Opinião

“O BOU Market é para a maioria das marcas a porta de entrada no digital”

Rita Bastos e Manuel Laranjo, fundadores do BOU Market

O BOU Market é um mercado online que concentra marcas e lojas independentes e portuguesas com produções limitadas. Os jovens empreendedores Miguel Laranjo e Rita Bastos são os mentores do projeto, que querem internacionalizar, numa primeira fase, para Espanha. Procurar investidores, “para impulsionar ainda mais o negócio”, é outro dos objetivos.

“Queremos dar início à internacionalização do BOU Market“, revelam os dois fundadores do marketplace em entrevista ao Link To Leaders, um jovem casal de empreendedores que criou o projeto depois de constatar a ausência de uma plataforma que agregasse marcas portuguesas e lojas independentes com produções limitadas  e com qualidade e exclusividade nos seus produtos. Há cerca de um ano puseram mãos à obra e lançaram uma plataforma que quer ser o maior e mais prestigiado mercado online de marcas portuguesas boutique”, explicam.

Atualmente com 800 marcas registadas e sete categorias de produtos, espera daqui a um ano ter a nova plataforma totalmente desenvolvida, com mais de 1000 marcas nacionais registadas.

Manuel Laranjo (M.L.): Um ano depois do lançamento, o BOU Market já atingiu o patamar que queria?
O primeiro ano é sempre desafiante, mas podemos dizer que o nosso balanço é bastante positivo. Em 2021, começámos este projeto do zero, a angariar marcas quando apenas tínhamos uma “Landing page”. Acabámos por lançar o projeto ao público com 212 marcas e, atualmente, temos mais de 800.

Em 2022, focamo-nos na ativação e melhoria das marcas que já estavam na plataforma e não tanto na angariação de novas. Nesse sentido, abrimos duas novas categorias de produtos, Lar Doce Lar e Bem-Estar, o que nos permite disponibilizar sete categorias e mais de 10 mil produtos com alma. Sabemos que estamos num bom caminho e queremos continuar a trabalhar para apoiar marcas portuguesas que se queiram afirmar no canal digital, bem como melhorar a experiência dos lojistas que fazem parte do BOU e dos clientes.
Nesse sentido, este ano, começámos a trabalhar no desenvolvimento de uma nova plataforma, uma plataforma mais robusta e toda pensada por nós, para estar mais bem preparada para os desafios que vamos ter pela frente para alcançarmos os nossos objetivos.

“(…) o nosso principal objetivo é ser o maior e mais prestigiado mercado online de marcas portuguesas boutique”.

O BOU Market assume-se como “uma comunidade de marcas boutique que oferece um mercado online com produtos extraordinários de marcas que se preocupam com todo o detalhe dos seus produtos”. Esse é vosso caracter distintivo?
Rita Bastos (R.B.): O BOU Market é, como gostamos de lhe chamar, uma “comunidade de empreendedores e lojistas com alma”, cujo objetivo é fazer crescer os seus negócios e, assim, potenciar as suas vendas. Trata-se de um mercado online que surgiu com o intuito de concentrar marcas e lojas independentes e portuguesas que tenham produções limitadas, primando, por isso, pela qualidade e exclusividade dos seus produtos, pensando nos pormenores de cada um.

Enquanto marketplace, o nosso principal objetivo é ser o maior e mais prestigiado mercado online de marcas portuguesas boutique. Pretendemos dar palco e voz aos lojistas, transmitir a sua visão e ambição, enfatizando as suas especificidades enquanto marcas boutique com alma.

O vosso objetivo é tornar a plataforma “no maior marketplace de marcas nacionais”. Que desafios têm enfrentado nesse caminho?
R.B.:
Tem sido um caminho com muitas conquistas e com muitos desafios. No espaço de um ano conseguimos ser o maior mercado online de marcas portuguesas com alma. Contudo, ainda não estamos onde pretendemos estar, uma vez que, com o desenvolvimento do negócio, fomos começando a sentir as “famosas” dores de crescimento. Nomeadamente em termos tecnológicos e, por isso, tivemos de antecipar o desenvolvimento de uma plataforma nova.

