Entrevista/ “O mercado português tem um ambiente propício à inovação e ao empreendedorismo tecnológico”
“Portugal tem demonstrado um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado por uma comunidade empreendedora vibrante, políticas favoráveis ao investimento e uma infraestrutura digital em constante evolução”, afirma Danilo Santos, CEO na Europa da brasileira Numen, que chegou ao nosso país em 2023 com o objetivo de apostar na internacionalização para a Europa.
A Numen, empresa brasileira de consultoria em tecnologia, arrancou com a sua internacionalização para a Europa através das operações em Portugal. A sede da empresa está em Lisboa e pretende funcionar como um centro nearshore para responder a clientes na Europa.
Apesar de contar já com uma dezena de colaboradores no mercado português, a tecnológica prevê realizar mais contratações de perfis técnicos. No entanto, neste momento, “o foco é reforçar o departamento comercial”, afirma Danilo Santos, CEO na Europa da empresa que está atualmente envolvida em diversos projetos para clientes como Johnson & Johnson, Kenvue e Mars.
“Ajudamos os nossos clientes na gestão de projetos de TI, integração de sistemas, implementação e rollout de aplicações e migração do SAP ECC para SAP S/4HANA. Também estamos a desenvolver internamente casos de uso inovadores, utilizando Generative AI para gerar valor nos negócios dos nossos clientes. A nossa ideia é ter cada vez mais projetos nessa área”, explica ainda Danilo Santos, revelando que a empresa, que já está presente nos EUA e que emprega mais de 650 pessoas, “no futuro, pode continuar a expandir para novos mercados na Europa, como o Reino Unido”.
O que levou a Numen a escolher Portugal para se estabelecer? Quais os fatores que mais pesaram?
A Numen escolheu Portugal pois consideramos que tem uma localização estratégica na Europa, permitindo aproveitar a proximidade geográfica e o fuso-horário para responder melhor aos nossos clientes europeus. Além disso, possui uma base sólida de talentos tecnológicos, incentivos ao empreendedorismo, alinhamento na perspetiva de inovação e, claro, também pela proximidade cultural com o Brasil.
Quais os objetivos da empresa para o mercado nacional?
Os objetivos da Numen para o mercado nacional incluem estabelecer parcerias estratégicas, oferecer soluções inovadoras em tecnologia e fornecer um apoio excecional aos clientes portugueses. Neste momento já estamos conectados com algumas organizações chave em Portugal, como a GUSP (Associação de Utilizadores SAP em Portugal) e o WTC Business Club.
“Neste momento, estamos a investir no nosso departamento comercial, para impulsionar as nossas iniciativas de vendas e também o crescimento da empresa”.
Quantas pessoas preveem contratar até ao final do ano para trabalhar a partir de Portugal na Numen e para que funções?
O número de contratações pode variar dependendo do desenvolvimento dos projetos e dos pedidos dos clientes, portanto não temos um número definido. Neste momento, estamos a investir no nosso departamento comercial, para impulsionar as nossas iniciativas de vendas e também o crescimento da empresa. Também estão no nosso radar contratações técnicas e de gestão para reforçar a nossa equipa de consultoria.
Quais as competências que a Numen mais prioriza?
Em relação a competências técnicas, damos prioridade a conhecimentos em tecnologia da informação e negócios, plataforma SAP, inteligência de dados e design. Atualmente, temos uma equipa multidisciplinar com arquitetos em SAP, especialistas em processos de negócio (outbound, inbound e finanças), User Experience Design, Business Intelligence e gestores de projeto de tecnologia.
Em relação a soft skills, é fundamental possuir boa capacidade de comunicação, colaboração e trabalho em equipa, pensamento crítico e estar alinhado com os nossos valores.
Quais os projetos que neste momento têm em mãos em Portugal?
Estamos envolvidos em diversos projetos para clientes como Johnson & Johnson, Kenvue e Mars em Portugal. Ajudamos os clientes na gestão de projetos de TI, integração de sistemas, implementação e rollout de aplicações e migração do SAP ECC para SAP S/4HANA. Também estamos a desenvolver internamente casos de uso inovadores utilizando Generative AI para gerar valor nos negócios dos clientes. A nossa ideia é ter cada vez mais projetos nessa área.
“No mercado português, os nossos serviços mais requisitados estão relacionados com a escassez global de mão de obra no mercado de tecnologia, onde faltam recursos com muita experiência”.
Quais os serviços mais requisitados no mercado português?
Os serviços mais requisitados estão relacionados com a escassez global de mão de obra no mercado de tecnologia, onde faltam recursos com muita experiência. Em termos de plataforma tecnológica, vemos uma procura muito crescente em SAP e cloud, e um aumento expressivo de interesse dos nossos clientes nos assuntos relacionados com os dados e inteligência artificial.
