Entrevista/ “Os chatbots, a inteligência artificial e o blockchain são as grandes tendências tecnológicas”

Josep María Raventós, country manager da Sage Portugal

Josep Maria Raventós foi escolhido para liderar a divisão portuguesa da multinacional. O executivo acumulou a tarefa com o cargo de diretor-geral da unidade de negócio de accountants da Sage em Espanha. Em entrevista ao Link To Leaders, o country manager fala dos objetivos estratégicos da Sage para Portugal.

Josep Maria Raventós foi nomeado para o cargo de country manager em Portugal. O responsável passou a gerir o negócio a partir de Espanha. O espanhol mantém as responsabilidades que tem há seis anos como gestor da unidade de negócio de contabilidade em Espanha.

Raventós entrou na Sage Espanha em 2005 depois de trabalhar mais de duas décadas na Logic Control, uma empresa tecnológica catalã que opera atualmente como subsidiária do grupo criado em 1981 pelo britânico David Goldman. É licenciado em Economia pela Universidade de Barcelona e fez formação pós-graduada na ESADE Business & Law School.

Foi nomeado recentemente Country Manager da Sage em Portugal, função que acumula com a de Managing Director da Unidade de Negócio de Accountants da Sage em Espanha. Quais as perspetivas que tem com esta acumulação de funções?
Foi para mim uma honra poder juntar-me a uma equipa de excelentes profissionais e com um enorme potencial. O desempenho da Sage em Portugal tem demonstrado que mesmo nos mercados mais desafiantes é possível obter excelentes resultados e continuar a crescer. Neste novo desafio espero poder contribuir para o excelente posicionamento que a empresa alcançou nos últimos meses e para o contínuo desenvolvimento do negócio no país. Apesar de ser espanhol, considero que sou metade português, pois passei grande parte da minha infância no país e sempre acompanhei de muito perto toda a conjuntura política e económica do mesmo. Domino não só o idioma como também o mercado nacional, fatores que facilitaram a integração na equipa lusa e na função de country manager.

Objetivos estratégicos da Sage para Portugal a médio curto prazo?
A Sage está dividida em diferentes unidades de negócio, sendo as três maiores as Start-ups e Pequenas Empresas (SSB), as PME (SMB), Enterprise Market (EM) e agora a nova unidade de negócio da Sage, os Contabilistas (Accountants). O nosso objetivo passa por continuarmos a desenvolver soluções de gestão inovadoras que correspondam às necessidades de qualquer negócio, independentemente da sua dimensão ou setor, até alcançarmos a posição de liderança em cada um destes segmentos de mercado. Outra grande aposta está no mercado dos contabilistas, para o qual acabámos de lançar a primeira solução desenvolvida especificamente para este target. O novo produto é dedicado aos contabilistas que além de gerirem a contabilidade de outras empresas, têm que gerir o seu próprio negócio.

Full Sage Customers Strategy: atualmente oferecemos soluções que vão ao encontro de 98% do tecido empresarial português. Um dos nossos objetivos é que os nossos clientes façam a gestão completa dos seus negócios com recurso a Software Sage, desde a faturação, ao processamento de salários e à gestão da contabilidade. Temos ferramentas para tal que se adaptam a todo o tipo de empresas e setores de atuação. Estamos a investir cada vez mais nisto, principalmente através da nossa rede de parceiros de negócio que são uma peça fundamental para alcançarmos este objetivo. Dinamizar a nossa rede de Parceiros de Negócios é também uma das nossas prioridades. Pretendemos criar o melhor ecossistema de parceiros do mercado, que seja capaz de desenvolver Soluções Verticais, com base nos nossos produtos.

Queremos ajudar os atuais parceiros a transformarem o seu modelo de negócio, a melhorarem as suas competências, sendo integradores qualificados e certificados. Os nossos parceiros são uma alavanca fundamental no crescimento e sucesso do nosso negócio, não só em Portugal como no resto dos países em que a Sage está presente. A Sage está a crescer a dois dígitos e estamos a desenvolver iniciativas que vão fazer com que o nosso crescimento acelere ainda mais. Estamos confiantes que vamos alcançar excelentes resultados no final deste ano fiscal (outubro 2017), tanto na receita orgânica (OR) como na receita recorrente (RR).

