis porque viviam em áreas sem eletricidade ou outras fontes de energia, a Fenix criou um pequeno carregador móvel alimentado por energia solar cujas vendas dispararam quase imediatamente. Ao conhecer o mercado local detalhadamente e aprimorando a tecnologia para responder a essas necessidades, a Fenix expandiu o seu negócio sem precisar de desenvolver do zero uma tecnologia dispendiosa.

Ultrapassados os dois primeiros passos – criar um negócio trazendo para o país uma tecnologia até então inexistente e fazer crescer o negócio adaptando-o às necessidades locais específicas – fica apenas a faltar a terceira etapa: tornar o negócio internacional. Para o conseguir é preciso que o negócio passe a responder a uma necessidade global e não apenas local.

Além da empresa de pagamentos eletrónicos, o empreendedor do Azerbaijão também tem outros investimentos. Foi com uma das outras empresas, que desenvolveu um colete de correção de postura  chamado Lia, que Farid Ismayilzada decidiu apostar na internacionalização. O colete tem sensores colocados nas cintas sobre os ombros do dispositivo que, através de uma aplicação, lembram ao utilizador a necessidade de corrigir a postura para evitar a tensão nas costas.

Com esta solução, o empreendedor foi ao encontro de uma necessidade mundial, já que oito em cada dez pessoas desenvolvem problemas nas costas ao longo da sua vida. Só nos Estados Unidos são gastos 50 mil milhões de dólares (44,5 mil milhões de euros) por ano em tratamentos. Porém, os custos indiretos, como a má produtividade ou as faltas ao trabalho, podem alcançar os 150 mil milhões de dólares (133,7 mil milhões de euros) por ano.

A tecnologia que o empreendedor do Azerbaijão desenvolveu para o Lia não é particularmente avançada, mas devidamente aplicada pode responder a uma enorme necessidade global e transformar-se num caso de sucesso proveniente de um país em desenvolvimento.

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