Nesse sentido, o desenvolvimento da nova plataforma tem sido o nosso principal desafio, mas temos a vantagem de termos aprendido com os erros da plataforma atual, com o feedback das marcas e com os inputs dos clientes. Por outro lado, como qualquer empresa/marca recente, tem sido desafiante conseguirmos chamar a atenção dos consumidores.

Quantas marcas portuguesas estão atualmente presentes na plataforma?
M.L.:
Atualmente, a plataforma tem mais de 800 marcas registadas e sete categorias de produtos: Moda, Criança, Gifts, Gourmet, Biju & Jóias, Lar Doce Lar e Bem Estar). Nestas categorias, os segmentos que registam maiores vendas são Criança e Gifts (presentes personalizados), sendo que o Gourmet também começa a ganhar algum destaque.

“(…) o BOU Market é para a maioria das marcas a porta de entrada no digital”.

Numa altura em que quase todas as marcas apostam no ecommerce, quais as vantagens de estar no vosso marketplace?
M.L.:
Permitimos que as lojas tenham um palco no digital e prestamos-lhes todo o apoio necessário para este fim. No fundo, além de ajudarmos a dar visibilidade às marcas e produtos, também facilitamos o processo de compra e venda para evitar que tenham preocupações adicionais. Além disso, a plataforma proporciona aos clientes uma experiência de compra simples, intuitiva e acessível, apresentando-se, assim, como uma mais-valia para as marcas. Contudo, pensamos que o segredo está na nossa proximidade com as marcas. Isto porque o BOU Market é para a maioria das marcas a porta de entrada para no digital.

Como surgiu este projeto?
R.B.:
A ideia surgiu em plena pandemia, enquanto nos preparávamos para receber o nosso primeiro filho, o Zé Maria. Com as lojas todas fechadas, e sem previsão para data de abertura, não tivemos outra alternativa senão a de comprar tudo online. Perante este cenário, deparámo-nos com muitas marcas com produtos à venda apenas em redes sociais e a usarem transferência bancária como método de pagamento e, nesse sentido, sentimos falta de uma plataforma que agrupasse todas as marcas do nosso interesse e, portanto, que tornasse tudo menos disperso e confuso.

O BOU Market surgiu, por isso, com o intuito de concentrar numa só plataforma todas as marcas portuguesas e lojas independentes com produções limitadas e que trazem qualidade e exclusividade aos seus produtos. No fundo, surgimos com o intuito de dar palco e voz a estes empreendedores, criando uma comunidade que se ajuda mutuamente a crescer e a potenciar vendas.

Qual a vossa área de formação?
M.L.:
A Rita licenciou-se em Hospitality Management na Les Roches Marbella International School of Hotel Management. Eu licenciei-me em Business and Administration, na Universidade Católica de Lisboa, e sou mestre em Gestão pela IE Business School, em Madrid.

“Após o lançamento da nova plataforma, vamos muito provavelmente procurar investidores para impulsionar ainda mais o negócio”.

Lançaram o projeto com capitais próprios ou tiveram investidores?
M.L.:
Lançámos o BOU Market com capitais próprios. Contudo, após o lançamento da nova plataforma, vamos muito provavelmente procurar investidores para impulsionar ainda mais o negócio.

Qual o modelo de negócio do BOU Market?
R.B.:
Rege-se pela cobrança de uma comissão de 17% sobre o valor total de venda, não existindo qualquer outra comissão escondida ou custo fixo. Isto é: para integrarem a plataforma e começarem a vender os seus produtos, as marcas só têm de se registar, sem qualquer custo associado. Neste sentido, diferenciamo-nos dos restantes marketplaces por termos o pagamento desta comissão de 17 % pelo valor total.

Com tem sido a adesão das marcas/empreendedores portugueses à vossa plataforma?
M.L.:
Aquilo que sentimos é que a comunidade que criámos se tem vindo a fortalecer. Prova disso é conseguirmos, neste curto espaço de tempo, ter 800 negócios a confiar em nós. Todas as marcas que integram o BOU Market têm gosto em fazer parte dele e fazem questão de mencionar que o integram.

No início deste ano fizeram uma parceria comos CTT para tornar os envios expresso mais cómodos e acessíveis. Mais algumas parcerias de negócio em carteira?
R.B.:
A parceria com os CTT surgiu como resultado do nosso objetivo de melhorar a experiência tanto das marcas como dos clientes. Isto porque percebemos que muitas das marcas tinham preços de envio muito altos.