Qual a estratégia que irão adotar para conquistar o mercado dos contabilistas/accountants?
Como referi anteriormente, o mercado dos Contabilistas é uma das grandes apostas estratégicas da Sage em Portugal, na medida em que os Contabilistas têm uma forte capacidade de influência nos seus Clientes. Eles são o novo canal de resellers & referrals. O primeiro passo na conquista deste mercado foi o lançamento de uma solução focada não só nas necessidades reais dos seus Clientes como na dinamização do seu próprio trabalho – o Sage for Accountants. Esta solução desenvolvida por Contabilistas para a nova geração de Contabilistas. É uma ferramenta de gestão integrada que fornece uma única fonte de informação em tempo real e que permite que o Gabinete de Contabilidade aumentar a sua produtividade e melhorar o serviço ao cliente.

Como pensam ajudar as start-ups portuguesas nos seus negócios?
Atualmente, para além do apoio que prestamos através das soluções que desenvolvemos, temos tentado posicionarmo-nos como consultores e parceiros através da nossa área dedicada à produção de conteúdos, que tem como foco também as start-ups. Estes conteúdos são divulgados nas nossas plataformas digitais e lidos assiduamente por alguns dos nossos seguidores, que esperam de nós uma continuidade e inovação constante. Temos dois blogs ativos, sendo o Blog Sage One o que foi criado com base na solução focada nesse segmento, o Sage One. Antes do seu lançamento oficial, testámos o mercado com start-ups reais em duas das maiores incubadoras, que de imediato nos abriram as suas portas por considerarem disruptivo uma empresa com a nossa dimensão estar a expor-se ao mercado desta forma. Após estas sessões, conseguimos ajustar o produto em função do feedback que recebemos dos potenciais clientes. Uma vez que para estas start-ups é muito importante saber a cada momento o dinheiro que entra e que sai, o Sage One contemplou desde o início a gestão de tesouraria como parte integrante.

Quais as iniciativas e/ou soluções que têm previstas lançar no mercado português até ao final do ano?
Em maio deste ano renovámos o nosso portfólio de produtos, com a oferta de três novas soluções de gestão: Sage 50c, Sage 100c e Sage for Accountants. Soluções que vão desde uma simples faturação até soluções para gerir empresas de grande dimensão: Faturação  Contabilidade e ERP.

O Sage 50c é uma Solução de Gestão eficiente e segura, com acesso móvel em qualquer lugar e indicada para pequenas empresas de todos os setores de atividade. O escritório deixa de ser o ponto principal de acesso a informação de negócio e de emissão de faturas, uma vez que ao utilizar o Sage 50c o empresário pode fazê-lo onde quer que esteja com a tecnologia Sage Online Access (SOA). Os dados da empresa estão seguros no escritório, mas toda a atividade empresarial pode ser gerida através de um smartphone ou tablet.

Por sua vez, a Sage 100c é uma Solução de Gestão Integrada para Pequenas e Médias Empresas com necessidade de automatização de processos de negócio das várias áreas e com necessidade de ter uma visão transversal de todo o negócio. Com o Sage 100c é descartada toda a complexidade de implementação e o longo processo de levantamento de necessidades da empresa, e claro, sem o custo associado a estes processos. Dá à empresa uma única versão de realidade a partir das várias equipas, quer seja Contabilidade, Marketing ou Vendas.

Finalmente, a Sage for Accountants é uma solução que tem como objetivo automatizar as tarefas rotineiras e dar tempo aos Contabilistas para se focarem nos seus negócios e nos seus Clientes. Com esta ferramenta, o contabilista vai gerir todas as tarefas do seu gabinete com simplicidade e garantir o cumprimento de todas as questões legais de forma atempada. Esta nova solução vai também permitir ao Contabilista o acesso a toda a informação do seu negócio em qualquer lugar. O Sage for Accountants é uma solução desenhada tanto para pequenos negócios como para grandes Gabinetes de Contabilidade.

