Opinião

Se não estiver na agenda… Não existe

Isabel Viegas, professora na Universidade Católica

Estou certa de que todos estaremos de acordo que estabelecer objetivos é a melhor forma para, nas empresas, avançarmos com a concretização de uma estratégia.

Colocamos objetivos para as vendas, para a redução de custos, para contratações, para redução de efetivos, estabelecemos prazos para apresentar relatórios, para comprarmos ou vendermos, sendo que algumas empresas usam este modelo de gestão por objetivos, de forma exemplar.

Eu vivi muitos dos meus anos em empresas que o fizeram ou fazem muito bem, retirando do modelo o facto de ser um excelente acelerador de resultados.

Não entendo, então, porque é tão difícil às empresas colocarem também objetivos que promovam a igualdade de género.

Tenho cada vez mais a convicção de que as boas empresas serão, no futuro, as mais diversas e inclusivas, que representem no seu interior o que é o mercado. E, se o mercado que compra os produtos ou os serviços das empresas, é diverso, feito de Homens e de Mulheres, não entendo como as empresas não avançaram mais cedo (ou ainda…) para ter esta representação no seu seio.

Não é um tema de qualificação: saem Mulheres e Homens das universidades com iguais qualificações. Não é um tema de capacidades: inúmeros estudos disponíveis revelam que as Mulheres performam melhor nalguns domínios e os Homens noutros, pelo que a complementaridade de competências seria o desejável nas organizações, para serem mais completas.

Então, porquê a resistência a equilibrar as empresas do ponto de vista de género?

Como diz uma grande amiga minha, médica, “está tudo no nosso cérebro”, imprinting desde há milénios.  De facto, só pode ser uma questão cultural e quase “civilizacional”…

Então, aqui fica o desfio aos líderes: estabeleçam objetivos para tornar as suas empresas mais diversas, criem um Tableau de Bord de Género, para irem medindo os progressos.

Tal como noutros domínios da gestão, o modelo de gestão por objetivos pode ser um excelente acelerador para a igualdade de género nas organizações.

E coloquem o tema na agenda. Se não estiver nas nossas agendas… não existe.

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Isabel Viegas

Isabel Viegas

Isabel Viegas é atualmente Chief People Officer na Semapa e professora na Católica Lisbon School of Business & Economics. Foi Diretora-Coordenadora de Recursos Humanos do Grupo Santander em Portugal, de 2003 a 2016, bem como Diretora de Recursos Humanos da Jazztel Portugal, entre 1999 e 2003. Anteriormente, desempenhou vários cargos de responsabilidade na Direção de Recursos Humanos da Marconi. É Licenciada em Psicologia e Mestre em Políticas e Gestão de Recursos Humanos (ISCTE). Tem uma vasta experiência no domínio da... Ler Mais..

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