Opinião

More than Green!

Margarida Couto, presidente do GRACE*

Quando – como sucedeu no recente Congresso do GRACE “More than Green” – se juntam na mesma sala muitas centenas de quadros de empresas e de outras organizações para debater temas de sustentabilidade, surgem novos sinais de esperança e de confiança no futuro das organizações que operam no nosso País.

Será que a forma como as empresas olham para os temas da sustentabilidade está a mudar? Será que as empresas que estão mais avançadas na jornada sentem (finalmente!) ser sua responsabilidade arrastar consigo a respetiva cadeia de valor? Será que o facto de as empresas estarem em passos muito diferentes do caminho não as impede de partilhar uma visão comum sobre a direção da jornada? Será, enfim, que apesar das condições macroeconómicas (e geopolíticas) adversas, as empresas conseguem ainda assim fazer jus à máxima de que “é contra o vento que se levanta voo?”

Depois do Congresso, a tentação de responder “sim” a todas estas questões é grande. É um daqueles momentos em que sentimos, no GRACE, que prestamos um melhor serviço ao ecossistema empresarial português se formos e nos comportarmos como otimistas e estivermos errados, do que se formos pessimistas e estivermos certos!

Este Congresso do GRACE pretendia mostrar, com casos reais de empresas que conhecemos do nosso dia-a-dia, que a sustentabilidade de uma organização, qualquer que ela seja, assenta em 3 pilares – o ambiental, o social e o de governança (ESG, no acrónimo de língua inglesa). E que esses pilares – o E, o S e o G – não só não são silos, como não se conseguem sustentar uns sem os outros.

Pretendia fazer compreender que, é sobretudo fruto do estado de emergência climática em que nos encontramos, que o pilar ambiental parece ter mais proeminência. Mas essa proeminência do “E” é posta em contexto quando pensamos na relevância do “S” e do “G. Isto porque, na verdade, querermos “salvar o Planeta” para as Pessoas e por causa delas. E jamais o conseguiremos fazer se não implementarmos, de forma efetiva, sistemas de governo societário que assegurem integridade organizacional e lideranças éticas, aptas a combater todo o tipo de fraude, incluindo o greenwashing – que mais não é do que fraude na disponibilização de informação de sustentabilidade.

E é por isso que é cada vez mais claro que não basta (embora não seja, de todo, pouco!) as empresas adotarem uma estratégia de sustentabilidade – é essencial que essa estratégia assente em sólidas métricas ESG, as quais variam de empresa para empresa, já que dependem, naturalmente, do setor ou indústria da empresa, das geografias em que opera, da extensão da sua cadeia de valor, entre tantos outros fatores.

Se há aprendizagem que fica é a de que, perante tantos desafios (e outras tantas oportunidades), as empresas beneficiam muito em conversar umas com as outras, em aprender umas com as outras, em partilhar visões sobre o futuro, já que serão poucos os desafios de sustentabilidade que qualquer empresa, por grande que seja, conseguirá endereçar sozinha.

Este é seguramente um caminho que se faz melhor em rede e no qual se avança, sempre que conseguimos juntar, na mesma sala, centenas de quadros de empresas para debater temas de sustentabilidade! E a prova de que as coisas estão mesmo a mudar é que é possível juntar cada vez mais pessoas que querem contribuir para esse avanço!

*Em representação da Vieira de Almeida & Associados – Sociedade de Advogados

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Margarida Couto

Margarida Couto

Margarida Couto é licenciada em Direito e pós-graduada em Estudos Europeus, pela Faculdade de Direito da Universidade Católica de Lisboa. Integra a Sociedade de Advogados Vieira de Almeida & Associados (VdA) desde 1988, sendo a sócia que lidera a área de prática de Telecomunicações, Media e Tecnologias da Informação e a área de prática do Terceiro Sector e Economia Social. É a sócia responsável pelo Programa de Pro Bono e de Responsabilidade Social da VdA, presidindo ao Comité Pro Bono... Ler Mais..

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