Além destes três grandes lançamentos, e no âmbito da entrada em vigor do novo SAF-T, lançámos recentemente o Sage E-Audytor, uma ferramenta cloud que permite a importação de qualquer ficheiro SAF-T, de qualquer software, para teste de estrutura e ajuda no preenchimento mensal do ficheiro por parte das empresas, garantindo que a informação submetida cumpre as regras da legislação em vigor antes do envio à Autoridade Tributária.

A Sage anunciou que o objetivo global passa por crescer a dois dígitos. Quanto preveem crescer no mercado português?
O nosso primeiro semestre (outubro 2016 – março 2017) superou as nossas expetativas em termos de crescimento, o que nos deixou bastantes satisfeitos com a nossa performance e seguros da nossa estratégia de negócio. Em outubro 2017 fechamos o nosso ano fiscal e podemos adiantar que estamos muito confiantes – vamos certamente superar a nossa ambição.

Quais são as grandes tendências tecnológicas para as empresas, PME e start-ups?
Os chatbots, a inteligência artificial e o blockchain são as três grandes tendências tecnológicas a que os empresários devem estar atentos e que irão mudar a forma como estes gerem os seus negócios de 2017 em diante. Mesmo que de uma forma mais ou menos intensiva, a transformação digital dos negócios está a acontecer e para se manterem competitivos os business builders devem estar preparados para agarrar as oportunidades que estas tendências trazem às suas formas de trabalho atuais.

Como vê o ecossistema empreendedor nacional?
O ecossistema português empresarial percorreu um longo caminho nos últimos anos. Graças a um conjunto de fatores, como boas universidades e programas universitários que fomentam o talento e boas infraestrutura que oferecem as ferramentas necessárias para inovar, Portugal tornou-se um país apetecível à formação de novas empresas. Alguns exemplos reais são a escolha da cidade de Lisboa para palco do grande evento tecnológico Web Summit ou, por exemplo, o sucesso da Veniam, uma start-up fundada no Porto que é atualmente uma das mais bem-sucedidas do mundo, estando agora sediada em Silicon Valley, na Califórnia. Os empresários portugueses, principalmente os da geração Millennial, desempenham um papel importantíssimo na nossa economia e estão a moldar os locais de trabalho atuais a um grande ritmo.

Eles rejeitam os padrões de trabalho estabelecidos e tornam a tecnologia útil e indispensável ao seu negócio. Os empreendedores mais jovens olham para os negócios através de uma nova perspectiva e estão dispostos a trabalhar arduamente para o sucesso. Dados que obtivemos num estudo que realizámos no início deste ano, permitiram-nos verificar que otimismo dos empresários portugueses para 2017 é alto e consideram que o seu volume de negócios se vai manter ou crescer durante este ano. Ainda assim, e apesar destas perspetivas favoráveis de crescimento e expansão, existem alguns desafios e fatores que apresentam um impacto nos negócios destes empresários, como a demasiada burocratização e legislação por parte do Estado, o acesso a financiamento e o acesso a mercados internacionais.

Respostas rápidas:
O maior risco:  não tomar decisões difíceis com a rapidez necessária.
O maior erro: ocasionalmente, levar a pressão ao limite.
A melhor ideia: as reuniões de war room com a minha equipa. É permitido dizer tudo por mais disruptivo que possa parecer. De lá saem as melhores iniciativas estratégicas e tácticas.
A maior lição:  a Sage Foundation. É uma verdadeira oportunidade para podermos ajudar quem mais precisa. É fantástico como em apenas algumas horas ou dias, conseguimos marcar a diferença na vida de alguém. Acho que é uma maneira de devolver à sociedade aquilo que nos é dado diariamente.
A maior conquista: a oportunidade de poder trabalhar com uma equipa extremamente profissional, com um enorme talento e altíssimo compromisso.

Comentários

Artigos Relacionados