Nesse sentido, estabelecemos uma parceria com os CTT, de forma a proporcionar aos pequenos negócios os mesmos custos de envio que os grandes grupos comerciais têm. Esta parceria é prova de que juntos somos mais fortes, porque só foi possível conseguirmos preços de envio tão competitivos porque negociamos com os CTT como um todo (na altura com 700 marcas).

Com o desenvolvimento da nova plataforma, temos várias parcerias em cima da mesa, todas elas para simplificar e ajudar as marcas a desenvolverem os seus negócios e conseguirmos proporcionar uma experiência ainda melhor aos consumidores.

“Queremos ter a nova plataforma totalmente desenvolvida, com mais de 1000 marcas nacionais registadas”.

Onde gostariam que o BOU Market estivesse daqui a um ano?
R.B.:
Queremos ter a nova plataforma totalmente desenvolvida, com mais de 1000 marcas nacionais registadas. Por outro lado, queremos dar início à internacionalização abrindo o BOU Market Espanha. O que pretendemos é que, tal como acontece em Portugal, o BOU Market Espanha tenha apenas marcas espanholas independentes.

“Estamos também a pensar numa ronda de investimento, pois queremos tornar o BOU Market global, e, como tal, vamos necessitar de capital”.

Quais os projetos em agenda? Melhoria da plataforma, internacionalização, ronda de investimento?
M.L.: Queremos continuar a melhorar a experiência BOU Market e, para isso, estamos neste momento a trabalhar no desenvolvimento tecnológico de uma nova plataforma, 100% pensada e criada de acordo com as necessidades e perspetivas futuras dos clientes e marcas do BOU Market.

Queremos internacionalizar sem nunca esquecer a nossa essência: promover as marcas independentes locais. Nesse sentido, pretendemos diversas geografias do BOU Market, em que em cada uma delas só se encontram marcas independentes dessa comunidade. Estamos também a pensar numa ronda de investimento, pois queremos tornar o BOU Market global, e, como tal, vamos necessitar de capital.

As marcas portuguesas serão sempre o vosso foco?
R.B:
O BOU Market nasceu para dar palco e voz a marcas nacionais, pelo que são o nosso foco. Queremos ser uma comunidade que se ajuda mutuamente e contribuir para o crescimento da história de empreendedores portugueses. Contudo, pretendemos que o BOU Market seja global, sem nunca esquecer a nossa essência de apoiar as marcas independentes locais. Nesse sentido, a internacionalização vai passar por abrir diferentes BOU Markets em diferentes localizações e em cada uma dessas localizações só existirão marcas independentes dessa mesma localização.

Enquanto empreendedores como estão a viver esta fase profissional? O que tem sido mais desafiante na criação e implementação do projeto? 
M.L.: Tem sido muito desafiante e enriquecedor ao mesmo tempo. É um caminho que se faz aprendendo com os erros e motivando com as pequenas conquistas. Enquanto empreendedores, não existem funções fixas – tanto estamos a planear o futuro do BOU Market, como a seguir estamos a dar apoio ao cliente ou a discutir layouts para a próxima campanha e marketing.

Pensamos que o maior desafio seja o tempo. Por vezes, os dias são demasiado curtos para o que precisamos de fazer. Por outro lado, a incerteza também é um grande desafio, pelo facto de não sabermos se estamos a tomar a decisão correta naquele momento. Temos uma grande ambição para o BOU Market e sabemos que temos um grande e desafiante caminho pela frente, mas estamos completamente focados em alcançar o nosso objetivo.

Não pretendemos ser apenas um marketplace, mas sim a empresa mais especial do mundo, que ajuda os empreendedores a criarem e a desenvolverem as suas marcas, ao mesmo tempo que oferece simplicidade e confiança aos consumidores na procura de produtos únicos e muito especiais. Queremos criar um ecossistema digital só de marcas independentes. Queremos ser o primeiro pensamento para qualquer empreendedor que queira lançar uma marca. Queremos ser o primeiro local em que os clientes procuram produtos especiais!

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João Sevilhano, Sócio, Estratégia & Inovação na Way Beyond