Opinião

O papel e o impacto de um líder de fundo de investimento anjo

Cíntia Mano, CEO da COREangels Internacional

Em 2023, de acordo com o estudo The Stage of European Tech, o investimento em early stage, na Europa, alcançou em média € 4.5 Bi por trimestre, enquanto o later stage, se aproximou dos €10 Bi (por trimestre).

O mesmo estudo estima que hoje sejam 41 mil as start-ups em fase early stage na Europa, às quais devem ser acrescidas 25 mil nos próximos cinco anos. Como garantir que todas estas start-ups terão fôlego financeiro e apoio estratégico para sobreviverem a esta fase inicial?

O investimento anjo pode ser uma das respostas a esta questão, especialmente quando é trabalhado para que seja ampliado e para que se torne uma experiência menos arriscada e mais proveitosa. Em linha com este pensamento, é importante que os investidores anjo e os mentores de start-ups de diferentes países se reúnam para explorar os conceitos de fundos de investimento anjo e para saber como podem impactar seus ecossistemas, enquanto aperfeiçoam as suas carreiras como investidores.

Os fundos que investem em start-ups na fase early stage, nas chamadas rondas pre-seed e seed, são comumente identificados como os “first believers”. O papel dos líderes destes fundos é conectar boas start-ups, que precisam de capital e apoio, a bons investidores, que procuram start-ups para investir o seu dinheiro e mais do que isso: trazem boas oportunidades para os anjos decidirem em que negócios devem investir. Já nos fundos de investimento anjo, são os donos do dinheiro (os anjos) que decidem sobre os seus investimentos.

A título de exemplo, a COREangels International reuniu, em janeiro, participantes de diversos países: Espanha, Angola, Índia, Itália e Polônia, num pequeno grupo, para favorecer a troca de experiências partilhando dores comuns e outras completamente distintas, de acordo com a maturidade de cada mercado. São pessoas, já há alguns anos envolvidas com o ecossistema de inovação da sua cidade ou país, e que já investiram individualmente em alguma(s) start-up(s) e gostariam de intensificar esta atividade. Estão cansadas de ver tantos bons projetos e equipas não avançarem por falta de um capital mínimo. Ouvem regularmente dos empreendedores: “conversei com um fundo de venture capital que me pediu para voltar quando eu tiver determinadas métricas ou daqui a dois anos. Mas o que faço até lá? Como sustento a operação e o crescimento sem recursos?”

Ao liderar um grupo que investe em aproximadamente 20 start-ups, fica claro que estas pessoas geram impactos positivos nos seus ecossistemas, tais como: mais acesso para as start-ups a capital de qualidade, melhores experiências de investimento anjo, com a redução do risco através do investimento em portefólio e da participação ativa dos anjos no apoio às start-ups, capacitação de investidores, que pretendem diversificar os seus ativos e conhecer mais sobre investimentos em start-ups e desenvolvimento de parcerias com outros atores do ecossistema, seja para análise de oportunidades ou para co-investimentos.

Para alguns a atividade de liderar um fundo de investimento anjo abre as portas para uma nova carreira e a oportunidade de tornar-se uma referência no seu ecossistema: tornam-se palestrantes, participam em organizações de fomento ao empreendedorismo e consideram inclusive criar novos fundos, dando início a mais um ciclo de impacto para a inovação.


Cíntia Mano é business angel e está ligada COREangels Internacional. Durante mais de 15 anos, trabalhou em grandes empresas de diferentes indústrias, desde a mineração, às telecomunicações, consultoria estratégica, educação e TI. A oportunidade de se tornar sócia de uma start-up inovadora para uma indústria tradicional levou-a a deixar o mundo corporativo. Começou a ser mentora de outras start-ups, quer a título individual quer integrada em programas de corporate ventures, e a dar conferências em universidades. Foi a partir daí que decidiu investir em start-ups.

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