No mundo das start-ups, as mulheres não sofrem apenas de discriminação salarial

A discriminação salarial não é único tema que as mulheres devem ter em consideração no mundo laboral.
A existência de diferença salarial entre géneros é um tema de debate recorrente. Em Portugal, dados relativos a 2016, mostram que os homens portugueses recebem mais 17,5% do que as mulheres, o que se traduz numa das disparidades salariais mais acentuadas na Europa.
Seria de esperar que no mundo moderno das start-ups tal não acontecesse – até porque há provas de que os projetos deste género, fundados por mulheres, geram mais dinheiro. No entanto, estas diferenças persistem.
Um estudo levado a cabo pela Carta, uma firma de Silicon Valley que ajuda as start-ups a gerirem a partilha de ações, levou o tema mais longe.
Nesta investigação, onde foram analisados 180 mil colaboradores e empreendedores de seis mil empresas, foi descoberto que por cada dólar (0.85€) que os homens possuem na participação acionista de uma start-up, as mulheres só contam com 47 cêntimos (0.40€).
E isto não acontece apenas em fases específicas do desenvolvimento do negócio. Segundo o estudo, esta condição é transversal a todos os estágios das start-ups.
A participação acionista numa empresa pode ser um fator decisivo para muitos trabalhadores. Ao contrário do que acontece nas grandes empresas, as start-ups em fases embrionárias não conseguem pagar o suficiente para manter os colaboradores motivados, pelo que oferecem uma participação na empresa.
Este método não só é compensa a falta de vencimento, como também é um incentivo para os membros da equipa quererem o sucesso do projeto porque, caso a empresa consiga singrar no mercado, as ações têm o potencial de poder valer fortunas.
No que diz respeito à compensação de ações, o estudo descobriu que, em média, enquanto os homens fundadores têm uma participação de cerca de 1.9 milhões de euros nas start-ups que desenvolveram, as mulheres fundadoras só contam com perto de 730 mil euros.
O rácio de fundadores apresentado no estudo é de seis homens para uma mulher. Segundo os investigadores, as mulheres tendem a juntar-se a um projeto desta natureza mais tarde o que pressupõe uma diminuição na oferta de participação.