Opinião

O super poder das competências na atração do talento

Alexandra Andrade, country manager da Adecco Portugal

No dinâmico cenário do mercado de trabalho atual, é essencial adaptarmo-nos às mudanças e inovações que surgem constantemente. Desta forma, uma das tendências mais marcantes é a crescente valorização das soft skills dos candidatos em detrimento das hard skills, este conceito tem vindo a alterar-se ao longo do tempo.

Durante anos, o percurso educacional e profissional foi considerado o principal critério de seleção de talentos. No entanto, especialistas agora apontam para uma mudança de paradigma, sugerindo que o potencial das pessoas deve ser colocado em primeiro plano. A distinção entre competências técnicas e competências interpessoais está ultrapassada. No mundo complexo onde vivemos, o sucesso não pode ser alcançado isoladamente.

Perante este contexto e num ambiente de trabalho cada vez mais competitivo, atrair e fidelizar os melhores talentos é essencial para o sucesso de qualquer organização. Porém, para alcançar esse objetivo, é fundamental que as empresas adotem uma abordagem mais holística na avaliação dos candidatos, em vez de se concentrarem apenas no seu percurso académico ou no nome das prestigiadas empresas anteriores. É também, igualmente, fundamental que considerem as competências e valências específicas que um candidato pode oferecer. Competências como adaptação, comunicação eficaz, empatia, capacidade de resolução de problemas, pensamento crítico, trabalho em equipa e inteligência emocional são fundamentais e promovem o crescimento e desenvolvimento dos colaboradores.

Neste sentido, a contratação baseada em soft skills vai além de uma mera tendência, representa uma mudança essencial na forma como as empresas abordam a atração. Ao priorizar as competências de um candidato sobre o seu histórico educacional ou profissional, as empresas podem garantir que estão a escolher as pessoas que, não só possuem as competências técnicas necessárias, mas também as competências interpessoais para se integrarem bem na cultura organizacional e contribuírem de forma positiva para o sucesso das equipas. Além disso, esta abordagem mais inclusiva permite que pessoas, com experiências diversas e não convencionais, tenham a oportunidade de demonstrar o seu valor. Não é incomum pessoas talentosas serem excluídas do mercado de trabalho devido a circunstâncias fora do seu controlo, como a falta de acesso à educação formal, por exemplo. Quando adotamos uma abordagem baseada em competências, as empresas podem equitativamente avaliar uma ampla variedade de candidatos e promover a diversidade e a inclusão no local de trabalho.

Um exemplo claro desta mudança é a tendência crescente de empresas que eliminam a exigência de diplomas universitários dos seus anúncios de emprego e, em vez disso, estão focadas em identificar candidatos com as competências necessárias para ter sucesso na função. Esta mudança de mentalidade está a ganhar uma maior proporção, o que demonstra o reconhecimento de que os diplomas nem sempre são o melhor indicador do potencial de um candidato.

No entanto, importa salientar que a transição não está a acontecer tão rapidamente quanto deveria, uma vez que muitos anúncios de emprego ainda exigem diplomas universitários, apesar das evidências de que esse critério pode excluir candidatos altamente qualificados. Para acompanhar as mudanças no mercado de trabalho e garantir a obtenção dos melhores talentos, é necessário que as empresas adotem uma abordagem mais ágil e flexível para o recrutamento, caso contrário, correm o risco de perder pessoas que poderão acrescentar valor ao crescimento da sua organização. E, prova disso, é que cerca de 40% dos profissionais de contratação no LinkedIn estão a utilizar os dados de competências para identificar candidatos, o que representa um aumento de 20% ano após ano, sendo que estes têm 60% de maiores probabilidades de preencher uma vaga do que aqueles que não utilizam informações sobre competências.

Assim, de forma geral, a contratação baseada em soft skills é mais do que uma simples tendência, é uma mudança de paradigma que reflete as necessidades do mercado de trabalho moderno. Ao reconhecer e valorizar as competências dos candidatos, as empresas podem construir equipas mais diversas, inclusivas, eficazes e preparadas para enfrentar os desafios do futuro.

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Alexandra Andrade

Alexandra Andrade

Alexandra Andrade é CEO da Adecco Portugal, com mais de 20 anos de experiência na área de Recursos Humanos, é licenciada em Sociologia, com especialização em Criminologia, tem um MBA e é coacher desde 2016. Iniciou a sua carreira em 2002 como Senior Consultant e passou por algumas empresas da área de Recursos Humanos. Em 2008 começou a sua carreira de liderança. Internacionalizou a sua carreira profissional, em 2017, no Grupo Adecco em Espanha como responsável pela marca Spring Professional,... Ler Mais..

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