O que levou a norte-americana Bounce a trocar São Francisco por Lisboa?

Especializada em armazenamento de bagagem, a Bounce deixou para trás Silicon Valley e mudou-se para a Europa em 2020. A escolha recaiu na capital portuguesa e a Sifted conta o porquê da opção da start-up por Lisboa.

Nascida em São Francisco, a start-up Bounce, cujo core business é a oferta de armazenamento de bagagem num vasto de leque de cidades espalhadas por diferentes continentes, reunia todas as condições para se desenvolver nos Estados Unidos, ou não estivesse instalada num ecossistema propício para tal, perto de Silicon Valley, onde estão alguns dos grandes talentos mundiais da tecnologia, bem como a “nata” dos investidores.

Mas estes parecem não ter sido argumentos suficientes para que a Bounce se limitasse às fronteiras norte-americanas já que em 2020, e antes da pandemia começar a impor as primeiras restrições, a start-up deu um salto de continente e instalou-se em Lisboa. Tentar entrar em mercados como França, Reino Unido ou Itália parece ter sido também uma motivação para entrar na Europa, de acordo com a informação fornecida pela Bounce ao portal Sifted.

Mas porquê Lisboa? Cody Candee, fundador e CEO da Bounce, explicou àquele portal que a escolha teve a ver, por um lado, com a realidade da Califórnia e, por outro, pela promessa dos mercados europeus. Ou seja, lembrou as dificuldades de recrutamento em São Francisco, porque, geralmente, o talento não fica muito tempo numa empresa, e porque uma start-up em fase inicial não pode competir por talento com as grandes empresas de tecnologia, referiu.

Conjuntamente com alguns elementos da sua equipa acabou por se instalar em Lisboa em setembro de 2020, cidade conhecida por acolher a Web Summit e por já somar alguns unicórnios.

“É um mercado importante para a Bounce, pois há muitas viagens e turismo aqui”, afirmou o CEO da Bounce à Sifted. “Pensamos que poderíamos aproveitar a onda e tornarmo-nos uma empresa de destaque aqui muito mais do que poderíamos num lugar como São Francisco ou Londres”, acrescentou.

Pelo que revelou, parece também não ter sido difícil convencer a equipa a mudar-se. O bom tempo durante todo o ano, a vibração positiva da cidade e o facto de haver voos diretos para várias cidades dos Estados Unidos parecem ter ajudado à decisão de se instalar em Lisboa.

Cody Candee frisou ainda que atingir o “top 5% dos talentos” também é mais fácil em Lisboa do que em São Francisco ou mesmo em centros europeus maiores como Londres, Berlim ou Paris onde há mais concorrência de grandes empresas”.

Outra das vantagens da cidade, referidas pelo responsável da start-up, prende-se com o facto de ser um ecossistema mais pequeno e unido e onde é mais fácil ligar-se ao mercado e chegar às pessoas.

Quanto ao regime de trabalho adotado, a Bounce é aberta quanto à maneira como os funcionários escolhem trabalhar e não impõe dias de expediente. Alguns estão baseados em Lisboa, outros nos EUA e noutros lugares da Europa. A equipa de suporte da empresa está baseada nas Filipinas.

Ultrapassar os desafios inerentes a uma mudança deste género foi algo que a Bounce também experienciou. O CEO partilhou com a Sifted que, apesar do Governo português ter implementado medidas para atrair empresas estrangeiras, abrir uma empresa em Portugal ainda é complicado, e que conseguir vistos para os funcionários fora da União Europeia é uma luta. Surpreendeu-se, também, com alguns aspetos da lei laboral portuguesa, já que é mais difícil demitir pessoas do que nos Estados Unidos, onde há uma maior proteção para os colaboradores em caso de demissão.

Comentários

Artigos Relacionados