Entrevista/ “O objetivo da Saphety é ser um player importante na América Latina”

Rui Fontoura lidera a Saphety há sete anos, um percurso que lhe permite analisar o mercado atual e traçar cenários para o futuro.
A empresa do universo Sonae, especialista em soluções para intercâmbio eletrónico de documentos, faturação eletrónica, contratação pública por via eletrónica e sincronização de dados, tem feito uma caminhada de ascensão no mercado nacional mas está atenta a outras geografias. O seu CEO falou ao Link to Leaders dos planos de expansão das operações.
Está há sete anos à frente da Saphety. Que balanço faz?
Foram sete anos intensos, cheios de desafios. Numa primeira fase mais focados na consolidação da oferta e da equipa, depois no crescimento e internacionalização.
Tem uma vasta experiência no campo da liderança, tendo já desempenhado cargos de direção em empresas como a ParaRede, a ParaRede Brasil ou a Softlimits e agora a Saphety… O que mais destaca no seu percurso?
A nossa vida profissional é muitas vezes condicionada por um conjunto de variáveis que não controlamos. A forma como encaramos as mudanças que surgem, a forma como reagimos a elas e, no fundo, as decisões que tomamos nesses momentos, acabam por definir o nosso percurso independentemente da nossa maior ou menor competência profissional. Creio que ao longo da carreira fui sempre conseguindo tomar essas decisões de forma ponderada, e encarando as mudanças e desafios como oportunidades e não ameaças.
Quais os maiores desafios que encontrou pelo caminho?
O maior desafio é começar novamente do zero como se fosse a primeira vez, seja expandir o negócio para uma nova geografia, lançar um novo produto, entrar numa nova empresa. Os maiores desafios têm normalmente um risco elevado de fracasso mas são também aqueles que, quando ultrapassados, proporcionam mais gratificação e resultados.
Qual o core business da Saphety?
É a faturação eletrónica e a troca eletrónica de documentos (SaphetyDoc). Esta é a área que exploramos em todas as geografias em que estamos presentes. Em Portugal atuamos também no e-Procurement, com as soluções SaphetyGov (contratação pública eletrónica) e SaphetyBuy (contratação privada).
Em que área mais tem crescido a empresa?
Na área da faturação eletrónica. Em Portugal aproxima-se a data em que será obrigatório faturar à administração pública por via eletrónica. Na Colômbia, outro país onde temos operação direta, já entrou em vigor a lei que obriga a faturação eletrónica de uma forma transversal a todas as empresas. Estamos, portanto, numa fase em que há uma procura muito elevada das nossas soluções.
Como carateriza o tipo de cliente que procura a Saphety?
A faturação eletrónica é uma necessidade transversal no mercado. Temos por isso todo o tipo de empresas se bem que os projetos mais impactantes estejam ligados a empresas que emitem ou recebem, mensalmente, um número elevado de faturas.
Como tem sido a aposta da empresa na internacionalização? Qual o mercado mais representativo para a Saphety?
Considerando o valor relativamente pequeno do mercado português, a via de crescimento definida pela Saphety foi a internacionalização. Considerando a nossa oferta, a geografia selecionada foi a América Latina. Em 2013 abrimos escritórios na Colômbia e no Brasil. A nossa operação no Brasil está estabilizada e na Colômbia estamos em crescimento, impulsionados também pela nova legislação de faturação eletrónica que referi anteriormente.
Qual o volume de negócios da empresa no ano passado e a área que mais contribuiu para este desempenho?
A empresa registou um nível de encomendas na ordem dos 11M€ tendo a área de Faturação Eletrónica contribuído com mais de 60%.
Quais os objetivos da empresa para este ano?
Consolidar a posição em Portugal como empresa líder nas áreas em que atua e crescer na Colômbia com uma taxa de 2 dígitos.
É fácil ser-se empreendedor em Portugal?
Não é fácil ser empreendedor em nenhum país. Em Portugal, a cultura do empreendedorismo foi durante muitos anos esquecida, sendo nessa altura o objetivo dos jovens encontrarem um emprego para a vida toda. Nos últimos anos assistimos a uma mudança radical nesta cultura. Não é fácil, mas já existem mecanismos que permitem o lançamento de startups pelo menos no setor de IT.
Se pudesse, o que teria feito de diferente na sua carreira?
Provavelmente teria aproveitado os anos inicias da carreira para investir em formação complementar. Os primeiros anos da minha carreira foram muito intensos, estávamos na fase em que as empresas portuguesas começavam a implementar redes de computadores. Muito trabalho e pouco tempo para pensar noutras coisas.
Como vê a Saphety daqui a cinco anos?
O objetivo da Saphety daqui a cinco anos é ser um player importante na área da faturação eletrónica na América Latina. Depois da Colômbia e Brasil, queremos estender a operação para outros países capitalizando a experiência acumulada e o grande potencial de negócio da região.