Para já estão sediados em Lisboa, há previsões para terem presença física noutras cidades portuguesas?
Até ao momento, a Numen está sediada em Lisboa. No entanto, podemos considerar expandir para outras cidades portuguesas no futuro, dependendo das oportunidades de negócio, do nosso crescimento e de onde se encontram os nossos colaboradores e clientes.
Como olha para o mercado português?
O mercado português tem um ambiente propício à inovação e ao empreendedorismo tecnológico. Portugal tem demonstrado um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado por uma comunidade empreendedora vibrante, políticas favoráveis ao investimento e uma infraestrutura digital em constante evolução.
A geolocalização estratégica de Portugal, como uma ponte entre a Europa, África, oferece oportunidades únicas para empresas que procuram expandir-se internacionalmente. Além disso, o país tem-se destacado em áreas chave, como tecnologia da informação, biotecnologia, energias renováveis e turismo, criando um ambiente diversificado e propício para o crescimento de diversos setores. Iniciativas como a Fábrica de Unicórnios em Lisboa acabam por atrair empresas, investimentos, talentos e ideias, como é o caso da Microsoft, que já anunciou a escolha de Lisboa para a criação de um centro de inovação em inteligência artificial. Estamos muito otimistas em relação ao mercado português e comprometidos em aproveitar as oportunidades que oferece.
Quais os grandes desafios que se colocam às necessidades de transformação digital dos clientes hoje em dia?
Os desafios são multifacetados e complexos. Em primeiro lugar, a disrupção nas cadeias globais de abastecimento, exacerbada pela pandemia de Covid-19, tem destacado a necessidade de maior resiliência e agilidade por parte das empresas. A transformação digital é essencial para ajudar as organizações a adaptarem-se a essas mudanças, otimizando os seus resultados, tomando melhores decisões, aumentando a visibilidade e colaboração com parceiros e fornecedores, e implementando tecnologias como IoT e blockchain para monitorizar e rastrear os produtos em tempo real.
Além disso, encontrar eficiências nos processos de negócios é outro desafio significativo. Muitas empresas enfrentam a pressão de reduzir custos operacionais, ao mesmo tempo em que procuram melhorar a qualidade e a velocidade de entrega de produtos e serviços. A transformação digital pode ajudar nesse aspeto, automatizando tarefas repetitivas, simplificando fluxos de trabalho e capacitando os funcionários com ferramentas e sistemas mais eficazes. Vamos precisar de encontrar a melhor forma de fazer com que o homem e a máquina trabalhem em conjunto, potencializando o que cada um faz de melhor.
Por fim, tomar melhores decisões baseadas em dados é fundamental para o sucesso das empresas na era digital. No entanto, muitas organizações enfrentam desafios no que diz respeito à interpretação de grandes volumes de dados. A tecnologia pode ajudar as empresas a superar esses desafios, implementando soluções de análise avançada, IA e machine learning para extrair insights valiosos dos dados e tomar decisões estratégicas mais informadas e orientadas por dados.
O que tem contribuído para o crescimento da Numen?
O nosso crescimento tem sido impulsionado pelo compromisso com o sucesso do cliente e a capacidade das nossas pessoas em oferecer soluções adequadas e inovadoras. A nossa cultura corporativa é centrada na excelência, na colaboração, no respeito e confiança que temos uns nos outros.
“No futuro, para reforçar a internacionalização, a Numen pode continuar a expandir para novos mercados na Europa, como o Reino Unido”.
Que outros planos têm para reforçar a internacionalização da Numen?
Neste momento estamos focados em Portugal e queremos que a nossa presença local passe a funcionar como um centro nearshore para responder a clientes na Europa. No futuro, para reforçar a internacionalização, podemos continuar a expandir para novos mercados na Europa, como o Reino Unido.
Planos para o futuro da Numen?
Num mundo com a abundância de informação como vivemos, o que falta às pessoas é tempo para acompanhar as novidades e atenção para o que realmente importa. Queremos ajudar os clientes a navegar pelas informações do seu negócio mais facilmente, encontrar novas perspetivas e formas criativas para gerar valor aos seus clientes, para que possam utilizar as novas tecnologias de inteligência artificial para tomarem melhores decisões de uma forma prática e que faça sentido.
Respostas rápidas:
Maior risco: a instabilidade económica mundial e a redução dos investimentos em tecnologia.
Maior erro: errar sem reflexão não gera aprendizagem.
Maior lição: como já dizia Peter Drucker: “a melhor forma de prever o futuro é criá-lo”.
Maior conquista: criar uma empresa em que as pessoas tenham o sonho de trabalhar.